tag:blogger.com,1999:blog-67123774713800370702024-03-13T07:54:14.960-07:00Gone with the flowjuju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-76845048233652666092013-03-01T10:32:00.000-08:002013-03-01T11:06:13.500-08:00Ao nosso redor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiixJRwdzefUyBwuvWlHdNwbWJBBpAnBmBK9_PQkAeP5EMvmkhCNhEkpfN-RKzcpf3hPBmrC-9DsvFBvZX4ZW1B5OB6NOW6mqEHlyT37UmNLKJdEUC8SpS3eoXIHdOpyIQtTRtqBuweV3w/s1600/pr%C3%A9dio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiixJRwdzefUyBwuvWlHdNwbWJBBpAnBmBK9_PQkAeP5EMvmkhCNhEkpfN-RKzcpf3hPBmrC-9DsvFBvZX4ZW1B5OB6NOW6mqEHlyT37UmNLKJdEUC8SpS3eoXIHdOpyIQtTRtqBuweV3w/s320/pr%C3%A9dio.jpg" width="320" /></a></div>
A<i> segurança dos prédios</i><br />
<span style="font-family: inherit;"><i><br /></i></span>
<br />
<b><span style="font-family: inherit;">
Uma sensação de tensão tomou conta do meu corpo depois da sessão de O Som ao Redor: em frente ao Conjunto Nacional, uma banca de revistas me serviu de refúgio quando desconfiei da moradora de rua que vinha em minha direção, gritando. O filme de Kleber Mendonça Filho faz o espectador sentir medo da própria sombra, e também da dinâmica social brasileira. Por isso, gostaria que esse fosse um post colaborativo </span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">– </span><b><span style="font-family: inherit;">para que os leitores acrescentassem ao texto também as reflexões e conclusões a que chegaram depois de assistir a esse filme que traduz tão bem o Brasil do presente. Começo com minhas considerações, relatadas aqui depois das conversas com a Isa e a Dé, que me acompanharam no cinema, e com o Ivan, que sentou comigo para refletir sobre o assunto (mais uma vez).</span></b><br />
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: inherit;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: inherit;"> ***</span></b><br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><b>A
cena de abertura</b> mostra crianças, adolescentes e empregadas no andar térreo de
um prédio. Enjaulados, este é o lugar onde todos podem brincar com “segurança”.
É nisso que os condomínios residenciais de classe média (todas elas) se
transformaram: refúgio de quem prefere se esconder a se misturar, perpetuando a
dinâmica da diferenciação de classes – “eu sou melhor do que você, por isso
posso me proteger aqui dentro enquanto você passa frio e fome do lado de fora,
seja você (e eu) quem for”. Em segundo plano, um operário solda novas grades no
prédio ao fundo, que provavelmente irão compor outras prisões seguras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><b>Entre
garrafas vazias </b>e cinzeiros cheios, João (o herdeiro) acorda na sala de seu
apartamento ao lado de Sofia. Ambos estão nus e
são acordados pela chegada da empregada </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">– </span><span style="font-family: inherit;">há anos na família </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">–</span><span style="font-family: inherit;"> que nesse dia
levou duas crianças, suas netas, para o trabalho. O jovem patrão corre de mãos dadas
com a nova amiga para o quarto, tentando em vão evitar que eles tenham as
bundas vistas. Há privacidade possível no mundo brasileiro de patrões e
domésticas?</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><b>João
é corretor de seguros</b> e aparece em uma cena tentando vender um apartamento de
um dos prédios da família. A interessada está acompanhada da filha e, após
“apreciar” a vista entupida de prédios, pergunta se pode ganhar um desconto, já
que recentemente uma menina se suicidou ali. Sua cliente diz sentir uma
“energia ruim” no lugar. Assim como todo bom brasileiro, ela tem algum pressentimento/</span>sensação energética <span style="font-family: inherit;">sobre o que aconteceu, mas um desconto amigo
poderia desanuviar o ambiente.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: inherit;"><b>Bia
é a mãe da família </b>que de longe parece perfeita: casada com um homem
aparentemente bem-sucedido, ela tem dois filhos adolescentes bonitos e
saudáveis que fazem aulas particulares de inglês e chinês (afinal eles serão
competidores no futuro), e mora em um bairro de classe média do Recife. No
entanto, não suporta a própria vida, a ponto de transformar o cachorro do
vizinho em principal inimigo – ela não aguenta ouvir seus latidos, mas parece
que, na verdade, o problema é outro: ver a vida passar trancafiada em seu apartamento.
O alívio vem com a ‘massa’ encomendada de um falso entregador de filtros
d’água, que ela fuma em uma cena poética, em que um aspirador de pó é seu
cúmplice. Suas crises, aliás, têm como únicas testemunhas os eletrodomésticos:
ela é atacada pela vizinha que inveja sua vida miserável quando recebe em casa
uma TV de tela plana com muitas polegadas e se apoia na máquina de lavar durante
a centrifugação para se masturbar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><b>Numa
tarde, João se depara</b> com o marido de sua empregada deitado em seu sofá. Por
todo o filme, a sensação é de que o herdeiro do latifundiário dono daquele
bairro é um dos poucos que ainda guardam alguma consciência sobre as injustiças sociais veladas e descaradas que acontecem diariamente à sua volta. Mas a reação dele diante daquele trabalhador negro estirado confortavelmente em sua sala não
engana – João pergunta se o homem sabia o que o avô dele costumava fazer com os
empregados preguiçosos, no que ele próprio responde: “meu avô os chacoalhava
assim, ó”, pegando-o pelos ombros e dando-lhe um chacoalhão. Fica então claro
que também João se encaixa perfeitamente na dinâmica da herança escravocrata
que o Brasil gosta de guardar.<o:p></o:p></span></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: inherit;"><b>A
reunião de condomínio</b> que acontece no andar térreo do prédio de João é um
clássico da classe média brasileira. A principal discussão em pauta: demitir ou
não um porteiro que há mais de uma década trabalha ali, sob o argumento de que
ele já não estaria cumprindo suas tarefas como deveria. Surge então um adolescente também morador do prédio em questão com seu laptop moderno exibindo um vídeo que
mostra o porteiro dormindo durante o expediente. Por seu esforço em delatar o
trabalhador, o menino é premiado com elogios. João mostra ao espectador sensibilidade
em relação ao caso, e sugere que não o demitam por justa causa; desse modo, ele
não deixaria o lugar para onde dedicou parte da vida com uma mão na frente e
outra atrás. Mas logo depois de opinar, João abandona a reunião antes mesmo da
eleição que decidiria sobre o futuro do Zé. Foda-se.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: inherit;"><b>Na cena final do filme,</b> todos os herdeiros do latifundiário dono do bairro se reúnem no salão de festas do prédio onde vive o patriarca para celebrar o aniversário de uma menina, membro da família. Aglomerados na sala, entoam juntos uma canção que, parece, é tradição entre eles. Estão claramente entediados: cantam como se percorressem o caminho da morte – o que mais tarde se revela verdade, supondo que o avô, prestes a ser assassinado, é o símbolo que representa aquela família. Ninguém ali suporta tal tradição, nem mesmo o latifundiário que criou a própria dinâmica familiar, fato que ele confessa na sala de seu apartamento aos seguranças que o convidam para ter com ele uma conversa particular. Ninguém suporta cantar, mas todos cantam. Ninguém suporta a própria vida, mas seguem vivendo. Como mortos-vivos.</span></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgez8tmzx2w2ZJyQgFepY8x4VypPas1Ky8zQ9a0HSIoKlYyBjyn1XQjfBwfB490FG2LJpFFUq4oxS0OI3JUoDz-U1-luWFNw7zWrd2gyIE8FThU-34gAvU7_Fvlez4luaqt79w1uFA2OJQ/s1600/preis%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgez8tmzx2w2ZJyQgFepY8x4VypPas1Ky8zQ9a0HSIoKlYyBjyn1XQjfBwfB490FG2LJpFFUq4oxS0OI3JUoDz-U1-luWFNw7zWrd2gyIE8FThU-34gAvU7_Fvlez4luaqt79w1uFA2OJQ/s320/preis%C3%A3o.jpg" width="320" /></a></div>
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<i> A segurança dos presídios</i></div>
<br />
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<br />juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-40452555059817328052013-01-02T11:57:00.000-08:002013-01-02T12:37:33.046-08:00Não meta a colherFazia algum tempo, a tela do Word estava em branco no meu computador. No dia 5 de novembro de 2012, eu esperava, sozinha em casa, um sinal dos céus para que conseguisse, finalmente, começar a escrever uma reportagem sobre violência psicológica entre casais, que eu deveria entregar em algumas horas. O dia ensolarado e sem vento passava devagar, como se nada estivesse acontecendo no prédio, no bairro, em nenhum lugar da cidade. Eu mudei o computador de lugar, da sala pro quintal, em busca de inspiração. Aquela enrolação toda já começava a me dar sono quando eu ouvi o primeiro grito.<br />
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-VOCÊ É UMA VAGABUNDA QUE NÃO TÁ NEM AÍ. SÓ QUER SABER DELA (assim, caixa alta).</div>
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Prendi a respiração por uns dez segundos. Por susto, mas confesso que foi principalmente a curiosidade sobre a vida alheia que me fez ficar estática, como se de repente eu tivesse me tornado uma testemunha que ninguém pudesse ver no local do crime. Eu não estava na casa da vizinha, de onde vinha o barulho, mas é a vizinha do lado, e os gritos eram claros como se ela morasse aqui dentro.</div>
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<br /></div>
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Desde que me mudei pra esse apê, ouço a mulher gritar com a filha de uns 8 anos, a mãe dela gritar com ela e o cachorro gritar com todo mundo. Eu sempre tento entrar em casa do jeito mais suave possível, porque o cachorro também grita quando ouve o barulho da minha chave na fechadura, e aí alguém grita com ele, etc. Então comentei alguma coisa com o Ivan um dia, que me contou que a tal mulher mora com a mãe e a filha dela e sempre aparece com um cara novo que vem morar aqui com elas. Quando ele me contou isso, confesso que achei estranho. Uma mulher com uma filha pequena que traz os caras com quem namora pra morar com elas e a sogra? Uma mulher que ouve insultos como "vagabunda" e continua permitindo que o cara divida o mesmo teto com ela? Estranho.</div>
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<br /></div>
<div>
-VOCÊ TÁ FALANDO DA MINHA FILHA? O QUE VOCÊ TÁ FALANDO DA MINHA FILHA, SEU FILHO DA PUTA</div>
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Sim, os gritos continuaram. Enquanto ouvia, eu sentia tremer meus dedos. Estava angustiada e ansiosa, e cada vez mais curiosa. Queria saber o que estava acontecendo, por que eles estavam brigando, como seria o desfecho da briga. Quando eu dei por mim, estava em pé em frente a porta da sala, lendo o jornal com um olho enquanto o outro esperava qualquer movimentação. Sim, eu estava à espreita, a três centímetros do olho mágico.</div>
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-EU VOU EMBORA DAQUI, OLHA QUE EU VOU EMBORA (imagina double caps lock)</div>
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"Ele já vai tarde", pensei. E juro que tive vontade de sair de casa naquela hora. Sabe, pegar a sacola ecológica do mercado e fazer a fina que não ouviu nada? Mas eu nunca faria isso, claro, porque já sei que situações de risco me dão crise de riso e, no limite, ataques de gargalhada (quem conhece sabe que é alta) e até incontinência urinária (sim, faço xixi nas calças quando não consigo parar de rir). Então, levando em conta essa possibilidade, eu resolvi continuar atrás da porta, como se estivesse usando roupas camufladas de exército esperando o inimigo escondida na moita.</div>
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<br /></div>
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-EU QUERO QUE VOCÊ VÁ EMBORA! VAI, VAI.</div>
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Ela tirou as palavras - os gritos - da minha boca. A cena que se seguiu foi mais rápida: em menos de cinco segundos, eu, parada atrás da porta, curiosíssima, dei um passo pra trás quando ele, furioso, saiu batendo a porta com uma força de vendaval.</div>
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"Preciso de um copo de água" e "Isso é melhor do que a cena de ação do filme mais foda" passaram pela minha cabeça na hora.</div>
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Era como se, com a briga dos vizinhos, todas as entrevistas que eu fiz - todas as conversas emocionantes com meninas que foram enganadas e machucadas verbalmente por seus companheiros - tivessem virado realidade por um instante. E a adrenalina que substituiu o marasmo intelectual parecia uma solução involuntária instantânea. Mas eu estava nervosa demais pra escrever. Depois que ele saiu, ela continuou berrando e chorando, e eu fiquei completamente aflita, me senti desamparada. A ponto de ligar pra Isa, que por coincidência estava almoçando perto de casa e topou me acompanhar no meu almoço. O Ivan também quis ir.</div>
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Na mesa da Merça, a gente conversou sobre várias coisas da vida, e a Isa falou sobre como ela achava raro ver um casal feliz de verdade que nem a gente, ou que a gente era o casal mais feliz que ela conhecia, ou alguma coisa assim. Normal, porque a Isa é sempre exagerada! Mas nessa hora eu quis falar alguma coisa, dar um contraponto, sei lá. Eu sentia que não era real, mas não consegui falar nada.</div>
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<br /></div>
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Acho que até comentei com a Isa sobre a briga dos vizinhos, mas depois esqueci dela, e tentei focar no meu texto, que não saía. Voltamos do almoço às 16h, e nada de inspiração (eu levo a sério demais esse negócio de inspiração, que preguiça). Quase 17h e o Ivan, em seu primeiro dia de férias, disse que precisava fazer sei lá o que no jornal. "Vai lá, vai lá." Na hora não estranhei o fato de que ele estava de férias e estava indo pro trabalho.</div>
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Fiquei em casa sozinha, relendo os relatos de mulheres que tinham sido traídas, xingadas, humilhadas, etc. </div>
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Cinco horas depois, o Ivan voltou e eu não tinha nem começado o lide. Que inferno. Então recusei o convite pra tomar uma cerveja com os amigos dele e fiquei em casa, sofrendo sozinha sem conseguir escrever e pensando em todas aquelas brigas. "Por que as mulheres que passam por esse tipo de coisa não conseguem sair dessa situação? É tão óbvio que essas relações são destrutivas! E por que raios esses homens não vão viver as vidas deles tranquilamente, sem ter que enganar e nem xingar ninguém de gorda e vagabunda? Get a life!". Eu ficava pensando em como eu não poderia retratar essas meninas como vítimas, porque elas, de alguma maneira, queriam viver aquela situação. Um pouco como a nossa vizinha, que vive aos berros com o namorado dela, mas fora de casa eles estão sempre de mãos dadas com a menininha, filha dela, na melhor imagem da família feliz. "Por quê? Por quê? Por quê???????"</div>
<div>
<br /></div>
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Decidi avisar o Ivan que não ia no bar. Pensar tanto não tinha me feito bem e eu comecei a me sentir febril. Tomei um resfenol (que eu nem sei se é pra isso mesmo) e fui deitar. </div>
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-O QUE É ISSO, SEU FILHO DA PUTA, SEU NOJENTO?????? VAI TOMAR NO MEIO DO SEU CU, SEU CANALHA DE MERDA, COVARDE, NOJENTO. </div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXXFXzdv-jJEBJ1c74d7PehlX371NsGGYJFZwApkaWYryk_874N2Z1gliC0NQ6OnJAAld0Cwp02DkL4uFZCBHPP_ZtZdwYJEnZXPplgw6IytByUsB5VedO8Lhd_6TtnAA8nztq4aCZudQ/s1600/laerte+blog.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="87" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXXFXzdv-jJEBJ1c74d7PehlX371NsGGYJFZwApkaWYryk_874N2Z1gliC0NQ6OnJAAld0Cwp02DkL4uFZCBHPP_ZtZdwYJEnZXPplgw6IytByUsB5VedO8Lhd_6TtnAA8nztq4aCZudQ/s320/laerte+blog.gif" width="320" /></a></div>
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Duas horas depois, mais gritos. Gritos, GRITOS. Mas, dessa vez, eles vinham de dentro do meu quarto.</div>
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juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-74997379171118844622012-06-20T14:07:00.001-07:002012-06-20T14:11:45.000-07:00Você é feliz?<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Estava ontem mesmo em uma mesa de bar
comentando que uma das maiores crises da minha vida (são várias, claro) já não
é mais tão grande assim. Quando comecei o meu primeiro estágio, aos 19 anos, eu
olhava ao meu redor, via pessoas exercendo o mesmo cargo dentro da mesma
empresa fazia pelo menos uns cinco anos, e aquilo me desesperava. Eu achava medíocre,
não entendia como alguém conseguia manter-se equilibrado vivendo uma
rotina sem grandes novidades, convivendo com os mesmos chefes de sempre, com as
mesmas broncas de sempre, e falando mal das mesmas pessoas de sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">As minhas crises eram sérias e, aos 21,
já beiravam o desespero. Depois de três anos, eu percebi que tinha acontecido
comigo aquilo que eu mais desprezava na vida: batia cartão de manhã, carregava
uma bandeja na hora do almoço e esperava o fretado à noite. Foi quando pedi
demissão pela primeira vez, logo depois de sentir vontade real de me jogar pela
janela da empresa. Resolvi me isolar desse mundo onde eu tinha me metido e
viajar por dois anos, fazendo dinheiro sozinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje, seis anos depois, sinto que
consegui lidar melhor com a velocidade das informações e com o tamanho da
janela da vida alheia. São tantas possibilidades que nos chegam via facebook, twitter
e blogs que, para mim, a minha vida sempre seguia um caminho menos
interessante do que o potencial que parecia ter. A sensação era a de que todo
mundo estava vivendo, menos eu. De tão grande, essa paranoia alcançou de
forma natural a minha vida afetiva, e me fazia achar que eu sempre poderia estar com
alguém mais interessante – o que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman explica bem
em seu “Amor Líquido”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de dois anos com um ritmo bem
menos frenético e dependendo mais da força física para viver (na Europa, a bike
foi meio de transporte, que eu usava para chegar no restaurante onde trabalhava
como garçonete e às casas de gente que queria aprender português, quando dava
aulas). Eu deixei de lado o computador e a vida alheia por um bom tempo e
consegui ficar mais calma, focar mais em mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Por isso, quando assisti a <b>All Work All
Play</b>, da empresa de pesquisa Box 1824, entendi duas coisas: sim, somos o que queremos
ser e, não, não existe aquela plenitude, em que quem gosta de escalar passa a
vida escalando, ou quem gosta de pintar consegue viver disso tranquilamente, e atuar
é simples e fácil, basta querer. Não. Independentemente da geração em questão,
o nosso sistema capitalista exige de nós um protocolo: cartão de débito e
crédito na carteira, contas pagas no fim do mês e, finalmente, a fonte do
dinheiro que vai nos possibilitar viver e nos divertir, como sugere o vídeo. Assim
funciona para quem não é herdeiro nesse mundo: temos que trabalhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Nem preciso dizer que acho injusta a
pergunta que abre e fecha o tal vídeo: “O que você está fazendo agora? É algo
que realmente ama?” É como se quem faz parte dessa geração tivesse todas as
possibilidades do mundo, e se não faz o que quer, é porque não quer. Então
depois de ver que todo mundo está feliz da vida – pelo menos virtualmente –
todos os dias, ainda somos pressionados para alcançar a tal da felicidade
plena? Essa nós só vamos enxergar quando entendermos que a vida não é feita de plenitude,
mas de altos e baixos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Antes de assistir ao vídeo, eu estava
lendo a entrevista que a atriz Mariana Lima deu nas páginas vermelhas da revista
TPM no ano passado, e a opinião dela sobre os altos e baixos em um casamento - muito cabível, pra mim - pode perfeitamente servir de metáfora para a
vida. Eis o trecho da entrevista que me interessa aqui:</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt; padding: 0cm;">Você continua apaixonada depois
de 12 anos de casamento?</span><span class="apple-converted-space"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"> </span></span></b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><br /><i>
Não. Mas tenho surtos de paixão. Tem uma hora que
fica só "amorzinho", papaizinho, mamãezinha. Depois fica ruim, e cada
um fica num canto. Aí fica bom de novo. Loucamente bom, sexualmente bom. E
começa tudo de novo...<span class="apple-converted-space"> </span></i></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Me parece que a vida obedece o mesmo ciclo. Ontem
à noite, no bar, comentei que estava conseguindo me livrar das crises de achar
que tenho que ser sempre melhor. Parece que finalmente consegui levar uma
vida mais aliviada, um dia de cada vez. E aí hoje eu assisto a um vídeo que vem
me dizer o contrário: “por que você não está lá fora, fazendo o que realmente
quer?” (E o que eu realmente quero? Quem é esse locutor pra me dizer implicitamente
que eu tenho que SABER o que eu quero?). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa empresa de pesquisa está divulgando
o que todos sabemos: hoje em dia há mais possibilidades e mais facilidades,
graças a deus não é mais um bom sinal passar 20 anos trabalhando no mesmo
lugar, e podemos muito bem ter nossos talentos reconhecidos independentemente
da idade – e trabalhar de igual pra igual, e muito harmoniosamente, com quem
tem mais experiência de vida, ou até abrir nosso próprio negócio cedo. Eu mesma
penso direto nisso. Me sinto livre, sim, e isso é legal. Agora, aumentar a
ilusão de que “você” leva uma vida de obrigações enquanto poderia sair por aí
saltando de paraquedas é um pouco desleal. E o cara que editou as imagens desse
vídeo? É feliz? Não acho justo fazer uma pergunta dessas.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjna6hKI91g7y08-HT3jR5a8tFQAVVl5gFpGL7s7xTS9XSBQEphucq_PcEjVuaQGVzS0saF49VwQRbSNKwcVhuPvur7Ly6R-AhV94Y8OmHoYngQ4tobsv6epU8INMWiRf93TwkRBLVQbMk/s1600/housewife.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjna6hKI91g7y08-HT3jR5a8tFQAVVl5gFpGL7s7xTS9XSBQEphucq_PcEjVuaQGVzS0saF49VwQRbSNKwcVhuPvur7Ly6R-AhV94Y8OmHoYngQ4tobsv6epU8INMWiRf93TwkRBLVQbMk/s320/housewife.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Sabe aqueles desenhos das donas de casa felizes do pós guerra? (tipo esse aí de cima?) Aquilo era propaganda. Era propaganda da
vida perfeita, que deveria ser levada, uma promoção daquela conjuntura. Fazendo
esse paralelo, <b>All Work All Play</b> me parece mais do mesmo.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-54887315271344560642012-01-02T14:27:00.000-08:002012-01-02T18:16:54.518-08:00Mergulha, Angélique!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiThVQPFtds4ZrJkf-gbX4KRyKouJyQGx5clObNWaC9__FZNV37qmpo6GAJ3fQ9Dv8t4Iq4-m2BhdFeNJQOgDGAHuZmAzznzmZH5lTcx3T1-heW2o8F1EtyCSKxNer1QClkRgmloLyEOvQ/s1600/romanticoanoninos.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiThVQPFtds4ZrJkf-gbX4KRyKouJyQGx5clObNWaC9__FZNV37qmpo6GAJ3fQ9Dv8t4Iq4-m2BhdFeNJQOgDGAHuZmAzznzmZH5lTcx3T1-heW2o8F1EtyCSKxNer1QClkRgmloLyEOvQ/s320/romanticoanoninos.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5693221115677987922" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcQW1SuRJymkMYsRk6YxgyX5pcONIbyr46oT2AAAMgwrfBK1ijIUDyUeEr6HZPhCA9L2G4T4WxReKE4R4sn4_hNgOfmU-MWZ7XxgEj1N-SitLlXuxeQMtfAC4kPfpxNR4RGWuztosGsgg/s1600/adeus.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcQW1SuRJymkMYsRk6YxgyX5pcONIbyr46oT2AAAMgwrfBK1ijIUDyUeEr6HZPhCA9L2G4T4WxReKE4R4sn4_hNgOfmU-MWZ7XxgEj1N-SitLlXuxeQMtfAC4kPfpxNR4RGWuztosGsgg/s320/adeus.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5693221111497285362" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHtAOlPkkOaOlcPnGttDZ0S4TEWAyVLErCpXI2WEJDgi8gAlJehIFLLUFlB7RaDJTxDA2UHqs63vwIgMxGsdpuVXWsmJWlfbd5Z65wCN4dkiWpTc5SmRCF57KpyMMWTnCRSCuiRZL34DM/s1600/mi+casa%252C+tu....jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHtAOlPkkOaOlcPnGttDZ0S4TEWAyVLErCpXI2WEJDgi8gAlJehIFLLUFlB7RaDJTxDA2UHqs63vwIgMxGsdpuVXWsmJWlfbd5Z65wCN4dkiWpTc5SmRCF57KpyMMWTnCRSCuiRZL34DM/s320/mi+casa%252C+tu....jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5693221107856346018" /></a><br />Primeiro, me senti a própria Camille: ela sabe que encontrou o homem da vida dela, mas fica questionando o coração o tempo todo. Depois, a Angélique me fez ver que, na verdade, eu preciso começar a fazer parte de um grupo tipo o Émotifs Anonymes; é tanto medo que os sentimentos às vezes ficam presos na garganta, sem entender que precisam (e podem) sair de mim.<br /><br />Dos dois filmes, eu saí chorando. Depois de ver <span style="font-style:italic;">Adeus, Primeiro Amor</span> (Mia Hansen-Love), confesso que eu senti uma angústia que nem sabia de onde vinha: as lágrimas que corriam no meu rosto eram de tristeza, mas eu não estava triste. Chorei porque entendi que a Camille (a linda Lola Créton) se forçou a dizer adeus a seu primeiro amor. E daí que quatro anos se passaram, que a menina amadureceu e que vive com o homem que a fez finalmente sentir-se mulher? E daí tudo isso se ela ainda fugiria com aquele moleque, mesmo depois de tanto tempo? <br /><br />Hoje, quando terminou a sessão de <span style="font-style:italic;">Românticos Anônimos</span> (Jean-Pierre Améris), eu também chorei, mas de felicidade (chorar de felicidade no cinema = Émotifs Anonymes urgente pra mim!). E depois de relacionar os dois filmes, que, tirando o fato de serem franceses, não têm nenhuma ligação à primeira vista, entendi que tinha ficado triste à toa.<br /><br />Em <span style="font-style:italic;">Adeus, Primeiro Amor</span>, Camille, ainda adolescente, é deixada pelo namorado que ama, e só depois de quatro anos longe dele consegue se apaixonar de novo. Ela se envolve com um homem mais velho, por quem sente um amor maduro, mas ainda precisa dar o último adeus ao menino que cortou seu coração. <span style="font-style:italic;">Românticos Anônimos</span> é mais leve: conta com graça a história de Angélique (Isabelle Carré), uma mulher tímida que cria chocolates, mas acaba contratada como represente de vendas em uma fábrica (de chocolates!), tamanha dificuldade que tem em se expressar. Ela se envolve quase que por acaso com o novo chefe, que é ainda mais 'émotif'. Os dois têm medo de tudo - e é justamente a semelhança que assusta Angélique: como a união deles poderia um dia dar certo? Não são os opostos que se atraem? Há dois meses, eu percebi que não exatamente...<br /><br />Fiquei triste à toa quando chorei no fim de <span style="font-style:italic;">Adeus, Primeiro Amor</span> porque não entendi, de primeira, que a Camille não quer deixar o primeiro amor ir embora do coração dela por puro medo. Ou não seria mais fácil encarar um relacionamento com um moleque que ela (acha que) já conhece, e com quem sempre vai se sentir à vontade, com aquela leveza de adolescente, do que enfrentar o desconhecido em uma relação madura, que joga na cara dela o tempo todo que ela cresceu?<br /><br />Foto 1: não precisa ter medo, Angélique,<br /><br />Foto2: e não precisa chorar, Camille;<br /><br />Foto 3: tá tudo bem.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-53922036386535445522011-09-21T11:39:00.000-07:002011-09-21T12:47:07.208-07:00E precisa ser normal?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtTV3taeKRvknUXxmVHxpUhODOLg-yFKZXo8g-CVJpjPm7OwBSDds6yfHXXYdSKU82QTfU0vY_-4ktWTOlHYvL2eUb6hNiL4S3_WkoTmpG6fos6m-_M4PsVth1mz-uoVE5j30Jk8IqQwk/s1600/eternal2.jpeg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 208px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtTV3taeKRvknUXxmVHxpUhODOLg-yFKZXo8g-CVJpjPm7OwBSDds6yfHXXYdSKU82QTfU0vY_-4ktWTOlHYvL2eUb6hNiL4S3_WkoTmpG6fos6m-_M4PsVth1mz-uoVE5j30Jk8IqQwk/s320/eternal2.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5654896237393936130" /></a><br />Nem eu entendi por que fui tão sincera numa conversa de mesa de bar, um negócio que poderia ter sido qualquer coisa de romântico, profundo, maior... Mas a infusão de cachaça naquela noite em Salvador me deixou à vontade, como nunca antes com um cara, pra compartilhar uma angústia tão minha. <br /><br />Hoje, faxinando a casa de bonecas (onde vivo atualmente), encontrei no meio de um monte de cadernos e apostilas velhas um texto, escrito à mão, com uma parte de um diálogo entre Clementine e Joel, de <span style="font-style:italic;">Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças</span>, que eu nem me lembrava mais de ter anotado - é da época em que ler roteiros de filmes famosos era hobby, já faz um tempo que não faço isso. <br /><br />Relendo o trecho, eu percebi que a angústia que sinto há algum tempo e que compartilhei no bar do Pelourinho está ligada ao modo como eu - e também a Clementine - penso sobre a vida... <br /><br /><span style="font-weight:bold;">CLEMENTINE:</span><br /><span style="font-style:italic;">My goal, Joel, is to just let it flow through me, do you know what I mean? It's like... There's all these emotions and ideas and they come quick and they change and they leave and they come back in a different form and I think we're all taught we should be consistent. Y' know? You love someone - that's it. Forever. You choose to do something with your life - that's it, that's what you do. It's a sign of maturity to stick with that and see things through. And my feeling is that is how you die, because you stop listening to what is true, and what is true is constantly changing. You know?</span><br /><br />Eu disse pra ele que acho que eu nunca vou ser de uma pessoa só.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-47222472915503749572010-11-27T20:00:00.000-08:002010-11-27T21:57:04.003-08:00É o que parece?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj6zN6LunGCNnCcaWd9rgKDQzYOePY0LB5LM0PHWfkrRSiooyLD0Dqk_JznVVX-3p3w92k15PKOpLrcPkFUfHakXiF7oBwGJEnmPyPrnga1o9sCR2GIoDTWY5r0vPUxo8G2_-kSfjyE5w/s1600/Atrilha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj6zN6LunGCNnCcaWd9rgKDQzYOePY0LB5LM0PHWfkrRSiooyLD0Dqk_JznVVX-3p3w92k15PKOpLrcPkFUfHakXiF7oBwGJEnmPyPrnga1o9sCR2GIoDTWY5r0vPUxo8G2_-kSfjyE5w/s320/Atrilha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5544468614515128402" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8OUggUptiepCsYBc8uhSUtPLLS3JKApiXThRMVsvmBpasEwJTyhS4yq_7WmDb8k6MTxhbMx04H0Jwd9Og3pP5O6n0Yoqr2zH3PJUcuUKLgMgBP0N2PkGVhcFysCcKlqqoSf9ihCtvVU/s1600/Desertinha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8OUggUptiepCsYBc8uhSUtPLLS3JKApiXThRMVsvmBpasEwJTyhS4yq_7WmDb8k6MTxhbMx04H0Jwd9Og3pP5O6n0Yoqr2zH3PJUcuUKLgMgBP0N2PkGVhcFysCcKlqqoSf9ihCtvVU/s320/Desertinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5544468609413268514" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR9bGl_Pdo5xCa2vcoFL5Y1QVlKL5bJte6nCmLUX_WDKcenU8IQwZLtgPvb7jqsbjYgpx6LasgX5hEHW4PmId5UxCOOfRT8wQpPcNWK_HwCLxtXAzGOsyOJI-MJSdXWRZNjmWBb9UsJPs/s1600/eu+e+woyne+na+trilha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR9bGl_Pdo5xCa2vcoFL5Y1QVlKL5bJte6nCmLUX_WDKcenU8IQwZLtgPvb7jqsbjYgpx6LasgX5hEHW4PmId5UxCOOfRT8wQpPcNWK_HwCLxtXAzGOsyOJI-MJSdXWRZNjmWBb9UsJPs/s320/eu+e+woyne+na+trilha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5544468607008861138" /></a><br />Sabe aquela cena de novela tosca em que a mulher abre uma porta misteriosa e pãm! Lá está o marido com outra? "Meu bem, não é o que parece!". O que é então? O que não parece?<br /><br />Claro que a questão fica ainda mais nebulosa quando não há o flagrante. <br /><br />Na quarta-feira, eu conheci um senhor de uns 75 anos, com a cara daquele vovô que tem muita história pra contar, fofo, que soube viver a vida, em uma pousada no alto de um morro do Guaraú, na Juréia, Peruíbe. E naquele momento ele era, para mim, um vovô de 75 anos com muita história pra contar, fofo, que soube viver a vida.<br /><br />Quando nos conhecemos, eu estava prestes a desmaiar, já com os ouvidos tapados, a pressão bem baixa - nada que eu tenha comentado com o dono da pousada, que eu estava entrevistando, e que me apresentou ao velhinho. <br /><br />Mal me cumprimentou, o vovô perguntou se eu já tinha terminado o que fazia lá, que precisava conversar comigo e que então me esperaria lá fora. Nos outros cinco minutos dentro da recepção da pousada não consegui pensar em nada além da conversa que teria com o velhinho, que se hospeda ali há anos para buscar inspiração e escrever. Ele é oftalmologista, fez o primeiro transplante de catarata do Brasil, phD em Toronto em não sei o que e autor de 14 livros.<br /><br />Apressada, fui até a mesa em que o vovô me esperava. Ele pediu para que eu me sentasse ao seu lado, de frente para o mar. Me mostrou um de seus livros. Eu já sabia que ele era médium. Li na capa de um dos que estavam na mesa da recepção o subtítulo 'inspirado pelo espírito X'.<br /><br />Em dois minutos, estava nova. De verdade. A falta de ar passou e eu não me sentia mais fraca. Apesar de ser um pouco tarde, eu ainda pretendia pegar a estrada de terra esburacada que leva à Barra do Una, a praia mais bonita da Juréia. Um casal de senhores donos de um boteco na frente da praia do Guaraú já havia me desanconselhado a fazer a viagem, mas eu não levei a sugestão de deixá-la para o dia seguinte a sério. Então, conheço Woyne Figner e ele me faz ficar sentada por um pouco mais de uma hora - e eu resolvo deixar Barra do Una pro dia seguinte.<br /><br />Esse conjunto de acontecimentos me fez pensar três coisas: que Woyne havia me energizado e curado subitamente, que ele esticou a conversa de propósito para que escurecesse antes de eu colocar o pé na estrada - o que teria me feito escapar da morte, uhu! - e que não era por acaso que eu o havia conhecido ali - e, por isso, o levaria aonde ele quisesse ir comigo.<br /><br />De repente, meu irmão me ligou. A conversa foi ordinária, ele perguntou se tudo estava bem. Depois, se tudo estava bem mesmo. Eu disse que sim, que o único problema era a solidão, mas que a isso eu me havia acostumado. Woyne estava do meu lado, ainda naquela mesa, de frente pro mar. <br /><br />Desliguei. O velhinho então disse que a solidão não seria mais problema pra mim, que me acompanharia, a partir daquele momento, por onde eu fosse pelo Guia Quatro Rodas.<br /><br />Primeira parada: jantar no restaurante mais caro da cidade. Ele já estava meu íntimo, colocava a mão sobre meu ombro como se eu fosse outra velhinha, sua mulher, talvez. Aquilo me incomodou, mas logo passou. Então, ele começou a falar repetidamente que me adorava, que a gente combinava muito, que eu era demais.<br /><br />Estranho.<br /><br />Já era tarde, e ele decidiu dormir na minha pousada em vez de subir o morro àquela hora para chegar à dele. Ok. <br /><br />De manhã, ouço o velho batendo na minha janela, às 8h em ponto. "É aí que dormiu a repórter mais linda do Brasil?" Quis sair e dar uma voadora no peito dele, mas não achei muito conveniente.<br /><br />Tomamos café juntos e eu fui ao trabalho, ele ficou escrevendo. Voltei depois de três horas; ele estava no mesmo lugar, agora com óculos escuros, escrevendo no caderninho que, me havia dito, usava para "redigir quando ouvia". Eu entrei na sala e senti uma energia absurda, foi como se algo tivesse tomado conta de mim. "Você é muito sensível, né?"<br /><br />Medo?<br /><br />Como eu estava diante de alguém com espiritalidade muito desenvolvida (e este assunto me interessa bastante), resolvi deixar a malice dele de lado e tentar aproveitar a amizade de um senhor de 75 anos, que certamente seria muito interessante. O que vivemos depois dava pra roteiro de um daqueles filmes fofos, em que uma garota legal (!) adota um velhinho solitário como amigo e eles ensinam muito um ao outro! Ai, que lindo!<br /><br />Ele foi comigo até a praia do Caramborê, percorrendo uma estrada toda esburacada e enlameada - o carro quase atolou duas vezes -, fez uma trilha defícil, em mata fechada, até a praia da Desertinha (que ele teima em chamar de Escondidinha, para minha irritação profunda) e, no dia seguinte, pegou carona comigo, pela Régis, até São Paulo, onde quase morremos esmagados por vários caminhões, segundo as estatísticas dele. <br /><br />Até agora não entendi por que ele quis vir para São Paulo comigo, já que tinha mais 15 dias de pousada pagos no Guaraú. Ele disse que tinha um casamento - mas por que não foi com o próprio carro? Eu cheguei a pensar que ele me protegia. <br /><br />No último almoço, ele chamou o Figueiredo de mestre (no que eu perguntei, assustada, "o general????"). Depois, começou a falar em "revolução" quando se referia à ditadura (fato que eu demorei a entender... Por um instante, achei que ele se referisse à Revolução de 32). Falou na família como instituição e, já no carro, na volta, muito estressado pelo que as estatísticas dele apontavam como morte certa pra nós ("esse carro pequeno, você alta míope, chuva, noite e pista simples. Isso é alto risco, menina, isso é um absurdo, esse trabalho não é pra você, VOCÊ NÃO VAI MAIS FAZER ISSO"). Pois é, o velho começou a gritar na minha orelha, queria que eu parasse de qualquer maneira no primeiro posto, queria interromper a vigem, dormir em algum lugar.<br /><br />(((Ok, fiz uma pequena omissão. No caminho para a Praia do Caramborê, o velho foi me contando as experiências sexuais dele, pelas quais, não vou negar, me interessei bastante. Falou de sexo como energia, como a coisa mais importante da vida. Falou de como aprendeu sobre o sexo tântrico com amigos indianos enquanto viveu no exterior. Falou em orgasmos de seis horas. Nesse momento, confesso que fiquei interessada/com medo (já que a qualquer comentário que ele fazia encostava a mão na minha perna - e falou sobre as "características férteis do meu corpo". Medo 2.)))<br /><br />De volta à estrada:<br />Ele gritou: "Para aqui, menina!!! Tem um posto aqui". Eu, que como ele disse, sou míope alta, fiz que não vi a entrada. Segui. Ele continuou o sermão reacionário sobre a família e disse, do nada, elevando a voz (jutro por Deus!): E TE DIGO MAIS: É UM ABSURDO, UM A-B-S-U-R-D-O, QUE VOCÊ NÃO MORE COM SEUS PAIS. VOCÊ É SOLTEIRA, DEVERIA ESTAR NA CASA DELES. E, do nada, ele repetia: "Você vai ser minha amiga, né? Você é minha amiga do peito". Medo 3.<br /><br />Não tinha o que fazer, eu seguia pela estrada da morte que nem diabo foge da cruz, mas aquele filho da puta não ia sumir do meu lado nem se eu fosse a 200 por hora. <br /><br />E eu não dizia nada. Só pensava: "Deus, me ajuda a chegar em paz e me livre deste reacionário maluco que cruzou meu caminho". É, de repente, virei católica ultra-praticante.<br /><br />Para distraí-lo e fazê-lo parar de gritar, eu fingi que tinha dúvidas sobre miopia - cheguei a perguntar o que aconteceria se eu tivesse filhos com alguém com oito graus de miopia, por exemplo. Ele disse que seria bem provável que eles tivessem pelo menos 15 graus. E me perguntou por quê. Eu disse que gostava de um menino que tinha oito graus de miopia. Então ele começou a falar que não é com o coração que tenho que escolher um marido, mas com a razão, já que ele possivelmente me abandonaria se eu não pensasse exclusivamente em mim. Eu comecei a discutir com o velho, falei das qualidades do tal menino. Ele disse: "fique esperta que mais cedo ou mais tarde ele cai fora", com essas palavras.<br /><br />Chegamos, nos despedimos com um abraço que ele forçou e eu nunca fiquei tão aliviada, sã e salva em casa, com a sensação de que tudo não havia passado de sonho. E, para desmentir toda a teoria dele, cortei o cabelo, comprei um pó básico, arrumei todo o meu quarto... E o menino não apareceu. Fiquei com mais raiva ainda daquele velho maldito. Ele deve ter sentido as minhas vibrações (!!). <br /><br />A partir daí, na minha cabeça, o menino não queria me atender porque já existia outra mulher (de novo). Até o lugar onde eles se conheceram eu já havia traçado. Mesmo depois de conversar com ele, de ouvir tudo, as palavras do velho não me saíam da cabeça. Do mesmo jeito que, quando conheci o Woyne, decidi que aquele médium seria o meu guia espiritual. E ponto final.<br /><br />Mas, de repente, o espírito que me livraria de todos os males e me elevaria a alma virou um carma; e o menino, que estava dormindo quando tocou o celular, ainda não tinha outra. Ufa.<br /><br />((Foto 1: Trilha que leva da Praia do Caramborê até a Desertinha, na Juréia, Peruíbe))<br /><br />((Foto 2: Praia da Desertinha, depois de 45 minutos em mata fechada))<br /><br />((Foto 3: Eu e o vovô-médium no início da trilha, na volta para a Praia do Caramborê, com a simpática Brisa, cadela de um caseiro que vive ali, e nos acompanhou))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-29248405682087244992010-08-09T20:18:00.001-07:002010-08-09T21:50:44.152-07:00A fuga das magrelas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0SHXsaPk7Nz4cpdr0MnztIpe47L5BtRvINO9yhZx3Fe2bjq4c31eWxsPczPfs4WS4dpcciM7UlxvJ1zppE2koq621TVWEv3V9iKorFK3RIZ-EeahRrw-M9A3f7fkuFtxBcyG7h6oQgHU/s1600/Picture+057.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0SHXsaPk7Nz4cpdr0MnztIpe47L5BtRvINO9yhZx3Fe2bjq4c31eWxsPczPfs4WS4dpcciM7UlxvJ1zppE2koq621TVWEv3V9iKorFK3RIZ-EeahRrw-M9A3f7fkuFtxBcyG7h6oQgHU/s320/Picture+057.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5503635714485859794" /></a><br />Ela fica, o tempo todo, ali na garagem,<br />encostada na vaga de algum carro desconhecido,<br />que a protege mesmo sem saber de quem é.<br /><br />Eu fico, na maior parte do tempo, no meu quarto,<br />deitada na minha cama nova, queen size,<br />que mal chegou e já me fez uma refém qualquer.<br /><br />Às vezes, a gente precisa se encontrar.<br />Eu tenho que fugir do conforto; ela se sente sufocar.<br /><br />Durante o resgate, ela deixa o portão de ferro da garagem:<br />aí, já não sei mais quem queria sair correndo<br />(e quem estava enferrujada)<br />não me lembro quem foi abandonada<br />e a quem (quem) tinha que salvar.<br /><br />Porque, quando estamos juntas, só corro <br /><br />Corro, socorro, corro<br />Rec: recorro, corro, morro<br />Volto, mando, grito<br />Corre!<br />(ela tenta)<br />Corr, corrrrrrrrrr<br />Corre!<br />Corrrr, corrrrrrrrrrr<br />(a corrente arrebenta)<br />Paro, inalo, desvio<br />Ela volta,<br />Corre, socorre, recorre, escorre<br />Corr, corrr<br />Corre, corr, cor(ói).<br /><br />Socorro<br />Só corre<br /><br />Corre!<br /><br />Ela obedece, sai correndo e eu seguro firme.<br />Eu obedeço, saio correndo e ela segura em mim<br /><br />O vento bate forte, depois mais forte, passa por dentro e vai embora.<br />Pronto, tudo volta ao normal.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-10069470823838474182010-07-18T21:48:00.000-07:002010-07-18T23:02:09.038-07:00Manual prático de sobrevivência afetiva<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0_9jtjzK9gLW0kEsYZE64WR4hN_KHOO9kixqWCoRa-recsSWbM0rAbW3OufbFz8OYiDu-GXz8b3vPc9_bQcTBP-SNIc6REho5ASc9f0cEe3sc24kZlZmgMwW6Aw0eUnOpvWrgZ-h5Hag/s1600/Beleleu.htm"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 155px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0_9jtjzK9gLW0kEsYZE64WR4hN_KHOO9kixqWCoRa-recsSWbM0rAbW3OufbFz8OYiDu-GXz8b3vPc9_bQcTBP-SNIc6REho5ASc9f0cEe3sc24kZlZmgMwW6Aw0eUnOpvWrgZ-h5Hag/s320/Beleleu.htm" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5495491865563294882" /></a><br />Eu achei que nunca mais fosse encontrar inspiração para postar de novo neste blog. Afinal, escrever sobre a minha própria vida quando os leitores são pessoas que convivem comigo limita a fantasia, não tem graça. E o lado ridículo da exposição pessoal fica ainda mais escancarado. Mas hoje, dia em que tudo foi pro beleléu, me permito postar aqui dicas para que outras pessoas evitem tal destino (ou para que se saiam bem em situações ambíguas que podem levar a ele). O post, aliás, pode até salvar o blog - antes que ele conheça o ostracismo e vá pra lá também. <br />(Só agora percebo que, se isso acontecer aqui, não haverá esperanças para mais nada.)<br /><br />É recomendável ler cantarolando e depois refletir no banho... E de repente até aumentar a listinha e ajudar pessoas normais a entender gente esquisita!<br /><br />Lá vai (as dicas estão separadas por situações):<br /><br />Na cama: "Preciso te contar uma coisa. Aliás, faz tempo que preciso te falar"<br />Se alguém te disser isso, fuja. Finja enjoo e saia correndo até o banheiro. Depois, tente escapar pela janela.<br /><br />No restaurante: "Sua felicidade me deprime"<br />Ao ouvir essa, chore. Chore mais. Pra ver que não adianta nada tentar mudar as coisas.<br /><br />Por skype: "Não estou apaixonado por ela. Mas posso ficar"<br />Um ótimo exemplo de objetividade. Aprenda com a capacidade alheia.<br /><br />Na balada: "Você está no seu auge. Aliás, está sempre no seu auge". <br />Desconfie das frases que podem ser ditas por qualquer um a qualquer um.<br /><br />Por telefone: "Eu te amo, mas você merece muito mais"<br />Não é demais receber um conselho desses? Ainda mais quando vem da pessoa que te ama! Acredite: você merece coisa melhor (nossa, acho que já posso virar editora dos testes da nova revista Máxima! U-A-U!). <br /><br />To be continued...<br /><br />((Os passarinhos fofos são do pessoal da Revista Beleléu, que também está na revista Trip: revistabeleleu.wordpress.com))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-57556483702140808662010-03-28T19:57:00.000-07:002010-03-29T04:16:12.351-07:00Madadayo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://akirakurosawamovies.com/gallery/d/2758-2/madadayo53.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 550px; height: 311px;" src="http://akirakurosawamovies.com/gallery/d/2758-2/madadayo53.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://i.s8.com.br/images/dvds/cover/img6/225046_4.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 289px; height: 396px;" src="http://i.s8.com.br/images/dvds/cover/img6/225046_4.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Na escuridão da sala da Cinemateca, eu e o meu avô éramos os únicos a cochichar antes do início da sessão de Madadayo.<br /><br />-Pronto, vô! Nem começou e já acabou, vamo embora!! - Foi a minha reação para um problema no início da projeção.<br /><br />Só que, para cochichar com ele, se há de gritar...<br /><br />-EEEEEEIN????<br /><br />...E repetir até que ele entenda e ria da piada, mesmo que já não tenha mais graça (já não tinha mesmo).<br /><br />De risinho com ele ali, esperando o filme começar, eu obviamente não imaginava que estava prestes a considerar, pela primeira vez, o fato de que meu avô um dia também vai estar pronto.<br /><br />Madadayo, ao contrário do que eu pensava antes de ler a sinopse mais profunda que a wikipédia pode oferecer, não tem a ver com samurais. Não tem ação, castelo, nem nada que possa ser facilmente relacionado a um filme dirigido por Akira Kurosawa - mesmo por quem nunca viu nenhum (como eu) e aproveitou os cem anos que ele faria se estivesse vivo para conhecer seu trabalho. Por isso, a última coisa que eu esperava quando entrei na sala de cinema era sair de lá emocionada por conseguir, finalmente, enxergar alguma beleza na morte. <br /><br /> ***<br /><br />Eu, meu irmão e o vô estendemos o cafezinho e o funcionário da Cinemateca teve que vir até a nossa mesa para avisar que a sessão começaria em alguns instantes. Mesmo sabendo que meus pais já estavam lá dentro guardando três bons lugares, eu fiquei agitada e, sem perceber, apertei o passo. O Fernando me fitou com um olhar de reprovação e, com a mão, fez um gesto de "mais devagar". A cena antecipou para mim um sentimento que o filme tornaria claro, mas em que eu e a maioria das pessoas não gosta nem de pensar. Naquela hora, por uns cinco segundos, meus olhos encheram de lágrimas e, apesar dos 92 anos do vô, eu me lembrei que ele um dia também vai ter que responder "Madakai".<br /><br />Claro que eu sei que todo mundo vai morrer, que temos que encarar a morte de um jeito natural e blá blá blá, mas isso já está programado nas nossas mentes: é mecânico pensar que a morte vai acontecer com todo mundo - o que não torna previsível nossa reação diante dela, seja qual for a circunstância, com uma pessoa querida ou com nós mesmos. Naquele momento, naquela fração de minuto em que eu comecei a andar mais devagar, segurei forte a mão dele e pensei que eu tinha sorte por tê-lo ali.<br /><br />Passado esse momento, voltei à realidade: lá dentro, meus pais acenavam da penúltima fileira (são poucas nesta sala), com os nossos lugares reservados. Mas o vô, que confirmou, ao entrar no carro, que o óculos estava no bolso da calça, me confidenciou tê-lo esquecido. Por isso ficamos ali mesmo, na primeira fila. Depois o vô achou o óculos, mas já não dava mais, nossos lugares foram tomados. Tudo bem, ficamos ali juntos, de pescoço meio repuxado até o fim da sessão. <br /><br />Para a minha surpresa, ele não desgrudou os olhos da tela, parecia o moleque de "Cinema Paradiso", fascinado. Quem já assisitiu qualquer coisa mais longa que meia hora comigo sabe que eu sou meio policial do sono e fico na vigia para me certificar de que não estou sozinha - e de que não vai ficar para mim a tarefa de resumir a história (ou desvendá-la sem nenhuma ajuda) mais tarde. Pois nas três vezes que dei uma olhadela de canto para o vô, os olhos dele nem piscavam, tão entretido que estava.<br /><br />Tudo na história do professor de alemão que se aposentou para se dedicar à literatura se relaciona, de alguma maneira, com a vida do vô: desde a tolerância que aumentou com os anos (antes, o Professor Hyakken Uchida, personagem inspirado em história real, não suportava visitas. Depois, chega a pedir para que os amigos ex-alunos não o deixem) até uma grande perda (que no caso de Uchida é representada por um gato) e o desapego pela vida, no melhor sentido da expressão: os problemas deixam de ser obstáculo para serem encarados como só mais um detalhe imperfeito nos fatos que não gera insegurança ou angústia - o contrário do que acontece com os jovens, ansiosos até por não saber por que estamos ansiosos.<br /><br />A calma com que o professor insiste em responder "Madadayo" (ainda não!) à provocação "Madakai" (pronto?) de seus antigos alunos é tão supreendente quanto a chegada do fim. Dormindo, ele volta à infância em sonho e descobre que está enfim "pronto", pronto para ser procurado pelos amiguinhos em um jogo de esconde-esconde, quando uma luz vermelha forte surge de maneira psicodélica no céu. As cores que se fundem com o vermelho transformam a paisagem de tal maneira que, de repente, a morte vira sinônimo de calma e felicidade (da sensação de dever cumprido).<br /><br /> ***<br /><br />Para sair, o vô desceu um lance de quatro degraus com bastante dificuldade, ele não enxergava onde terminava o chão para começar a escada.<br /><br />-Daqui a pouco sou eu! - Ele disse daquele jeito brincalhão.<br />-Madadayo, vô. Madadayo.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-59944874524862739252010-02-21T19:48:00.000-08:002010-02-21T22:03:32.003-08:00"É muito Brasil!"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPlpOlKMf4F_vEn5yRIp5huqD_FUPdkyjpQ-BnYKHozXqOBo6AbZWXrKWPddrXxLJQQJVuP8vsqPPU9_lAaG5y1HzczwgWkrMEvL-ADHDRh9uc_C3zXesfKW_8RXO4UE48dWHTZwYanE0/s1600-h/s%C3%A9.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPlpOlKMf4F_vEn5yRIp5huqD_FUPdkyjpQ-BnYKHozXqOBo6AbZWXrKWPddrXxLJQQJVuP8vsqPPU9_lAaG5y1HzczwgWkrMEvL-ADHDRh9uc_C3zXesfKW_8RXO4UE48dWHTZwYanE0/s320/s%C3%A9.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440940188267235746" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrTV4P0RBLx57f9OA9RpcpYPYJUjyiovJ_E4PrsVsHfn1fROwRyd7EsPPL5ql13cPMCT2sqZwj6blEk5fi-KC_2N4Y17q6DJgJU0MdkHYj8dL1q6osAHpcOsNsoAVULVm1H1h9_ZIXu1Y/s1600-h/100_1208.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrTV4P0RBLx57f9OA9RpcpYPYJUjyiovJ_E4PrsVsHfn1fROwRyd7EsPPL5ql13cPMCT2sqZwj6blEk5fi-KC_2N4Y17q6DJgJU0MdkHYj8dL1q6osAHpcOsNsoAVULVm1H1h9_ZIXu1Y/s320/100_1208.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440940184068557394" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqj1D2KsEfFr8r9Bsz8mqQNcPPFho0kg5DxC1EQ9bFWeCMhgE7q_n_dfMZABoGPqgdqN-tn-UxDw8yLkd3XSGl6NxI9DS9RNhsF-X3w8KFbiZL5kKmP7U7kS4YgwO9Qxra42dt9sYcyQc/s1600-h/100_1225.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqj1D2KsEfFr8r9Bsz8mqQNcPPFho0kg5DxC1EQ9bFWeCMhgE7q_n_dfMZABoGPqgdqN-tn-UxDw8yLkd3XSGl6NxI9DS9RNhsF-X3w8KFbiZL5kKmP7U7kS4YgwO9Qxra42dt9sYcyQc/s320/100_1225.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440940179794310914" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM_otz6_1rfI-TnG3O-ANSGPaPH3iqAnh-ID22rIdy1DjOA-yt6v4aWeIA1r-BWC1_8PkpddNHLpOSh9-Bu9PqJTCxBxLL2wPDOkn1MvL-5phzEo0QcM8V5PoPVkBXa5c4OW6-jpVZkBM/s1600-h/100_1222.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM_otz6_1rfI-TnG3O-ANSGPaPH3iqAnh-ID22rIdy1DjOA-yt6v4aWeIA1r-BWC1_8PkpddNHLpOSh9-Bu9PqJTCxBxLL2wPDOkn1MvL-5phzEo0QcM8V5PoPVkBXa5c4OW6-jpVZkBM/s320/100_1222.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440940177453237826" /></a><br />Se nem eu aguento mais me ouvir falando isso, fico imaginando como meus amigos ainda não desistiram de mim.<br /><br />Amanhã completo duas semanas de Brasil. Não lembro quando foi a primeira vez em que me saiu essa expressão, mas isso muito provavelmente aconteceu ainda no Aeroporto de Guarulhos, minutos depois de aterrisar.<br /><br />Esperei uma hora por minhas malas que nunca apareciam na esteira tosca que emperrava e insistia em jogar o que passava por cima dela nos que a rodeavam. Por exemplo, uma mala retangular marrom sempre caía quando passava por mim, era batata. Mesmo assim, eu nunca estava preparada o suficiente para empurrá-la antes que isso acontecesse. Sempre pisava no pé de uns dois para impedir o acidente com a bagagem alheia. Depois do meu quinto empurrão, da queda de duas malas na parte interna da esteira, de ver um rapazinho pulando lá no meio para resgatá-las e da temporária paralisação do maquinário, como é que eu, já toda derretida, me abanando com o passaporte, não soltaria um "É muito Brasil!"?<br /><br />No primeiro dia, tomei suco de açaí e água de coco com meus pais (o que, by the way, também foi bem Brasil) e depois resolvi acompanhar meu irmão até o trabalho dele, no prédio do Tribunal de Justiça, Centrão. Eu: branca, muito branca, de vestidinho florido, e máquina fotográfica na mão. No caminho, passamos por uma rua evangélica, com dezenas de lojas de roupas e músicas de Deus. Tinha um boteco na esquina. O sol de 35 graus me deu a sensação de estar na praia (uma daquelas farofeiras, bem Brasil também). Depois arrastei a Bel para uma passadinha pela Catedral da Sé e, pasmem, filmei um sanfoneiro que tocava no meio do povão. Devia ser evangélico também (do lado dele, alguém espalhava a brasileira palavra de Deus).<br /><br />Em casa, mal desfiz as malas e enchi uma mochila com toalha, biquini e vestidinhos, a viagem de Carnaval para Ilha do Mel já estava toda programada. Dois dias antes de pegar a estrada, uma barreira cai na Régis e interdita todas as pistas. (Nossa, sério, nem é isso que eu ia dizer que era muito Brasil, mas não é MUITO??). Os jornais aconselharam adiar a viagem, mas nós, brasileiros, não desistimos nunca, não era isso? Um dia antes de ir, meu pai, preocupado, me ligou: "Ju, você viu como tá a Régis, né? Então, faz o seguinte, vai pela Castelo Branco, lembra dela, né? Das viagens para Angatuba?" E eu: "claro, claro". "Então, lembra daquele trecho do postinho policial no quilômetro tal? Então, não vira ali, vai reto e hasdgKDHkjdhkjHJKAhsjkAH (foi assim que o resto da explicação dele soou para mim)". No dia seguinte, minha mãe me liga: "Oi, Ju! Em que estrada vocês estão, o papai quer saber aqui". Eu, cara de pau: "Errr... Na Régis". <br /><br />A teimosia nos custou doze horas de viagem até a Ilha e uns bons momentos esticando as perrrnas fora do carro no meio do trânsito parado, o que rendeu a foto MUITO BRASIL aí de cima.<br /><br />No meio do feriado, a tentativa de sair do nosso cativeiro longínquo (um quarto tipo forno muito brasil com paredes de madeira e várias baratas voadoras dando uns rasantes) para chegar até a balada caiçaríssima foi bem engraçada. Estávamos em dez amigos que, cansados do forninho, decidiram que a tempestade de raios e trovões não nos impediria de dançar um forrózinho bem Brasil. No caminho, a tempestade piorou, os raios estavam refletindo na pontinha dos nossos narizes e chegamos a dar as mãos, com medo do mar que estava ali do lado, no esquema morre-um-morre-todo-mundo. Brasileiro, né? <br /><br />Na balada, um cara que batia na minha cintura, por volta de uns 45, cheio de dreads no cabelo se aproxima com o seguinte papinho (e aquele suor bem Brasil, né?):<br /><br />-Tell me (téu mi)!<br />-Quêêêê????????????????????????? (juro!!!)<br />-Tell me what you want (téu mi uati iu uanti)!<br /><br />Acreditam??????? Que sotaque mais Brasil!!! Eu saí correndo, sem maiores reflexões, entendi que o meu vestidinho verde de listrinhas azuis não combinava com o modelito muito Brasil calça colada e blusinha com barriga de fora das demais meninas. Mas, menos de meia hora depois, eu passava no meio de uma galera de caiçaras quando soltei um grito:<br /><br />-BEEEEEEEL, TO AQUIIII!!!!! - Tá, o meu grito também foi bem Brasil... O que talvez tenha sido determinante para a reação instantânea do negão bonitão do meu lado: "Nossa, pensei que você fosse da gringa". <br /><br />-Eu, da gringa????? Depois de todo aquele samba super Brasil lá da pista????????????<br />Ele tentou corrigir, mas não adiantou. No dia seguinte eu comprei um colar de sementes coloridas que já sei que nunca vou usar na vida, mas me senti um pouco mais Brasil.<br /><br />Uma outra série de coisas engraçadas e muito Brasil aconteceram depois disso, mas eu percebi que as pessoas à minha volta não estavam curtindo muito o jargão e ultimamente eu tenho me policiado antes de colocar o nome do Brasil em vão. Mas ontem eu não consegui. Fui no Tubaína, bar novo (na verdade nem tanto, mas pra mim tudo o que não tem mais de dois anos é novinho em folha!) ali na Haddock Lobo, na altura da minha ex-rua, a Matias Aires. No cardápio, além, claro, de várias tubaínas (pedi a arco-íris de uva, delicinha) tinha coxinha de feijão. Tem coisa mais Brasil?<br /><br />Ontem à noite, a Bel estava no carro de uma amiga na Brigadeiro quando as duas foram abordadas por um louco armado e, ameaçadas, tiveram que sair do carro para ele entrar. Hoje, no telefone, quando ela me acordou para contar o susto, eu, toda sonada, pensei: nossa, que merda, é muito Brasil isso também.<br /><br />FOTO 1: Depois de fotografar os sanfoneiros, queria uma foto muito Brasil de mim também<br /><br />FOTO 2: O fusquinha nem precisava estar atrás da gente para essa foto ser tão Brasil. Afinal, em que outro país se tem o privilégio de fazer novas amizades no meio de uma estrada federal???<br /><br />FOTO 3: Eu em um barquinho bem Brasil, um pouco antes da travessia Ilha do Mel - Pontal do Sul<br /><br />Foto 4: Adoro o Brasil.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-52386799799161196112010-01-28T12:11:00.000-08:002010-01-29T03:22:28.177-08:00Vida longa ao Beleléu!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeuy3A3Op4alQyTw1deYEAhttpya721i9zt6XsvukfPJ1R55Sak63qbCZpdfKEAsSZ8-PR8WUF7i2uUmNp5on01_pCgf35NlvlcLF4lvkeQsR8YN93g_F9dXTJep12wG2ypmf9NUzUCrE/s1600-h/100_1010.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeuy3A3Op4alQyTw1deYEAhttpya721i9zt6XsvukfPJ1R55Sak63qbCZpdfKEAsSZ8-PR8WUF7i2uUmNp5on01_pCgf35NlvlcLF4lvkeQsR8YN93g_F9dXTJep12wG2ypmf9NUzUCrE/s320/100_1010.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431972655594701218" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirV6thqSo2b-ljOA_jdP7uhmVoZ6fXB9QG1sXyulBbaDwMajinonR7svmnDAi7hZpLisispN37ug9FnMwznZ476eV8XXBdci_GSqwtaM5AZrvntGAZL9kmaNSorrnw1AKng7GGu-_DCvg/s1600-h/100_1016.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirV6thqSo2b-ljOA_jdP7uhmVoZ6fXB9QG1sXyulBbaDwMajinonR7svmnDAi7hZpLisispN37ug9FnMwznZ476eV8XXBdci_GSqwtaM5AZrvntGAZL9kmaNSorrnw1AKng7GGu-_DCvg/s320/100_1016.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431972648715036466" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzddGiRnuyCoq7K2XAWzPEe6z-FxJpu-WIOmrNATn5RXokIpS1B5IOlbuoRZ0J5sHVn5vTvDIHvu-OoEIrLI499jtOMA3N2J7h5PqWu4Rjq2G8JPZU2-CRmGXVnsRGJNMT8MiK8QRJUSo/s1600-h/100_1051.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzddGiRnuyCoq7K2XAWzPEe6z-FxJpu-WIOmrNATn5RXokIpS1B5IOlbuoRZ0J5sHVn5vTvDIHvu-OoEIrLI499jtOMA3N2J7h5PqWu4Rjq2G8JPZU2-CRmGXVnsRGJNMT8MiK8QRJUSo/s320/100_1051.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431972646429020226" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVgznPqQuEd7MBFVFS48HRLynZzwSy6SESh1DXjbBVhhfrNINxT6qoCwaBuNXuyXVLg1FmMDdCmpDY1oBoUzv14yUEBC1iuiGaZmBQM_gynKoVaUf3F6_mGsnVhwGNxcUuIpp_Rf27WEY/s1600-h/100_1054.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVgznPqQuEd7MBFVFS48HRLynZzwSy6SESh1DXjbBVhhfrNINxT6qoCwaBuNXuyXVLg1FmMDdCmpDY1oBoUzv14yUEBC1iuiGaZmBQM_gynKoVaUf3F6_mGsnVhwGNxcUuIpp_Rf27WEY/s320/100_1054.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431972640481086114" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqEU-6Afw5O7xqq8_y6wn8dzheY5IiVMR3QndS7dQRZasAABXNkG3LnUjPH0ReY3Ui5ZCB0su3o3Ma7orQo9KtEH4YrUN_DbPfjBFgcS5L28YbAeEiF-0Zy1GjnK7Sr3Dam3YG6KIMgOU/s1600-h/100_1057.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqEU-6Afw5O7xqq8_y6wn8dzheY5IiVMR3QndS7dQRZasAABXNkG3LnUjPH0ReY3Ui5ZCB0su3o3Ma7orQo9KtEH4YrUN_DbPfjBFgcS5L28YbAeEiF-0Zy1GjnK7Sr3Dam3YG6KIMgOU/s320/100_1057.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431972636193932338" /></a><br />Desde que o meu irmão me escreveu no dia 7 de janeiro, meu terceiro dia de viagem pela Europa central e aniversário de 26 anos dele, eu me pego tentando pensar numa maneira de evitar que meu projeto de blog vá pro beleléu.<br /><br />Quando publiquei o que teoricamente foi o meu último post sobre a minha aventura solitária - ainda falta escrever sobre o tenso dia que passei em Auschwitz -, pensadamente escrevi no rodapé: FIM DA MINHA VIAGEM, para ver se causaria reações (e se alguém estava lendo isso aqui).<br /><br />Um ou dois dias depois, li o comentário da Isa, que me fez pensar ainda mais sobre seguir com o Beleléu. Ela sempre foi uma das pessoas que mais me incentivou (para tudo) e, dessa vez, mesmo meio que sem querer, foi de novo determinante (como foi também quando eu estava insegura sobre deixar ou não o Brasil).<br /><br />Em um dos posts, a Ritinha, com quem eu tive a agradável surpresa de (re)encontrar no meio dos comentários desse blog, escreveu que tinha saudades dessa vida de viajante. Por mais simples que possa parecer, o que ela publicou aqui me fez pensar por um tempão sobre um monte de coisas. Afinal, daqui a (muito) pouco, eu também já não serei mais viajante, certo? Não, errado.<br /><br />E foi para mostrar para ela (e pra mim mesma) que a gente pode ter "essa vida de viajante" mesmo em casa, que eu disse que gostaria de escrever um post sobre isso.<br /><br />Depois de um ano e nove meses longe do que eu acreditava ser a "realidade", percebi que enquanto estive fora me senti muito mais livre para viver, em todos os sentidos, do que em meu próprio país. Na Espanha, todas as roupas daquelas catalanas me pareciam super esquisitas no início, os cabelos então! E eu me deslumbrava com o jeito que elas desfilavam os modelitos: nem aí para ninguém, sem esperar a aprovação ou condenação de desconhecidos. Parecia que ninguém tinha medo de mudar, de ser o que bem entendesse. Reconheço que pode ser que não seja bem assim para quem nasceu lá, que essa é a visão de quem tá de fora. Mas é o jeito que eu gosto de interpretar isso e, portanto, a maneira como eu posso escolher viver. Já em Dublin, não vou negar que achei o máximo ser considerada exótica e ser elogiada pelos meus belos olhos (gente!!! my eyes are SO ordinary!!!!). Lembro que meus amigos irlandeses me perguntavam como a brasileira pode ser tão assim, tão assado, tão mil vezes melhor que a irlandesa. De novo, tudo pode mesmo não passar de clichê, mas por que não incorporá-lo if it feels good? De repente, no finzinho dessa temporada, percebi que eu cometia um grande erro ao tratar o meu passado como "a realidade" e de viver pequenas crises pensando que teria que voltar a ela. Estava errada porque a minha vida continua sendo real em qualquer continente. Eu só não conseguia me permitir relaxar totalmente porque a vida que eu levava (e até eu mesma como mulher) estava saindo muito melhor do que a que eu sempre levei (e a que eu sempre fui). E acho até surpreendente esse meu sentimento de ansiedade (do tipo friozinho na barriga bom) por voltar: agora eu aprendi como eu quero (e posso) levar a minha própria vida, e que ela é só minha. Acho de verdade que posso conseguir me sentir turista na minha própria cidade e viver outras mil loucuras e desafios. Doesn't it sound good?<br /><br />Mas eu sei que a Ritinha devia estar pensando na Torre Eiffel, no D’Orsay, no Arco do Triunfo, nos vinhos franceses e etc. Isso tudo vai sempre estar lá, isso é o melhor.<br /><br />***<br /><br />Por isso eu decidi que o Beleléu não vai morrer. Aliás, essa ideia nasceu em Chamonix, na França, há dois meses, quando o Romain (nosso amigo francês que nos levou para esquiar lá e que fala português fluentemente) me perguntou o que significava beleléu, depois de eu ter mencionado a expressão "foi pro beleléu", em desuso há umas duas décadas. Eu tentei explicar, a silvia tentou ajudar, ele fez que entendeu, mas a gente sabia que na real não existe uma definição palpável para isso. <br /><br />Alguns instantes de reflexão depois, eu visualizei o beleléu como um lugar distante e desconhecido, exatamente como me pareciam os países que eu estava prestes a explorar sozinha e, por isso, gostei da ideia de dizer que estava no beleléu. E é também por isso que o blog não vai acabar aqui - decidi que quero continuar vivendo nesse lugar.<br /><br />Já mencionei o email do meu irmão e disse que foi a partir dele que comecei a pensar num novo projeto.<br /><br />Publico o teor dele aqui:<br /><br /><span style="font-style:italic;">Eu escrevi tudo isso pensando em colocar como comentário no seu blog, como eu gostaria, mas talvez não seja o caso.<br /> <br />Só hoje fui ver o seu blog. O curioso é que antes os diários eram secretos e invariavelmente escritos por meninas. Um seu tinha até cadeado! Hoje tudo é escancarado por todos para meia dúzia de "seguidores", termo que mais lembra discípulos de alguma divindade ou do chapolin: sigam-me os bons!<br />Então, <span style="font-weight:bold;">é uma pena que você tenha criado este blog só em 2010, 19 meses após sua fuga do terceiro mundo e a poucas semanas de voltar para ele. Deixamos de saber de várias aventuras cotidianas suas</span>, quase quedas do trem e quase perdas de voos (vai se acostumando com o desacordo ortográfico).<span style="font-style:italic;"><br />Deve ser foda mesmo encarar sozinha o invern</span>o alemão, quando nem os turistas parece que aparecem. Só uns brasileiros perdidos e com inglês ruim que você insiste em ignorar. Espero que escrevendo seus relatos e lendo esses comentários você se sinta menos nômade e mais integrada às pessoas que vão te receber aqui de volta. Em relação ao medo da reinserção social, acho que a última coisa que vai acontecer com você é ficar como a velha da penne pasta, já que você tem raiva de qualquer rotina. Além disso, as trocentas pessoas que foram se despedir de você e da Silva no Copan não iam te permitir uma vida tão monótona.<br />Eu reconheço que o meu mal é a inveja, nem tanto da sua época de trabalhos braçais e mal pagos, mas desses tempos à toa pela Europa. Espero um dia conhecer metade dos lugares que você vai ter visto até o fim do seu exílio.<br />A vantagem do chapéu e das botas é que você pode ir trajada de russa em alguma festa a fantasia ou virar atração turística no shopping de Campos do Jordão.<br />Hoje vou comemorar um ano a menos de vida num bar da modinha que abriu perto da sua ex-casa. Chama Tubaína. Como no ano passado, você não imagina quanta falta vai fazer.<br />Beijos,<br />Fernando</span><br /><br />Com um irmão assim, como não voltar confiante???<br /><br />***<br /><br />Não que mais alguém queira saber ou realmente se importe com as minhas aventuras cotidianas, mas eu gosto de escrever. Não tá aí um bom motivo para continuar? Então eu decidi publicar, em cada um dos meus útlimos dias de Europa, os meus top funny moments aqui. Porque tenho certeza que são entertaining enough e porque eu quero guardá-los na memória para sempre (e como a minha é fraca, talvez o Beleléu me ajude com isso mais pra frente).<br /><br />Vai começar depois de Auschwitz. Aguardem.<br /><br />((FOTO: O tempo entre pouso e desembarque do meu voo Budapeste-Dublin, pela Ryanair, foi de, pelo menos, meia hora. O suficiente para criar o Julinho. Na tira "Adaptação", ele, que não faz parte do universo em três dimensões, como um bom boneco de palitinho, se vê diante de uma cadeira com profundidade. Acha a novidade interessante e chega até a experimentar sentar-se nela. Mas quando se depara com a antiga cadeira de palitinhos fica mais confortável (o conforto físico não está em jogo) e decide: é ali que prefere ficar))<br /><br />((Foto 2: Eu voltava do meu exame do IELTS, que fiz algumas horas depois de desembarcar em Dublin, quando vi o que considero a pior propaganda de todos os tempos. Afinal, Gaudi tem a sílaba tônica no i!! Que absurdo!))<br /><br />((Foto 3: Depois da prova, tentei ir pra "festa de fim de ano" da firrrrrma, mas me atrasei (estava ocupada dormindo). Ainda deu tempo de ir na house party do Alex! Na foto, eu e ana, dona dos sapatos da foto abaixo - não parece que estou bronzeada perto dela??!!))<br /><br />((Foto 4: As irlandesas só usam saltos desse tamanho pra cima!!!))<br /><br />((Foto 5: No dia seguinte, o Alastair me levou para fábrica da Guiness, onde eu ainda nunca tinha ido (sério!). O passeio não é dos mais legais, na verdade você não conhece o lugar onde a guiness é mesmo feita (como a fábrica do whisky bushmills na Irlanda do Norte), só um museu tosco. Mas se for com a companhia certa, pode ser um dos mais legais que você já fez na vida.))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-86494893994606230392010-01-25T09:21:00.000-08:002010-01-25T12:56:10.229-08:00Sem classe<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuM-FGiiQJqJwRwW0SYiPFITd4xdszTfe4w5BOH9UOf0XCk81PZJpxCidhsuqEgT0ONypXpsKBFzB5npTqywgAhN_cxe8HaLcBejbBWnSXqMVoRI1MdvajB1RmYI6fm-lK9dImM_Ms54g/s1600-h/100_0999.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuM-FGiiQJqJwRwW0SYiPFITd4xdszTfe4w5BOH9UOf0XCk81PZJpxCidhsuqEgT0ONypXpsKBFzB5npTqywgAhN_cxe8HaLcBejbBWnSXqMVoRI1MdvajB1RmYI6fm-lK9dImM_Ms54g/s320/100_0999.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5430775383173102002" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivx9VuFg8nmZVjfD-XLMRIi5q2z15AtlWeQblySyRV654e6Emmr6SE45Zx2cBh2oqJZpUGkzGtzVs0Q1WUve3drBFbHE1bsh2EW7ICYNUWR-aizoKsrMkjui9v391w7gbv4zIHNJkC7xs/s1600-h/100_0990.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivx9VuFg8nmZVjfD-XLMRIi5q2z15AtlWeQblySyRV654e6Emmr6SE45Zx2cBh2oqJZpUGkzGtzVs0Q1WUve3drBFbHE1bsh2EW7ICYNUWR-aizoKsrMkjui9v391w7gbv4zIHNJkC7xs/s320/100_0990.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5430774530082511826" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWTfsOLKgIukejOKDlR21bUcf_dMPvZjdx5-Wkmwwf5EPNS3VJ-VsAS-PimfkYbfmU08z2Nf7VwkIRL9HO-hM54hUSO0IIIzM-EmL-isx_X-O2IPYXjyciJEyevbBDfVYeMYsEG0nwK4/s1600-h/100_0981.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWTfsOLKgIukejOKDlR21bUcf_dMPvZjdx5-Wkmwwf5EPNS3VJ-VsAS-PimfkYbfmU08z2Nf7VwkIRL9HO-hM54hUSO0IIIzM-EmL-isx_X-O2IPYXjyciJEyevbBDfVYeMYsEG0nwK4/s320/100_0981.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5430774520324906082" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWBmQeLuBxnJVvcJQCfpaXDTVp_IYyuqMK9calL69wM9L8-7M00aZ8_nxTKklEnrU8f6bpi4a2Yc1adoOdn1xz3vPMOe1jIMTao_OkY-3FiATeTxrkvpjE98ovnbgMEO75mky1cogRzgY/s1600-h/100_0948.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWBmQeLuBxnJVvcJQCfpaXDTVp_IYyuqMK9calL69wM9L8-7M00aZ8_nxTKklEnrU8f6bpi4a2Yc1adoOdn1xz3vPMOe1jIMTao_OkY-3FiATeTxrkvpjE98ovnbgMEO75mky1cogRzgY/s320/100_0948.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5430774511404485874" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghHVUTv7FkSNMtHkW-AXCxj22gztvHYlEpP4xxwiUxPLD_4wMhkJ7bdS9xS7IxZnDeltq4VAcz9pjPBKix4UrP1v6dZSYp1OcJTmAk7rU2difjTlInppg_suvAWYQo4OLHL0mntF0yLJU/s1600-h/100_0907.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghHVUTv7FkSNMtHkW-AXCxj22gztvHYlEpP4xxwiUxPLD_4wMhkJ7bdS9xS7IxZnDeltq4VAcz9pjPBKix4UrP1v6dZSYp1OcJTmAk7rU2difjTlInppg_suvAWYQo4OLHL0mntF0yLJU/s320/100_0907.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5430774510429482386" /></a><br />Pensei em deixar Budapeste para outro post.<br /><br />Não que a viagem não tenha sido demais. Mas a volta a Dublin foi tão surpreendente que, por incrível que possa parecer, ofuscou um pouco a minha última parada. Talvez porque a minha vontade de rever as meninas e a cidadezinha que me recebeu tão bem foi tanta que eu quase não consegui me concentrar na leitura do meu super guia da Europa central (ou dos mapas da cidade que eu teimava em perder).<br /><br />Comecei então a escrever o que seria um relato breve sobre Buda e, claro, acabei me alongando. A volta a Dublin fica para amanhã.<br /><br />***<br /><br />Depois das duas horas dormindo no sofá do albergue de Viena (e do grito "it's already passed 5 minutes", do recepcionista fofo que me ajudou a acordar) cheguei às 6h45 na plataforma 11 de Westbahnhof, o que foi para mim quase um recorde de pontualidade (o trem saía às 6h50)! E, apesar de curtas, eu ainda contava com as três horas de viagem até Budapeste para completar a minha média de cinco horas de sono diárias.<br /><br />"Can I take any seat?", foi a primeira coisa que eu perguntei para o primeiro funcionário do trem que eu vi, por causa do meu trauma anterior de me meter em vagões com destinos obscuros e porque eu queria logo largar todas as minhas tralhas no primeiro lugar que eu visse - já não aguentava mais segurar uma bolsa de mão lotada e duas sacolas plásticas cheias de lixo que eu não tinha nem coragem de jogar fora, além do mochilão.<br /><br />Ele disse que sim.<br /><br />Entrei no primeiro vagão que vi pela frente e adorei as poltronas de couro super confortáveis dispostas em pares. "Os trens europeus são mesmo uma caixinha de surpresa", pensei, inocente. Espaçosa (o trem estava vazio!), já joguei tudo em duas de uma vez. Passei dez minutos arrumando as malas, colocando tudo no lugar, sentando, levantando, me ajeitando para encontrar uma posição em que poderia dormir pelas próximas horas. De repente, uma aeromoça (para trens) surgiu do nada e distribuiu um suquinho e um pacote de salgadinho para cada passageiro.<br /><br />Tudo bem, não posso negar que nesse ponto já desconfiava que eu não pertecia àquele vagão, especialmente depois de prestar atenção aos senhores meus vizinhos de viagem com seus respectivos ternos e notebooks, nada que ver com mochilões e sacolas plásticas cheias de lixo. Por isso, quando recebi o suquinho (que não hesitei em beber de uma vez só), achei que aquela pudesse ser a classe errada. Mas lembrei do que o funcionário que falou ("yes, any seat") e dei uma de armless john*. Fiquei lá mesmo.<br /><br />De longe, vi o mesmo funcionário anteriormente abordado recolhendo os bilhetes dos passageiros. Eu, já confortável entre toda aquela gente trabalhando incansavelmente (até pensei em abrir o meu humilde netbook para me sentir ainda mais 'in'), mostrei o meu ticket sem medo. <br /><br />"This is not your class."<br /><br />Quê???????<br /><br />Meu mundo caiu. Depois de tudo! De me familiarizar com o vagão e meus vizinhos passageiros, depois de tomar o suquinho e tudo mais, eu teria que me mudar?????? Meu deus, quanta humilhação!!!<br /><br />Depois de uns cinco minutos arrumando tudo de novo, recolhendo todas os chocolates, livros e a pantufa que já estavam do lado de fora da mala, finalmente fui embora, me sentindo o Chaves sendo expulso da vila (sabe, com a trouxinha no ombro??)<br /><br />Tudo bem, dei até tchauzinho para um dos meus então-ex-companheiros de viagem e segui pelo corredor em direção às classes mais baixas.<br /><br />No vagão seguinte, as poltronas estreitas dispostas de três em três me fizeram crer que aquele sim era o meu lugar. Então, ainda com o salgadinho da primeira classe na mão (isso é o que eu chamaria de roubatinha involuntária), de novo espalhei minhas malas por todos os lados, peguei o que seria necessário para o meu sono e, enfim, comecei a me ajeitar para dormir (apesar dos raios do sol nascente que começavam a refletir no chão coberto de neve e ofuscar a minha visão).<br /><br />De novo, o inspetor.<br /><br />"Sorry, but this is still not your place", ele me disse, num tom envergonhado.<br /><br />Eu comecei a rir e disse a única coisa que caberia para aquele momento: "REALLY???" Ele também deu uma risadinha - e eu comecei a ficar irritada de verdade, afinal de contas, não estava escrito em lugar nenhum nos vagões que classe era aquela e, anyway, ele não tinha me dito lá na plataforma que eu poderia sentar em "any seat"?? Puta que o pariu.<br /><br />Fingindo não estar irritada e sem nem tempo de pensar no drama da humilhação e tudo o mais, já automaticamente coloquei tudo pra dentro da mala de qualquer jeito e andei, andei, andei até chegar em um vagão com uns paquis, mulheres com panos variados enrolados na cabeça e crianças chorando. Afinal, encontrei o meu lugar!<br /><br />Toda essa brincadeira levou um pouco mais de uma hora e, no fim das contas, a contabilidade ficou em meia hora de sono.<br /><br />Tudo bem, eu vou pra Budapesteeeee!!!! (eu tentava afirmar isso pra mim mesma, para tentar esquecer que na verdade estava exausta e daria qualquer coisa por uma boa noite - ou dia - de sono em QUALQUER LUGAR)<br /><br />Cheguei na estação principal de Budapeste enjoada e perdida, muito perdida. De novo, não tinha reserva em nenhum albergue. Ali mesmo já começaram a ficar claras algumas diferenças entre Budapeste e as outras cidades visitadas (Berlim, Viena, Praga e até Cracóvia). Vários senhores e senhoras um pouco desdentados abordando TODOS os passageiros que chegavam para que trocássemos os nossos euros nos "escritórios" deles. Claro que achei tudo aquilo meio esquisito e fui direto para o ponto de informações turísticas, onde as coisas não foram menos estranhas, apesar da dica de uma casa de câmbio com boa cotação para trocar o que sobrou do meu orçamento para essa viagem.<br /><br />Eu perguntei para a mulher como eu fazia para chegar em um albergue indicado no meu super guia de Europa central e ela disse: "Olha, não é longe, mas se você quiser ficar no Marco Polo, onde a noite custa dez euros, eu mesma posso fazer uma reseva para você e uma van vem te buscar aqui na porta". Se eu não estivesse tão cansada, talvez desconfiaria de alguma mutreta.<br /><br />Sem pensar duas vezes, respondi: "that's great! Deal". Em uma fração de segundos, o motorista da tal van chegou e, de repente, me vi andando atrás dele, acompanhada de um alemão mal-encarado.<br /><br />No caminho, silêncio total. O limite imposto pelo idioma me fez sentir confortável com toda aquela mudez (geralmente quando eu entro em um táxi ou qualquer coisa assim, começo a falar sem parar, mesmo quando não estou tão afim).<br /><br />Tudo deu certo e mais uma vez resisti, num esforço absurdo, à minha caminha já preparada naquele quarto fedido do albergue - afinal só teria aquele e metade do dia seguinte para Budapeste.<br /><br />Na recepção, perguntei à mocinha qual seria uma boa maneira de conhecer a cidade em um dia. Ela me indicou o famigerado ônibus hop on/hop off e eu, que sempre fui totalmente contra esse específico tipo de transporte turístico, achei que aquele talvez fosse um bom momento para me livrar do velho preconceito. Passei a mentira da estudante que perdeu a carteirinha e consegui disconto no bilhete (eu até fiz uma carteirinha de estudante trambiqueira na pizza hut antes de viajar, ainda no Brasil, mas me roubaram em Londres e acho que ela já nem teria mais validade mesmo).<br /><br />Sem pressa, fui almoçar num pequenino e aconchegante restaurante húngaro barato e, depois de um PF enorme com uma montanha de arroz e peixe com molho de queijo (estranho, né? Achei que só eu colocava queijo no salmão), saí andando pra qualquer lado. Dei de cara com a Sinagoga, de longe a mais linda que eu já vi na minha vida - e olha que eu não entrei (àquela altura 2.500 florins já faziam grande diferença pra mim).<br /><br />De novo, saí andando em qualquer direção e cheguei no Mercadão da cidade (que eu nem sabia que existia). O passeio foi muito legal, adoro barracas coloridas de frutas e peixes fedorentos. Lá, comprei uma rolha decorada com uma bonequinha húngara que vinha com uma pimenta para afastar o mau olhado, pra Silvia, e um par de bananas pra mim.<br /><br />Atravessei o Danúbio pela ponte Szabadság e cheguei em Buda (estava no lado Peste). Antes mesmo de sair da ponte, comecei a fotografar um prédio lindo na esquina. Turista mais perdida do universo, entrei lá e perguntei o que era aquilo (estava escrito hotel e spa do lado de fora). "Esse é o spa mais antigo da Europa", me disse uma fonte não tão confiável, um senhor que queria me vender cartões postais com fotos de piscinas cobertas de alto nível. Depois de uns dois minutos eu me toquei que eu estava Géllert Baths, um dos dois lugares famosos onde se pode tomar banhos em águas termais - e onde eu ironicamente estava mais ansiosa para chegar.<br /><br />No meio de tanta empolgação ("Ahhhh, que delícia! Vou encerrar minha viagem com chave de ouro, relaxada num banho turco... Ahhhh, que vidão!!") eu lembrei de algo que na hora me pareceu só um detalhe: eu não tinha biquini. Como ia pensar em trazer um biquini para uma viagem de temperatura negativas??? Esqueci até o meu cartão de crédito!!! Por favor!<br /><br />Lá dentro, os biquinis custavam 40 euros pra cima (o preço ficava ainda mais assustador em florins) e todos eram simplesmente UÓ, nem a minha vó usaria algo tão enorme. Afe Maria. Pensei em nadar com as minhas roupas de baixo, mas não achei conveniente.<br /><br />Saí triste, mas otimista. Teria um dia inteiro de andanças para achar um biquini que me servisse. Atravessei a rua e dei de frente para uma caverna onde, um pouco receosa, entrei. Nos fundos, uma igrejinha. Achei fenomenal. Rezei, agradeci, paguei os pecados e saí.<br /><br />Segui no sentido norte, peguei um funicular e subi até Castle Hill. Fiquei louca com aquela arquitetura e fiquei um tempão na gótica Mathias Church. Depois continuei passeando por ali, mas já era noite eu não tinha noção de como fazer para ir embora. De repente, vi um grupo de japoneses (aqueles que sempr andam em grupos enormes e que eu nunca tinha notado antes de o Rodrigo me falar) entrando no ônibus 16. Achei que aquele também pudesse servir pra mim e entrei (sem bilhete, porque não tinha noção de onde comprava). Cheguei sã e salva ao albergue e acho que não levei nem um minutos para pegar no sono.<br /><br />No dia seguinte, acordei cedo para uma outra voltinha a pé, dessa vez por Peste: Museu Nacional, basílica de Szt. István, Chain Bridge, a mais antiga da cidade, e Parlamento, nessa ordem. Ainda deu tempo pra comprar uma bota linda, marrom e sem salto (já nem estava mais pensando no biquini ou nas águas termais, ficou para a próxima), pegar o dinheiro gasto para a entrada no busão hop on/hop off de volta (não foi nada pessoal, mas mesmo cansada achei que sair andando sem rumo seria mais legal), pegar minhas malas e uma van até o aeroporto para, finalmente, voltar para Dublin.<br /><br />*Gíria de origem irlandesa datada do século 18, rapidamente aportuguesada para o clássico "joão sem braço" pelos brasileiros que, já naquela época, iam fazer dinheiro vendendo Guiness nos pubs de Dublin. A expressão tornou-se muito popular no Brasil dada a quantidade de brasileiros que viveram/vivem dando uma de migué na Irlanda.<br /><br />((FOTO 1: A Assembleia Nacional da Hungria se reune no prédio mais antigo da Hungria. O Országház é o segundo maior parlamento da Europa))<br /><br />((FOTO 2: A St. Stephen Basilica é tão alta quanto o Parlamento e a construção neoclássica levou 54 anos para ser finalizada - o colapso da cúpula, em 1868, atrasou os trabalhos))<br /><br />((FOTO 3: A Széchenyi (Chain Bridge) é a ponte mais velha sobre o Danúbio. E certamente a mais bonita. A foto noturna foi tirada de cima de Castle Hill))<br /><br />((FOTO 4: A caverna que virou igrejinha de pedra))<br /><br />((FOTO 5: Segundo a Wikipedia, essa é a maior e mais monumental sinagoga da Europa. A fachada tem uma coisa meio árabe porque foi construída em estilo neomourisco (que imitava arte islâmica). Só não entrei pra ter que rolar a "próxima vez". Quem topa voltar comigo?))<br /><br />FIM DA MINHA VIAGEM.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-72540859185620790812010-01-20T10:55:00.000-08:002010-01-20T12:41:31.879-08:00Sissi = Romy = ? / Mulher = homem = ?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-QIh4hMKpyjeECmUINuV7UeOMzsCJMBcLfvgFeGJGn147aji_J-xM79PiFLDDY6Q-QVct6udfdcxYDYl5umAFKbgcE3cZsdiaGH9EUSGjtlSIivBKVeuckx6s4o0NuKvN6RsZ_fqA_Uw/s1600-h/100_0867.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-QIh4hMKpyjeECmUINuV7UeOMzsCJMBcLfvgFeGJGn147aji_J-xM79PiFLDDY6Q-QVct6udfdcxYDYl5umAFKbgcE3cZsdiaGH9EUSGjtlSIivBKVeuckx6s4o0NuKvN6RsZ_fqA_Uw/s320/100_0867.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428919899407829698" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9V8GfF9okpOWpXfLd5Sa6FhhMR6G8_Cw0TUc8wC-iI1ifG56jmBsyPe6WMM1GGSQ9uvE8Sr9m98nNRkuDkD4KJSkCEc7ag0kTQQljgtudtVF67g4aHABnBDozBz6DvYK_GO6uXQOtHa4/s1600-h/100_0892.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9V8GfF9okpOWpXfLd5Sa6FhhMR6G8_Cw0TUc8wC-iI1ifG56jmBsyPe6WMM1GGSQ9uvE8Sr9m98nNRkuDkD4KJSkCEc7ag0kTQQljgtudtVF67g4aHABnBDozBz6DvYK_GO6uXQOtHa4/s320/100_0892.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428919894485627330" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif4fhBcHG6OS59YtPnF69XwW79slkuEaKWrrQVCbSqnhEiaPnjEejtZBeH0gZTSjymZRtoTwkP7WN5AwyfP-C84gJg-3cISytZzdNCiB89hhxhgyrjBxfQDnicym11DTIYsclkgRBA1UY/s1600-h/100_0874.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif4fhBcHG6OS59YtPnF69XwW79slkuEaKWrrQVCbSqnhEiaPnjEejtZBeH0gZTSjymZRtoTwkP7WN5AwyfP-C84gJg-3cISytZzdNCiB89hhxhgyrjBxfQDnicym11DTIYsclkgRBA1UY/s320/100_0874.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428919887750391346" /></a><br />((Assim que encontrar uma boa rede de wifi conserto os acentos desse texto))<br /><br />Ouvi falar pela primeira vez da atriz Romy Schneider quando visitei o Museu do Cinema, no Sony Center, em Berlim. Fiquei hipnotizada pela beleza dela e analisei cartaz por cartaz, li texto por texto, ate entrevista em progama do Jo alemao eu fiquei la ouvindo. Essa foi tambem a primeira vez que escutei sobre a Sissi, imperatriz da Austria e Rainha hungara que Romy interpretou (aparentemente, eu ainda nao vi) tao bem no cinema que parece ela mesma ter virado um pouco Sisi tambem.<br /><br />***<br /><br />No meu ultimo dia em Berlim, em um bar com o Thomas, ele viu o folheto do Museu do Cinema com a foto da atriz no meu caderno e eu comentei que a historia dela me chamou a atencao. "Quantos anos ela deve ter hoje?", perguntei.<br /><br />"Nossa, acho que faz uns 40 que ela morreu!!!" <br /><br />"haaa!!! Nao acreditoooo!!!!!!" Eu respondi, chocada.<br /><br />Muitas gargalhadas depois ("eu nunca nem tinha ouvido falado dela, c'mon"), ele explicou que achava que ela tinha morrido de overdose e eu fiquei surpresa de verdade.<br /><br />Olha so que coisa: a Sissi era cosiderada a mulher mais bonita da Hungria do seculo 19. A Romy, muito mais bonita que ela, tambem deve ter sido vista assim na Alemanha dos anos 50. A Sissi se dizia incompreendida, nao conseguia viver sob a etiqueta real dos Habsburgo. A Romy teve que se esforcar muito para se desvencilhar da Sissi, trocando a Alemanha pela Franca - e causando aparente indignacao no publico alemao. Desde o suicidio do filho, a Sissi ja estava morrendo aos poucos, em depressao grave, ate que foi assassinada no meio da rua por um anarquista. O filho da Romy morreu com 14 anos e depois disso ela se afundou nas drogas, o que a levou `a morte por ataque cardiaco. A depressao de nenhuma das duas teve a ver exclusivamente com a morte do filho.<br /><br />Achei louca a semelhanca entre elas e estava bastante curiosa para conhecer um pouco a rotina da Sissi real no Hofburg (Palacio de Inverno dos Habsburgo) - e tentar entender por que ela foi tao incompreendida assim.<br /><br />Na verdade, acho que ela era tao bonita que ficou obcecada com a propria beleza ao envelhecer. Todos os dias, levava tres horas para se arrumar. Duas so com o cabelo (que alguem fazia para ela, claro). Sobrava tempo demais para pensar na vida! E tanta reflexao a fazia crer que estava presa em si mesma, naquela vidinha de mentiras, sem volta (por isso gostava tanto de viajar, era o seu unico escapismo). E, de alguma maneira, acho que isso foi um pouco o que levou a Romy a se matar tambem: pensar que a vida ja nao tinha mais volta.<br /><br />Enfim, adorei a visita ao palacio e achei interessante a sala das pratarias, apesar do tedio de ver aquelas infinitas colecoes de porcelanas e pratas que a realeza usava para comer.<br /><br />De la, fui dar uma voltinha no Museum Quarter. E o maximo aquele monte de exposicoes juntas, uma do lado da outra, num lugar so - no que e considerada a oitava maior area cultural do mundo, com predios modernos e barrocos juntos. O complexo e gigante e muito bonito. Fica de frente para o Hofburg.<br /><br />Parece que o Leopold Museum e o mais famosinho, mas estava fechado ontem. Ainda bem, porque acabei indo ver a exposicao 'Gender Check', no Mumok (Museum Moderner Kunst Ludwig Wien).<br /><br />Primeiro eu achei que fosse uma coisa modernosa sobre preconceitos relacionados `a homossexualidade e estava com um pouco de preguica desse assunto. Mas depois de saber do que se tratava, me interessei muito - so nao fiquei mais tempo la porque o museu fechou.<br /><br />Eles reuniram 400 trabalhos de varios tipos de midia (principalmente pinturas e fotos) criados a partir de 1960 nos paises da Europa do Leste para mostrar como foram mudando os papeis do homem e da mulher na sociedade. Por exemplo, durante o comunismo, varios artistas pintaram o homem e a mulher idealizados pela propaganda do governo, focando a tal 'genderless society', em que nao haveria diferencas entre os sexos: as mulheres nao teriam as vaidades do ocidente e trabalhariam para o estado num esforco masculino. Na mesma epoca, pinturas lado B mostravam que a propaganda era mentirosa. Mais tarde, no comeco dos 70, veio a liberalizacao da sexualidade do homem e da mulher, transformando a propaganda do governo em cliche ultrapassado. Depois, com a queda do muro, as liberdades capitalistas chegaram acompanhadas de preconceito, conservadorismo e ate xenofobia.<br /><br />Achei a curadoria o maximo (comandada por Bojana Pejic). A exposicao e muito bem organizada e faz sentido historico.<br /><br />Claro que passei pela Lomo Shop, do lado do Mumok, e comprei o presente da Thata!<br /><br />Depois da andanca, dormi no sofa do albergue com medo de nao acordar para o primeiro trem do dia: embarquei para Buda `as 6h50.<br /><br />((Foto 1: Nao podia fotografar os apartamentos do Palcio de Hofburg, entao coloquei essa foto com porcelanas com motivos naturais pintadas `a mao, usadas pela realeza, que expicita a adoracao de Sissi pelo escapismo das viagens que fazia pelo mundo))<br /><br />((Foto 2: O bigodinho e a menor das diferencas))<br /><br />((Foto 3: Esse quadro de 1950 exemplifica bem o conjunto de pinturas (meio que desconhecidas no mundo da arte ate hoje) que obedeciam as ideias comunistas no Leste Eurpeu. Autor: Wojciech Fangor (Polonia). Reparem nas diferencas enre as unhas feitas de uma e a mao caleijada da outra mulher (uma trabalhadora e oura nao). E repare tb na estampa dos vestido da primeira. Note que o homem esta no centro da tela, representando o contraditorio papel principal na sociedade))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-10404163525638332152010-01-19T13:00:00.000-08:002010-01-20T10:47:08.183-08:00DER LUSTIGSTE TAG!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv5JhDd7r3ouqgOva-zLjOzArCpmwAoYKqNrnLSNQq35uI2Y5J-5V91QnunG1205AD2LPX56rnK_QYxQtknUjXBvGgbw0U6kONfJtUeFBbW2YvwcOCF9oAAHipNbiEn5ST1HK5HeeEMrM/s1600-h/100_0767.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv5JhDd7r3ouqgOva-zLjOzArCpmwAoYKqNrnLSNQq35uI2Y5J-5V91QnunG1205AD2LPX56rnK_QYxQtknUjXBvGgbw0U6kONfJtUeFBbW2YvwcOCF9oAAHipNbiEn5ST1HK5HeeEMrM/s320/100_0767.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428600096379585666" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8Ztiik9DONYoSbUKYZ8yN20tmnKKc8BwPHklz2CMGhot9eZR3gS8XCBbolErY_3i_NJCtvDBB7MN_GUlVVonnmXoFE5Sg-Ag46lG5rTb7DYcbjbb5AkGNJRE74qXYi3ght5PA2owiYqo/s1600-h/100_0811.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8Ztiik9DONYoSbUKYZ8yN20tmnKKc8BwPHklz2CMGhot9eZR3gS8XCBbolErY_3i_NJCtvDBB7MN_GUlVVonnmXoFE5Sg-Ag46lG5rTb7DYcbjbb5AkGNJRE74qXYi3ght5PA2owiYqo/s320/100_0811.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428600085775160802" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDIUqiG0X6F9TPRuXZDdsK0PGGz5dSSYGl99qi7CEDzp01dTQlhUq36Jq7QyKp_wXIiyxrSxsc9GNRclBBO7nRsJg3XvUVgm7G2forPnFHJ-C9TKM0-O60SYAU_nRPB3fyS-ZQazRy240/s1600-h/100_0814.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDIUqiG0X6F9TPRuXZDdsK0PGGz5dSSYGl99qi7CEDzp01dTQlhUq36Jq7QyKp_wXIiyxrSxsc9GNRclBBO7nRsJg3XvUVgm7G2forPnFHJ-C9TKM0-O60SYAU_nRPB3fyS-ZQazRy240/s320/100_0814.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428600079959685890" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMJsYj2upT7tZT5AhiuaPDilcwP8jNn0Xbzy_2xMiDsafXqlrrYfxV_2dVJAWIfafQ-kL0BvHCEcpbs_xxsKkmQDeT0OkgyJwmSsiludZkOX-AGbkYBWaqCzFMzK3OSnJGfW2lEDiKFxk/s1600-h/100_0831.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMJsYj2upT7tZT5AhiuaPDilcwP8jNn0Xbzy_2xMiDsafXqlrrYfxV_2dVJAWIfafQ-kL0BvHCEcpbs_xxsKkmQDeT0OkgyJwmSsiludZkOX-AGbkYBWaqCzFMzK3OSnJGfW2lEDiKFxk/s320/100_0831.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428600071457926066" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc6x6H1xirIbDW20APM6blHx-5kKyoO6y5ZFLcLO9jMQxFDkgY2Y26IMg-c67IkYMvaSqK2DIIghLBqDwrYXhKDW2smcqaKwpKfPhPi6vsfNxmL6ZjN4cCGMU2eRaF9hj7leyW7n-EDjU/s1600-h/100_0851.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc6x6H1xirIbDW20APM6blHx-5kKyoO6y5ZFLcLO9jMQxFDkgY2Y26IMg-c67IkYMvaSqK2DIIghLBqDwrYXhKDW2smcqaKwpKfPhPi6vsfNxmL6ZjN4cCGMU2eRaF9hj7leyW7n-EDjU/s320/100_0851.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428600067032241522" /></a><br />Quem aguentar firme e ler esse post até o final vai ver que o título faz sentido.<br /><br />Meu primeiro dia em Viena tinha tudo para ser normal, afinal eu não conheço ninguém aqui - e não tenho mais tempo para novas amizades mesmo. Eu sei que essa parece uma atitude meio rude, mas depois de passar o meu penúltimo dia na Cracóvia com dois "novos amigos", que só me fizeram ver como pode existir gente maníaca-depressiva nesse mundo, decidi voltar para a minha resolução inicial e me fechar para a sociedade de novo.<br /><br />Só que, ainda na Cracóvia, antes mesmo da partida do trem, a senhora polonesa que estava na minha cabine quis puxar assunto. Ah, um detalhe bem importante: ela não fala inglês).<br /><br />A passagem de trem Cracóvia/Viena foi a mais cara até agora, 366 slots (o equivalente a 89 euros. As outras foram entre 40 e 60 euros). Claro, não tinha o que fazer, paguei. Na plataforma, esperta para não entrar no vagão errado, como eu fiz de Praga para Cracóvia, perguntei para um guardinha para onde deveria ir. "Sleeping seat?", ele me perguntou. Eu, cansada, respondi com um meio grosseiro "I don't know" (sabe aquele que tem a balançadinha no ombro e faz os músculos do lábio inferior se contraírem para baixo?). Então ele, gentil, foi comigo até a minha cabine. Aliás, uma coisa contraditória que eu aprendi aqui: se você é gentil, eles são grossos. Se você é grosso, são gentis. E eu, que não gosto de ser grossa, posso dizer que aprendi bem a regra.<br /><br />Quando entrei na cabine, em vez de dois bancos inteiriços (com os quais já tinha ficado feliz na primeira viagem), vejo um beliche triplo de um lado e, do outro, um closet para os casacos e um armário com um croissant de chocolate e duas garrafas de água para cada passageiro! Não é o máximo??? Tudo bem que eu paguei por isso, mas achei um luxo. Então cheguei, coloquei TODA a minha bagunça na cama diretamente superior à da senhora previamente comentada, e fui ao banheiro. Na volta, aquela discussão (que eu, graças a deus, não pude entender). Fiquei sabendo, depois de algumas tentativas de comunicação, que a minha cama não era aquela, e sim a última, no topo (uma que tem dez centímetros entre a cabeça e o teto. Eu, que já tinha decidido dormir mesmo, não me importei. <br /><br />Três horas depois, 1h30 da manhã, acordei com um barulho estranho. Sem óculos (e nem pistas dele - portanto não consegui ver as horas na correria, meu olho tava muito embaçado), eu quase caí do terceiro andar do beliche triplo. Não tinha ninguém na cabine! Eu saí muito assustada, desesperada, achando que já era mais de 6h30 e que eu tinha perdido o ponto (porque a senhora polonesa também ia para Viena).<br /><br />Saí da cabine que nem uma louca, com o cabelo todo desgrenhado e as minhas pantufinhas verdes com pinguins de pelúcia. Ao mesmo tempo, um cara (um borrão, para os meus olhos) também saiu correndo da dele. Nos encontramos no corredor. "Is this Westbahnhof??". E ele: "Não, não... Relaxa, eu também achei que fosse". (Que engraçado esse diálogo inglês/português. Vou deixar assim mesmo). O cara é polonês, mas mora em Viena e voltava de uma visitinha à casa dos pais. Engraçado que a gente ficou conversando um monte e eu não tenho a menor noção de como ele é: espinhudo ou não, narigudo ou não, careca ou não... 20 ou 40: x. No fim da conversa, ele me contou que voltava de um casamento e que tinha um monte de comida na mochila, por isso não ia comer o croissant de chocolate. Me perguntou se eu queria, mas fiquei com vergonha de aceitar. No fim, ele disse pra eu colocar o alarme para despertar. Como eu ainda não tinha feito isso???<br /><br />Cada um de volta pra sua cabine.<br /><br />Quando eu entrei, encontrei meus óculos e percebi que, sim, a senhora polonesa ainda estava lá, debaixo do edredon. Fiquei morrendo de vergonha, porque conversei por uns dez minutos com o moleque/senhor? do lado de fora fazendo o maior barulho (eu falo meio alto). Claro que ela estava acordada. Me senti mal por uns dois minutos, mas depois já caí no sono de novo. <br /><br />E tudo isso pra contar que, quando eu acordei, às 5h30, ela já estava de pé - e claramente querendo interagir. "kjhdkjahdjkshd"? "Humm... Sorry, I don't...", no que ela me interrompe: "jhdgcxty!!! ysfs, jkshkjs?" Então percebi que a vontade de conversar dela era tanta, que eu nem precisava entendê-la. Por isso começamos a ter o que eu decidi ser a verdadeira conversa sem pé nem cabeça. Ela falava qualquer coisa, eu respondia qualquer coisa. E a gente sempre concordava!!! Foi ótimo!<br /><br />***<br /><br />Já era quase 7h quando eu cheguei no albergue, a poucos metros da Westbahnhof, estação onde o trem parou. Pedi a chave do meu quarto e, apesar de o check-in aqui ser só depois das 14h (que ridículo), eu pedi "only a shower" pro cara e, com dó, ele me deu a chave do quarto de uma vez. Prometi pra mim mesma que não iria dormir. Resistiria bravamente àquela caminha feita e à escuridão do dia que acabara de nascer. Por isso, tomei um longo banho que me acordou o suficiente para que eu pegasse o meu super guia da Europa central e tentar programar o meu dia durante o café da manhã.<br /><br />Pensei bem e decidi ficar em Viena por duas noites em vez de uma só. Então fui na recepção e me disseram que eu teria que mudar de quarto. Tudo bem, mais uma vez ficaria eu zanzando pelo albergue com todas as minhas tranqueiras. Antes de entrar no ex-quarto, que eu dividia com outras três pessoas, percebi que tinha gente dentro. Então dei aquelas três batidinhas básicas. Sem resposta. Por isso passei tranquilamente a minha chave magnética.<br /><br />A primeira coisa que eu vejo é... Uma bunda branca! Acreditam????? Nada contra bundas, muito menos as brancas (é só o que tem por aqui mesmo). Mas eu bati na porta, gente!!! Pelo amor de deus. E o cara tava justo em frente à porta se trocando quando a toalha "caiu" da cintura dele.<br /><br />Eu fiquei tão sem graça, mas tanto, que a minha reação na hora foi sair do quarto correndo, o que só piorou as coisas, claro. Eu fiquei atrás da porta que nem uma criança medrosa por alguns segundos até que decidi entrar logo de novo antes que ficasse mais chato. Entrei. Além do cara, estava lá também a namorada dele - o que torna as coisas ainda piores. Ela foi fofa, fez a que não viu nada. Eu imitei. Naquele sotaque australiano (que eu reconheci pela embalagem de um creme para a pele que eu vi no banheiro duas horas antes), ela me perguntou se tinha sido eu que entrei de manhazinha. Eu disse que sim, mas que "tentei não fazer muito barulho". E ela me contou sobre os "cops" que entraram em alguns quartos no início da madrugada (aparentemente houve algum tipo de confusão/assalto nesse albergue horas antes de eu chegar) e disse que achou que eu pudesse ser eles (???). Eu, que estava rezando pelo momento de sair voando daquele quarto, só consegui dizer: "Oh, no, no! You're safe with me!... ehh.. Bye!!" Foi ridículo. E o "sorry" baixinho do namorado dela piorou as coisas - se é que ainda dava pra piorar aquela situação.<br /><br />Saí de lá rindo sozinha.<br /><br />Minha primeira parada foi o Musikverein, a mais famosa sala de concertos da cidade, casa da Orquestra Filarmônica de Viena, que é aparentemente bastante famosa internacionalemnte pelas suas apresentações especiais de ano novo. Enfim, decidi ir lá em primeiro lugar porque o Rodrigo (um dos dois primos que eu conheci em Praga e que encontrei na Cracóvia) me disse que eles conseguiram ver um concerto lá no sabado por 10 euros. Quando eu cheguei, a mulher da recepção me falou que, por causa de uma baile anual, não haveria apresentações nesta semana. Eu pensei: olha só. Tem uma semana por ano que a orquestra não se apresenta e ela começa hoje. Que coisa!" Chateada, decidi pagar cinco euros para a vista guiada que começava às 13h. Como ainda era 12h30, resolvi dar uma passadinha na Vienna State Opera, construção de 1869 que abriga as óperas mais importantes da cidade.<br /><br />Chegando lá, tentei abrir porta por porta, mas tudo estava aparentemente trancado. Só porque não tinha mesmo nenhuma outra opção, decidi abordar uma figura estranha, com capa de batman, chapéu engraçado e cara de mala, para perguntar se eles também estavam "fechados para baile" ali ou o que. Ele já foi abrindo um catálogo e começou a me mostrar quais lugares eu podia comprar e por quanto. A ópera em cartaz era Le Nozze di Figaro (O nariz de Figaro!! HAHAHA Imagiina? Tá, significa As Bodas de Fígaro) e eu queria MUITO ver. Então disse para ele esperar um pouquinho que ia tentar na bilheteria e já voltava (ele mesmo me mostrou a porta certa).<br /><br />Na bilheteria, o vendedor disse que 192 euros era o preço do ingresso mais barato para aquela noite. E eu então perguntei sobre os caras com capas de batman que me ofereceram o ingresso na porta por 30 (sabe-se lá quando podemos confiar em cambistas). O bilheteiro muito grosseiramente me disse que "não sabe nada sobre isso". No que eu tentei insistir: "but I.. I..", ele me cortou de novo: "I don't know anything about them". Tá, fiquei puta e decidi comprar dos cambistas de uma vez, afinal a visita guiada do concert hall estava a ponto de começar.<br /><br />O mala vestido de morcego com chapéu de don Juan me pediu para que o acompanhasse até o "escritório". "E onde é isso?", perguntei, com uma puta pressa (tinha 7 minutos para estar de volta no Musikverein). Uma canadense que também queria comprar entradas no mercado negro foi com a gente. Chegamos a uma loja de músicas e subimos as escadas, os três juntos, eu, a canadense perdida e o super-homem, e entramos numa fila, para o meu desespero. Falei na hora que não poderia esperar, mas que em meia hora voltava, sem problemas. Ele começou a mobilizar a galera pra me passar na frente de todo mundo. Eu, envergonhada, disse que de verdade não precisava daquilo, que eu já voltava. Combinamos então que eu não precisaria voltar - ele estaria na porta da casa de ópera me esperando com o meu ingresso. Achei bom e saí correndo.<br /><br />Depois da pior visita guiada da minha vida - acho sinceramente que o guia do Musikverein passou mal e colocaram uma funcionária do Box Office para contar a "história" do lugar para gente. Então, aprendi só que no ano novo se paga 30 euros para ficar em pé e os melhores ingressos custam quase mil. Ela mostrou de onde cada ticket dá direito a assistir aos concertos e ticket isso e ticket aquilo. Ficou até chato. Daí ela falou um pouquinho das estátuas gregas nos pilares e do ógão, que na verdade não está lá (com 40 anos de idade vai ser trocado e, enquanto isso, com os tubos vazios, usavam um eletrônico - isso ela só falou porque eu perguntei!). Juro, foi a pior visita da minha vida e aquela japonesaiada toda ainda bateu palma no final, inacreditável.<br /><br />Saí de lá correndo (de novo). Quase na porta da ópera lembrei de uma bolsa nova que tinha comprado no caminho e que já tinha perdido (ela é linda e foi uma barganha*: 10 euros). Voltei, peguei a bolsa, comprei um negocinho para a Carla na lojinha e fui de novo para ópera (já tinha decorado os caminhos).<br /><br />Encontrei o esquisito/mala, que me disse que não permitiram que ele trouxesse o meu ticket. Eu falei que não tinha o menor problema e que iria lá buscar. Ele então pegou o celular e disse que ia ligar pra eles para confirmar não sei o que; estranho. Eu falei "não, não! Não precisa se preocupar, vou passar por lá agora de qualquer maneira! Não tem problema mesmo! Valeu, tchau, até nunca mais". De repente, uma multidão de turistas invadiu o lugar (estávamos em frente à entrada principal da casa de ópera). Eu, tentando me livrar daquela confusão repentina, sinti uma mão tocando o meu ombro, do nada. <br /><br />-Sorry (Meu Deus, outro cara com capa de morcego! Macacos me mordam!)<br /><br />-I din't have a chance to talk to you before (claro que não, né?), my name is xxxxx, by the way.<br /><br />Eu tive que dar a mão ao batman desconhecido. Ele não era de todo o mal: alto, cara de gente fina, beirando os 40, eu diria.<br /><br />-When are you leaving?<br /><br />E eu, mais do que depressa: "Tomorrow morning, unfortunately" (meu deus, o que está acontecendo aqui???)<br /><br />-Are you going out tonight? (o quê???????? Que absurdo, ele nunca me viu na vida!!!! Que liberdade é essa? Como assim? E eu não tenho tempo pra inventar nada melhor que...)<br /><br />-No, I need to get some sleep. (nossa, foi péssima essa. Mas por que eu to me preocupando???)<br /><br />-No, no. You need to know Viena at night. (quem é ele para me dizer o que eu preciso ou não fazer??) I know great bars and parties and, you know, there are just few of them open on a monday night. (ha-ha-ha. CHEGÔ)<br /><br />-Oh, That's very nice of you, but I need to get a train really early in the morning. So, maybe next time? (ufa, só falta falar tchau)<br /><br />-Look, if you want to, I can just pick you up here when the opera is over. (puta que pariu, tenha a santa paciência).<br /><br />-No, thank you.<br /><br />-Ok, but if you change your mind, I'll still be here.<br /><br />-Alright! bye!!<br /><br />Eu saí em qualquer direção rindo tanto, alto, por uns cinco minutos! Comecei a pensar que vou dar a dica para minhas amigas solteiras: fique 20 dias com o mesmo casaco, a mesma calça e o mesmo gorrinho sujo, com a pele toda detonada e uma super bota para neve (aquela que a silvia me deu de Natal - agora to repetindo isso só porque a isa disse que era engraçado!) que mais se parece patas de urso, que de repente um quarentão alto de olho azul pode querer sair com você (mas vou omitir a parte da capa de morcego e do trampo de cambista, tá?).<br /><br />Finalmente, no ticket office, sem mais obstáculos masculinos pelo caminho, o vendedor me disse que a visão era quase nula para o lugar que o bilhete de 30 euros me daria direito. <br /><br />"That's fine."<br /><br />Saí dali e comecei a passear pela movimentadinha Weihburg, no centro. Parei para o esquema cafezinho espresso de 1,50 acompanhado de super misto frio que costumo fazer no café da manhã dos albergues e levar na bolsa. <br /><br />De lá visitei a Stephansdom (St, Stephen's Cathedral), lindíssima obra de arte gótica do século 13. Sério, pirei quando eu entrei lá. Rezei, dei uma voltinha e saí (turismo rápido é assim). Eu sabia que a casa do Mozart ficava em algum lugar perto dali e, depois da ajuda de três vienenses diferentes, encontrei o apartamento em que um dos compositores mais famosos do mundo morou entre de 1784 a 1787. O filme "Amadeus" começou a passar inteiro pela minha mente e a minha imaginação foi longe, mesmo antes de entrar. O Mozarthaus Vienna é também um museu, que ocupa outros três andares do predinho. Não tem nada de mais, sabe? Mas eu gostei muito, foi uma boa preparação para assistir à ópera dele, às 19h.<br /><br />Até lá, fiquei entrando em qualquer igreja que via pela frente (a St. Peter também é muito bonita e tava rolando outra missa quando eu entrei, que chato!) e saí andando sem rumo. O dia estava chegando ao fim e o sol, se pondo. Cat Power combinou muito com o clima da cidade. Passei em frente ao Hofburg, impressionante palácio de inverno dos Habsburgo, e fui andando pela Dr. Karla Renner para ver o Palácio de Justiça, o Parlamento, o Rathaus (onde fica a Prefeitura e, de longe, a construção mais bonita da rua - foi esse prédio alias que, de longe, me atraiu para aquela região), e finalmente a universidade.<br /><br />Já era noite e achei que perderia a hora se não pegasse o bonde (tram), então comprei o meu primeiro Mc Donald's de toda a viagem, engoli o Mc Salad sem salada e fui embora. <br /><br />No trem, um casal de velhinhos sentou do meu lado e ficou me olhando, fazendo comentários entre si. Eu olhei pra eles, com aquela cara de curiosidade, eles me olharam e comentaram de novo, eu ri (tava mesmo engraçado) e a senhora falou: "kjhaskkjhKDGakjshAK". Antes de eu conseguir terminar o meu já batido "sorry, I don't..." (ela não escutava bem anyway), o velhinho virou e cochichou no meu ouvido. De novo: "kjhgasgskjgdkjsad". Muitíssimo curiosa para saber do que se tratava tanto mistério... Chegou o meu ponto, tive que descer. Mais uma vez saí correndo.<br /><br />***<br /><br />Nossa, quanta pompa! Quando cheguei no State Opera me deu até vergonha de mostrar o meu bilhete pros ulshers!!! Todo mundo ali tinha casacos de pele e uma média de 60 anos de idade! E eu, claro, como o mesmo casaco e boininha azuis de sempre! Até pensei em comprar um cachecol novo para a ocasião, sabe? Pelo menos ia dar pra ver alguma diferença nas fotos, mas desencanei.<br /><br />Passei reto pelo bar me lembrando muito dos meus tempos de barwoman do National Concert Hall de Dublin. Fui mostrando o meu ticket para cada funcionário até chegar na minha cabine, a número 1, no terceiro andar. <br /><br />O lugar é gigantesco, todas as cabines tem paredes vermelhas de veludo fino e detalhes dourados. Dois minutos antes de começar, só ficava olhando para o público naquele lugar, a casa cheia, o máximo. E eu, bem brasileira, estava numa cadeira que não era a minha, que tinha a vista perfeita! (a cabine 1 fica bem em cima da orquestra). Daí um menino chato chegou e me pediu para que eu me retirasse porque o lugar era dele. Tentei, né? <br /><br />Atrás dele a visão ficou bem prejudicada, mas ainda dava para ver. Um casal de espanhóis fofos que conseguiram comprar lugares ainda piores que o meu resolveram se levantar. Então fiz o mesmo porque eu já tinha pescado duas vezes (estava muito cansada). A ópera tem quatro atos separados por um intervalo (total de três horas), durante o qual eu peguei no sono. Mas o cochilo me fez acordar para a segunda parte, que é muito melhor que a primeira. Quando eu cansava de ficar em pé, sentava e ouvia a música (tem telinhas com legendas em alemão e inglês para todos!), que de tão bonita, já bastava. Mas a atuação dos caras estava muito boa e a ópera, que chegou a ser proibida quando foi criada por satirizar a alta sociedade do século 18, engraçada. Talvez essa ópera-bufa seja uma boa opção pra quem não está muito acostumado com óperas, como eu. Primeiro por ser uma comédia e segundo por tratar de hipocrisia e traição, temas bem atuais, certo?<br /><br />Na saída, tentei pegar o metrô para ir para o albergue, mas fiquei com a sensação de que estava mais perdida no metrô do que fora, então encarei uma caminhada de uma hora. Tempo suficiente para pensar numa conclusão pessoal para a ópera do Mozart: não, melhor não falar aqui.<br /><br />DER LUSTIGSTE TAG = o dia mais engraçado.<br /><br />((Foto 1: Musikverein fechado para baile))<br /><br />((Foto 3: Não dá pra fotografar a St. Stephen Church de nenhum ângulo!))<br /><br />((Foto 2: A rua do Mozart))<br /><br />((Foto 4: Portão para o palácio de inverno dos Habsburgo - minha máquina me impressionou nessa daí!!))<br /><br />((Foto 5: Eu, sem o meu casaco de pele, na Vienna State Opera))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-32155400690949993102010-01-18T15:26:00.001-08:002010-01-18T17:33:44.497-08:00Templo Salgado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmdzUB-Su6KUg_rW2UNHoU0sK5B1XnFegvr77Aoq4POS-xEpAQfyVXBRpqZQ1CKpjUNTBDvfk86aPvbJq9xA5XumjFHpsNtsCs5qQ4VbsHrkh03f01iSNThLqO1oX4nIlkxrxKgplmsTo/s1600-h/100_0709.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmdzUB-Su6KUg_rW2UNHoU0sK5B1XnFegvr77Aoq4POS-xEpAQfyVXBRpqZQ1CKpjUNTBDvfk86aPvbJq9xA5XumjFHpsNtsCs5qQ4VbsHrkh03f01iSNThLqO1oX4nIlkxrxKgplmsTo/s320/100_0709.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428252735005428210" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg20SG1A-Dz5_2qB7TCozG-P0_55dwnwgu_XeUyjxXa_F6xRBNb2CinLV3PClp15I-Z6mJvYXRy4JB9UJo1m8OwMaoc7FYj2PYX9evmIU0fkf9whsWQUjmlCB31qAmK02n1cPjK2xG0peg/s1600-h/100_0732.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg20SG1A-Dz5_2qB7TCozG-P0_55dwnwgu_XeUyjxXa_F6xRBNb2CinLV3PClp15I-Z6mJvYXRy4JB9UJo1m8OwMaoc7FYj2PYX9evmIU0fkf9whsWQUjmlCB31qAmK02n1cPjK2xG0peg/s320/100_0732.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428252733322669170" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbMFn9KxRJmB6ikdOQnmPhFyPv0HpziQKyzHzPDfLMQJXAXhdEb2kPodIGSq0JPxx5ekkME4fP8lxLtbTFKm-25yejnR9GG8usziHfJUPB0wlhKhW6gcwlvdDHBWwIoo63sKZkTWPq9Gg/s1600-h/100_0740.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbMFn9KxRJmB6ikdOQnmPhFyPv0HpziQKyzHzPDfLMQJXAXhdEb2kPodIGSq0JPxx5ekkME4fP8lxLtbTFKm-25yejnR9GG8usziHfJUPB0wlhKhW6gcwlvdDHBWwIoo63sKZkTWPq9Gg/s320/100_0740.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428252721492297410" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4K18KGVJf7cXT-IeUE2NiU2M01YVwzsFmapSjGSiBqN_aProehTGbedRrHWy6UjojqLYAUbg2AFhVQJGB4e5BWCIm5Fyo-R1_mNeOKS1n-SSNnlVJrR39iiFMaNy0gALI_Xi7saqETvw/s1600-h/100_0746.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4K18KGVJf7cXT-IeUE2NiU2M01YVwzsFmapSjGSiBqN_aProehTGbedRrHWy6UjojqLYAUbg2AFhVQJGB4e5BWCIm5Fyo-R1_mNeOKS1n-SSNnlVJrR39iiFMaNy0gALI_Xi7saqETvw/s320/100_0746.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428252719840629778" /></a><br />Como vocês devem ter percebido (claro, né? Porque ninguém tem mais nada para fazer da vida!), ontem eu não escrevi aqui. O dia foi uma correria danada, era o meu último na Cracóvia, cidade que me surpreendeu muitíssimo, e eu ainda fui dar uma voltinha em Wieliczka, a 15 quilômetros do centro, para conhecer a Mina de Sal.<br /><br />Não sei se foi porque eu não esperava absolutamente nada do passeio (as polonesas que trabalham no albergue onde eu fiquei hospedada, "Goodbye, Lenin", me disseram que era "normal". "Ah... Tudo é feito de sal", foi o único argumento que elas conseguiram me dar para eu ficar um dia a mais na Polônia e visitar o lugar. Acho que elas são das que pulam e se encaixam nos meninos na balada. Sério. Indício: quando eu estava sozinha, elas mal olhavam para mim. Se tinha algum menino por perto, era uma gritaria insuportável.<br /><br />Diferenças culturais aside: acho que foi menos por minha baixa expectativa e mais pelo absurdo que é aquela mina - tem 300 quilômetros de comprimento e chega a 327 metros debaixo da terra. <br /><br />Desde a segunda metade do século 13 até 1996, a mina produziu sal comercialmente e desenvolveu o talento de vários trabalhadores braçais que, depois do expediente, em vez de deixar o mundo subterrâneo correndo, ficavam esculpindo as pedras de sal - apesar das ridículas condições de trabalho a que a maioria muitas vezes nem sobrevivia (mas quem trabalhava lá ganhava uma grana, já que o sal era uma especiaria valiosíssima no passado).<br /><br />Apesar de ser muito interessante de verdade, confesso que o passeio me deu um pouco de sono. E isso porque só 1,3 km da mina faz parte do roteiro turístico - o resto está fechado para o público. Mas é que chega uma hora que tudo parece meio que igual. Para me manter acordada, decidi seguir o conselho da guia (que tentava ser engraçada em todos os comentários, como esse: "if you don't believe me, you can leek the walls"), então... Provei as paredes. Também comecei a passar sal na cara inteira, parece que faz bem pra pele (pelo menos o ar puro dali "diz que" faz. Então tá, né? Ah! Aliás, a minha pele já melhorou muito desde comecei a usar aquele creme para peles extremamente ressecadas da La Roche-Posay, ótimo para temperaturas negativas e ventanias cortantes (nossa, virou roteiro do Show de Truman).<br /><br />Última coisa sobre a mina: uma mulher chamada Kinga (em português o nome é bizarro: Cunegunda), que foi parte da coroa húngara no século 13 e se casou com o príncipe da Polônia (Rei Boleslaw V), foi aclamada pelo povo de Wieliczka, na época, como responsável pelo surgimento da mina. Não me lembro bem do que a guia contou (na internet não achei a versão dela para a lenda), mas era algo como um presente de casamento que ela pediu e, quando ganhou a mina, achou lá dentro o anel de compromisso que havia perdido. Bom, vai saber. Parece também que ela nunca chegou a "consumir" o casamento e depois virou freira. Em 1999 foi canonizada pelo papa João Paulo II.<br /><br />Pode parecer, mas não foi protecionismo polonês - para se ter uma noção da importância que a Kinga tem naquele lugar, o ponto alto (altíssimo) da visita é uma igreja enorme, também subterrânea, construída em sua homenagem. Sério, o passeio vale mais a pena por causa desse templo salgado que, feito com 20 mil toneladas de pedras de sal, tem até uma réplica da Santa Ceia na parede. Os lustres com cristais (de sal!) são belíssimos e dão um contraste chique à igreja de pedra, além de uns arrepios de emoção (sério!)<br /><br />O conjunto de esculturas mais nada a ver de todos os tempos também me ajudou a não cair no sono. Chega a ser engraçada a reunião, em versões de pedra de sal, do papa João Paulo II, que na infância visitou a mina com o colégio, do Copérnico, o astronômo polonês dono da teoria do heliocentrismo (sol no centro do sistema solar), da Kinga, claro, e até dos anões da Branca de Neve... <br /><br />Voltei de lá bem mais tarde que o previsto e a cidade já estava escura, mas ainda deu tempo de dar uma voltinha pelo bairro judeu, que é a região mais legal da Cracóvia, depois de Rynek Glówny (Main Market Square). Com um monte de restaurantes e barzinhos descoladinhos, longe daquela molecada do centro - e olha que quase não tem turista no inverno! Lá também deu para encontrar comidinhas típicas polonesas. Se bem que na hora de pedir, desisti da sopa com salsicha (típica) e escolhi o crepe russo, com queijo e batata (1/2 típico e uma delícia!)<br /><br />Bom, me enrolei nesse post e vou ter que escrever outro só para o dia de hoje. Cheguei em Viena às 7h da manhã e hoje foi, de longe, o dia mais engraçado da viagem inteira!<br /><br />Viena á um absurda. Já conto.<br /><br />((Foto 1: St. Mary Church no meu último dia de viagem, antes de ir pra Mina de Sal. Quando eu visitei essa igreja um anúncio dizia: "only prayers" (ou seja: turistas que não rezam pagam) e eu, com a minha melhor cara de peregrina entrei, fiz sinal da cruz e até me refresquei com água benta. Cheguei a ajoehar e rezar, principalmente agradecer por ainda estar viva depois de tantas irresponsabilidades nessa viagem! Naquela hora só tinha umas outras dez pessoas rezando na igreja quando, de repente, começou uma missa. Claro que eu não podia sair correndo na cara do padre e acabei assistindo a uns 15 minutos de missa em polonês - não é tão diferente do que eu me lembro de entender da missa quando eu era criança e estudava em colégio católico - e o padre falava em português.))<br /><br />((Foto 2: Parece um flagra, principalmente pelo estilo da foto, mas pais puxando os filhos em trenós na neve é a coisa mais comum no inverno daqui. Imagina que aventura para essas crianças! Lembro muito vagamente do meu irmão me puxando num caminhãozinho e já achava o máximo!! Se bem que o trenó já deve estar banalizado entre os europeuzinhos, eles devem achar até meio boring...))<br /><br />((Foto 3: Já na Mina de Sal. Antes de entrar tem que ficar tonto descendo milhões de degraus. Não sei o que é pior, isso ou o elevador que sobre igual uma lata de sardinha, todo mundo grudado em todo mundo, na volta))<br /><br />((Foto 4: As fotos dentro da mina estão um horror. Esse aí é o Copérnico. Lá no templo da Kinga a luz tava boa, mas acredita que tinha que pagar quase três euros por FOTO TIRADA????? Fiquei passada com isso! Porque não estão vendendo uma foto para você, estão vendendo uma permissão. Mas se depois de pagar pode, qual é a diferença??? Eu ia até fazer uma roubatinha-foto (com a minha própria câmera, que ridículo), mas achei tão absurdo que desisti))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-22359893805695354672010-01-16T03:28:00.000-08:002010-01-16T05:43:52.779-08:00WHO NEEDS MEN?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvwS30Q-px6TTp-y8yyB3PbrUhYHNR6R2N-b8lQ52krcHsd0zbpUjkbz6t7Zj8retsLceI8LZijUt2aSB8uNMeRNipS2yXFawsBnpF3A-zILZFgqdnau41i32vDHYN75Ohq0-6brxcoH4/s1600-h/100_0706.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvwS30Q-px6TTp-y8yyB3PbrUhYHNR6R2N-b8lQ52krcHsd0zbpUjkbz6t7Zj8retsLceI8LZijUt2aSB8uNMeRNipS2yXFawsBnpF3A-zILZFgqdnau41i32vDHYN75Ohq0-6brxcoH4/s320/100_0706.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427328853076911330" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTknur6afCRPL-MsfYkS22PtNotthvuNDYPBClDn0_BuTjYcVt2MDbachwzfI7KhOWpvm1h_vExezKvANzBXArONc8_mt5r_3IShLsXS4m8oQojhJqOmYMMIVEws6nIg39PtUoa04Gn-o/s1600-h/100_0707.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTknur6afCRPL-MsfYkS22PtNotthvuNDYPBClDn0_BuTjYcVt2MDbachwzfI7KhOWpvm1h_vExezKvANzBXArONc8_mt5r_3IShLsXS4m8oQojhJqOmYMMIVEws6nIg39PtUoa04Gn-o/s320/100_0707.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427328850984745890" /></a><br />Eu deveria estar conhecendo o mundo lá fora, mas em vez disso estou aqui no albergue com um casal de meninos super preconceituosos. Sabe aqueles gays que não se misturam com mulheres? Eu percebi isso assim que desci para a recepção e vi um deles comprando a segunda garrafa de still water - enquanto eu já estava na minha segunda xícrinha de água da torneira. Lancei a polêmica da água potável, professei uma pequena teoria sobre as torneiras europeias e dei muita risada com o recepcionista, enquanto o garoto nem olhou pro lado.<br /><br />O amigo/namorado dele chegou cinco minutos depois, já reclamando com o recepcionista sobre algo que eu não entendi direito. Sabia que ele queria se mudar para o meu quarto (de onde eu e um grego fedido fizemos o check-out hoje), mas não entendi o por quê. Então decidi prestar atenção. Diálogo entre os dois:<br /><br />-I can't believe it, man!, ele disse, no seu melhor jeitinho cult/idiota, contrariado.<br />-Is it that bad? <br />-There are girls, it's enough.<br /><br />Dá pra acreditar???<br /><br />O pedido dele foi negado e o clima pesou um pouco aqui na recepção.<br /><br />Bom, não vou me estender muito neste post, apesar de ter história boa suficiente para escrever um essay.<br /><br />Vou misturar as histórias de anteontem e ontem à noite.<br /><br />Anteontem, 14/01, quinta-feira.<br />Os primos Rodrigo e Tiago, que eu conheci em Praga (e por quem desenvolvi um grande apreço), decidiram ir pra balada hoje à noite (como sempre fazem). Eu cheguei na Cracóvia na quinta de manhã, mas só fui encontrar com eles umas 19h, sem querer, na porta do albergue. Eu voltava de um passeio (naquele em que comentei ter comido uma pasta gostosa acompanhada de um lambrusco tinto - ah, também comprei um sabonete da L'Occitane. Minha pele estava horrível e decidi que seria um dinheiro bem gasto: 30 slots). Eles estavam de saída para comprar a Wyborowa, meio-culpada pelo que aconteceu mais tarde (a outra metade da "culpa" é minha mesmo).<br /><br />Bom, acho que serei obrigada a apresentar aqui o Fernando, que também estava hospedado no albergue. Natural de Porto Alegre, estudante de medicina, tem jeito de malandro e algumas meninas podem até considerá-lo bonito - principalmente as polonesas, que piraram em todos eles -, mas eu não acho. Depois do esquenta, em que misturei a vodka com quentão, acho que meu conceito de beleza mudou um pouco.<br /><br />Aconteceu que fomos os quatro para a balada mais famosa da cidade (vou pegar o nome com eles depois para publicar aqui, vai que você fica com vontade de ir pra Cracóvia, né?). Eu era a mais desanimada da turma - sempre tive uma preguiça infinita desse tipo de balada, onde gente que nunca se viu na vida dança músicas que nunca ouviu na vida fingindo que está confortável com aquela situação constragedora, até gastar metade do dinheiro que tem para fazer tudo isso De novo, agora sob o efeito de álcool - pra não ter que se lembrar daquela merda toda no dia seguinte.<br /><br />Na porta da balada, eis que o segurança, o típico babaca que me faz sair do sério (e quem me conhece sabe bem que pouquíssimas coisas me fazem sair do sério) disse que a calça do Fernando era "inapropriada". Eu já lancei: "Então tá, vamos???" Mas os meninos ficaram insistindo com o cara, que muito deseducadamente os ignorou. Então eu não me aguentei e disse: "What would be, in your opinion, a proper trouser?" Ele apontou para o jeans de segunda que ele próprio vestia. E eu: "hoho. This?" Ele: "Yeah. Don't you think?". Naquele ponto, já tinha entendido a brincadeira de quem-consegue-ser-mais-sarcástico-em-um-diálogo-curto: "I think our concepts are way too diferent".<br /><br />Silêncio. Minha mãe costuma falar até hoje que eu sempre quero ter a última palavra em qualquer discussão. Durante toda a minha vida, neguei a acusação veementemente.<br /><br />Ontem, tive que assumir: teria argumentos suficientes para responder até o final se ele continuasse. O ambiente ficou tenso mas, mesmo assim, os meninos resolveram ficar. Eu e o Fernando, então, saímos em direção a outra balada - eu não queria ir, mas também sabia que o Fernando queria sair e não queria estragar a noite dele (porque eu sou idiota, né?). Fomos para uma outra balada, Diva (sempre tem uma balada que se chama Diva em qualquer parte do mundo, é impressionante!). Preciso dizer que foi uma experiência cultural bacana. Parecia que entrávamos em um set de um filme underground selvagem, com polonesas dançando incrivelmente empolgadas, até demais na minha opinião. Aqui, elas abordam os meninos (aqueles que elas nunca viram na vida), pulam em cima deles com as duas pernas entrelaçadas nas deles, tipo montadas mesmo, sabe? Não dá para acreditar. Juro que levei um tempo para me recuperar do choque.<br /><br />Fomos beber uma cerveja local no bar da balada. A pint é enorme e até que tava gostosa. Wyborowa + cerveja polonesa + quentão = suficiente para nos fazer levantar e nos juntar àquela polonesada toda. Um estranho fantasiado de padre veio falar comigo, apesar do Fernando ali do meu lado. Eu levei um puta susto. Do nada, o cara começou a gritar na minha orelha o que, na hora, me pareceu algo do tipo: "Não é assim que se dança aqui!!!!! Você tem que pular nos meninos igual a elas e bater o cabelo com mais força! MAAAAAAAAAAAIS!!!!!". Mas na hora eu desconfiei que poderia não ser isso o que ele tentou me dizer. "Sorry, I can't understand you, I'm afraid". Muito rapidamente, ele traduziu: "No problem, baby. I said: do you wanna get rid of your sins tonight?". Claro que eu não tive outra alternativa a não ser cair na gargalhada. Sério. Entretenimento dos bons. <br /><br />Depois disso, o Fernando (que dançava comigo de um jeito normal até aí) perdeu a noção completamente e me beijou. Não vou me estender muito sobre a polêmica do comportamento dos homens brasileiros para com as mulheres. O beijo não foi nada ruim, mas preciso dizer que fiquei muito, muitíssimo irritada, mas me esforcei para não transparecer. Então, falei: "Vamos sair daqui?" E ele respondeu um pronto "vamos!", do tipo: "claro, para que perder tempo na balada se você tem um quarto só para você no albergue???" Eu desisti de responder qualquer coisa.<br /><br />No albergue, ele entrou no meu quarto e não queria mais sair. Fui grossa, repeti mil vezes que queria dormir sozinha e ele mandou um "te acalma, só quero deitar contigo!", naquele sotaque que eu comecei a abominar. Ele deitou. Eu sentei. Será possível uma coisa dessas? "Olha, não quero ser chata, mas gostaria bastante que você saísse agora". Ele começou a me perguntar "por quê? Mas não tá bom?" Minha última alternativa foi falar que tenho namorado (dá para acreditar que precisei fazer isso? Não minto assim para fugir de alguém desde a adolescência). Sabe o que ele respondeu?<br /><br />-Então o que tá fazendo aqui comigo? (ainda aquele sotaque)<br /><br />-O QUÊ???<br /><br />Nossa, virei uma onça. Fiquei mais brava do que tinha ficado com o polonês das calças baratas na balada. E comecei a gritar muito, foi hilário!<br /><br />-EU COM VOCÊ? FAZ UMA HORA QUE TO TENTANDO ME LIVRAR DE VOCÊ E VOCÊ NÃO VAI EMBORA!!!!<br /><br />-A reação dele foi engraçada, foi se encolhendo todo e finalmenete disse um "tá", baixinho. "O cara que vai vir amanhã é o teu namorado?", ele insistiu em continuar.<br /><br />O cara que viria "ämanhã" é o Rulian, assim com "R" mesmo. Eu comentei neste blog sobre ele, o brasileiro que demorei pra pareceber que era brasileiro e que, fofo, me ajudou quando eu estava perdida às 7h da manhã na estação de trem da Cracóvia. Até me levou ao meu albergue e esperou que eu fizesse o check-in!<br /><br />-Claro que não.<br /><br />Ele foi embora, deixou a chave do quarto comigo. Algumas horas depois, acordei e, por uns cinco segundos, não conseguia lembrar por que eu dormia de calça jeans e um monte de jaquetas e ainda tinha as lentes nos olhos. Mexi minha mão esquerda que, fechada, ainda segurava a chave firmemente. Lembrei de tudo e fiquei muito irritada, muito mesmo.<br /><br />Já sei que a maneira com a qual os homens brasileiros (a maioria) tratam as mulheres numa abordagem simples pode ser polêmica. Me lembro de comentar com o Fernando, meu irmão, sobre o Antoine, poucos dias depois de ficar com ele, lá no Brasil, dois anos atrás. Estávamos comendo os dois sentados na mesa da sala e eu, que contava apaixonada como acabara de conhecer o francês, lhe disse que os europeus eram muitíssimo mais gentis que os brasileiros (isso porque eu nunca tinha sequer viajado pra Europa). O Fernando ficou puto, muito mesmo, e defendeu a classe masculina brasileira. Ele tinha razão. O Antoine era só mais um charlatão e, afinal, a classe de filhos da puta é internacional, não é mesmo? Com os anos, percebi que o Fernando tinha mesmo razão. Mas agora, depois de tanto tempo sem ficar com um brasileiro, vejo que não é bem assim.<br /><br />O Alastair foi para o Brasil e voltou dizendo que o jeito com que os brasileiros conversam com as mulheres é "crazy". "Eu tento imaginar tratar uma menina desse jeito aqui... Chegar falando que ela é a mais linda e tentar beijá-la!" E a gente riu um monte juntos. "Credo, é um horror mesmo", foi a minha resposta. Pena que não dá pra traduzir a expressão "uó" para o inglês.<br /><br />Tá aí, mais um motivo, além da reforma ortográfica, para eu não voltar ao Brasil no dia 8 de fevereiro.<br /><br />Ontem, 15/01, sexta-feira.<br />O dia foi pesado em Auschwitz e meus olhos ainda estavam até um pouco inchados pelas lágrimas que eu tentei segurar em vão.<br /><br />((vou escrever um post só sobre Aushwitz e a dor dos outros no meu caminho para Viena, hoje à noite.))<br /><br />Na volta, acompanhei os meninos, Rodrigo, Tiago e Rulian, que acabaou virando amigo deles, para a estação de trem, na tentativa de comprar o meu bilhete (vou pegar o mesmo trem que eles, só que hoje à noite, e encontrá-los no albergue Wonbats, ou algo assim, preciso fazer a reserva.<br /><br />Voltei, sabia que o Fernando estaria por aqui e já tinha todo um discurso de fuga preparado na minha cabeça. Mas para entrar no albergue, eu precisava digitar uma senha de quatro digitos que me escaparam da memória. Fiquei tentando várias combinações diferentes entre 3, 1, 9 e 7, fiz um N fatorial mental, mas não rolou.<br /><br />De repente, comecei a prestar atenção na música que tocava nos fundos. Fui atraída por ela, abri uma portinha camuflada pelo grafite da perede. Abri, entrei. O bar, bem alternativozinho, é exatamente o tipo de lugar em que consigo me sentir muito bem. E tava rolando uma noite Karaoke!! Cheguei, sentei em um banquinho e fiquei cantando junto com os poloneses! Um deles me chamou para sentar com eles. Fui pegar uma cerveja antes. Eu não sabia, mas aquela era a mesa dos amigos do Dj! Eles me trataram muito bem e instantaneamente eu virei melhor amiga de uma menina muito gente boa que estava com eles. O Dj era fã de Sepultura e me perguntou se essa palavra tinha algum significado em português. Eu expliquei que é o lugar onde enterram os mortos, tá certo, né??? haha<br /><br />Quando falei que era brasileira, foi uma festa. Me perguntaram até se no Brasil tínhamos rei!!!! Diversão garantida!<br /><br />Decidi dedicar a minha noite, que estava sendo MUITO LEGAL, à Carla, e às várias noites MUITO LEGAIS que ela já me proporcionou em Dublin! Adivinha o que cantei, Carla??? <br /><br />We can work it out!! Pois é.<br /><br />Depois de beber mais e fumar cigarros do Dj, decidi cantar mais uma: With or without you. Engraçado o jeito que o Dj me apresentava pra galera: "jhkjhsadkjhskjdhjdkhddhajbrazilianjcjkgakjsc". Só entendia a minha nacionalidade em algum lugar no meio da frase, daí me tocava que era a minha vez! Assim que a música começou, uma galera entrou no bar e todo mundo começou a cantar comigo! Foi tão legal!<br /><br />Já passava da 1h e a noite, programada para ser tranquila, foi mais uma vez muito louca. E, para terminar com chave de ouro, um polonês decidiu dedicar a próxima música à Silvia e ao Max! Já sabem qual, né?<br /><br />Lambada!<br /><br />Choooooorando se foi... Aí não aguentei, né? Larguei as minhas coisas e fiquei dançando lá no meio, ao som do sotaque puxado do polonês cantando em português, com a galera que levantou para dançar junto!!<br /><br />Viu só?<br />Quem precisa de homens???<br /><br />((FOTO 1: Parede do corredor do albregue que eu, sem lembrar da senha, não conseguia alcançar. (depois a barwoman veio comigo até a porta e apertou um só botão. A porta abriu na mesma hora, que verognha!))<br /><br />((Foto 2: Corredor do albergue com a portinha do bar REAKTYWACJA, o melhor da Cracóvia!!!!))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-5650660774433929852010-01-15T18:39:00.001-08:002010-01-15T19:36:59.265-08:00To Mr. Yellow!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://cache.boston.com/bonzai-fba/Third_Party_Photo/2008/03/24/1206371462_8352.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 333px;" src="http://cache.boston.com/bonzai-fba/Third_Party_Photo/2008/03/24/1206371462_8352.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://blogs.phillyburbs.com/news/reality/wp-content/blogs.dir/21/files/2009/October/white_people_like.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 298px; height: 450px;" src="http://blogs.phillyburbs.com/news/reality/wp-content/blogs.dir/21/files/2009/October/white_people_like.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV_0W2o5Vjy8g3ak-HGEMViUB3NaV86bdYEPnF-aIGtdnPvLDZR2y7WMo0KtR8fQentTGkmCL4o6uVhyphenhyphen1TJn2Eh092Q4R6USyq60eHVOXL57jcMXt1aTZbX8Za5xaELhiKscIbIgATz_s/s1600-h/100_0702.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV_0W2o5Vjy8g3ak-HGEMViUB3NaV86bdYEPnF-aIGtdnPvLDZR2y7WMo0KtR8fQentTGkmCL4o6uVhyphenhyphen1TJn2Eh092Q4R6USyq60eHVOXL57jcMXt1aTZbX8Za5xaELhiKscIbIgATz_s/s320/100_0702.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427162358223546770" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikaj6u9jKHa2C1Hm2ImEfzFTdKK312wbEuKX4ks_wkIfsNu3uyoWH1qd2Pq4MSIFzia0uTTVSvEHLVu9p-YFSuyxexsY9rvvDazFi3uhrkGolAsO0wBX_n2Zjg5KNKrxOiEUZcCDyDQD8/s1600-h/100_0691.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikaj6u9jKHa2C1Hm2ImEfzFTdKK312wbEuKX4ks_wkIfsNu3uyoWH1qd2Pq4MSIFzia0uTTVSvEHLVu9p-YFSuyxexsY9rvvDazFi3uhrkGolAsO0wBX_n2Zjg5KNKrxOiEUZcCDyDQD8/s320/100_0691.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427162354805326130" /></a><br />((Muitas, muitíssimas, inimagináveis coisas aconteceram comigo entre ontem e hoje. Mas depois que cheguei de outra das mais loucas noites da minha vida, o assunto não será eu. Será o meu moleskine.))<br /><br />Como uma boa novata em blogs e afins, desde que criei o Beleléu parece que virei duas: a Ju que vive e a Ju que pensa em como colocar a vida no papel. E o fato de a segunda Ju às vezes me parecer mais interessante que a primeira me assusta um pouco às vezes. Antes de dormir ando tendo ideias que, se considero boas, me dão uma sensação de adrenalina de me tirar o sono e me dão vontade de escrever imediatamente. Depois me lembro das outras 10 pessoas que talvez estejam dividindo o quarto comigo em um albergue de algum país da Europa central e desisto.<br /><br />Talvez o medo de me interessar mais pela Ju virtual venha da liberdade, também virtual, que tenho para ser quem eu bem entender no papel (na internet?) - afinal, eu invento minhas próprias palavras, não é? Mas depois me lembro que as palavras, as frases e os (vários) parágrafos que escrevo sobre mim mesma não chegam aos pés da realidade. Um dia quem sabe, quando eu tiver o total domínio das palavras, isso possa se converter. Por enquanto elas me dominam, escapam da minha mente de forma desordenada - talvez por isso eu tenha que escrever tanto. Tempo.<br /><br />Descrita minha empolgação com o meu projeto novo, nem preciso comentar o meu estado de excitação quando vejo comentários em meus posts. Unzinho que seja é o suficiente para me fazer crer que tem alguém lendo isso aqui e já me deixa ansiosa para descobrir qual vai ser a próxima loucura a ser publicada.<br /><br />Mas o que rolou na noite de ontem/madrugada de hoje e na tarde/noite de hoje teve que dar lugar a uma resposta (sem pergunta).<br /><br />Alguém muito petulante, auto-proclamado Mr. White, invadiu o Beléleu ontem. Não tenho nem ideia de como me encontrou ou como entendeu meu português distinto. Pelo jeito irônico de escrever, até chutei que poderia ser a Fê Beck disfarçada de Mr. White, mas em seguida lembrei que a hipótese seria muito pouco provável: ela estava comigo com eu comprei meu moleskine, em Londres.<br /><br />O tal Mr. White me escreveu o seguinte:<br /><br />Mr. White disse...<br /><br />1. HOW did you ever think of NOT telling that story? It’s a very good one, HELLO? Fat female police officers are funny!<br /><br />2. Oh, my god, I can’t believe you jumped on the Moleskine bandwagon. But on a second thought, that makes sense. Journalists love jumping on bandwagons. Here, two funny posts for you, my love:<br />http://stuffwhitepeoplelike.com/2008/01/23/19-travelling/<br />http://stuffwhitepeoplelike.com/2009/02/24/122-moleskine-notebooks/<br /><br />((gente, espera, como ele sabe que eu sou jornalista????)<br /><br />3. I have a bottle of Wyborowa here with me, but I’m not a big vodka fan. I’ve got it as a gift. I may share it with you someday!<br /><br />Vocês devem imaginar a minha situação nessa viagem: sozinha, tendo que pensar em tudo sem ajuda de ninguém (apesar de não pensar muito na maioria das vezes), dependendo de sinais fracos de internet. Então, depois de ler isso, pensei em responder grosseiramente e imediatamente, sem sequer abrir o links enviados. Mas quando eu vi o nome do site, me interessei. Na correria do café da manhã do albergue "Adeus, Lenin", no número 34 da Rua Grodzka, prestes a ir a Auschwitz, eu ignorei os outros hóspedes e li, li um monte, li de novo, ri, pensei em responder, pensei em não responder... Confesso que o fato de eu não ter noção sobre quem era o Mr. White (e a ironia do comentário dele, acabando comigo e meu querido moleskine), me despertaram um sentimento interessante.<br /><br />Na internet, descubro que o Mr. White tem uma identidade muito mais bem definida (pela wikipedia, inclusive) do que eu pensei (aquela coisa mistério/suspense/menino-de-cabelo-sujo-e-gravatinha-borboleta que rondava o meu imaginário foi meio que por água abaixo...).<br /><br />Aí vai a ficha completa:<br /><br />Nome: Christian Lander (ele se esconde por trás de "Mr. White" e não é amarelo, como eu pensei, é mais branquelo do que muito irlandês!)<br /><br />Nacionalidade: Canadense<br /><br />Idade: 30<br /><br />Profissão: Estudou inglês e história, fez um master em filme e um P.h.D. em filme e literatura, título que o faz "soar mais culto do que ele é na real", nas palavras dele. Parece que ele queria ser roteirista de sitcoms engraçados, mas acabou virando copywriter em uma agência x, o que, peloamor, deve ter deixado de lado depois que o blog virou sensação, com atualizadíssimas 63,224,650 visitas até agora (desde janeiro de 2008)<br />e hoje é escritor profissional (ver próximo campo).<br /><br />Livros (tá, só tem esse campo porque ele tem um livro! haha): "Stuff White People Like" que, Mr. Yellow, eu acredito sinceramente ser uma possível base para uma ótima comédia. Não falei que tudo dava certo no final??<br /><br />Pretensões para o futuro (ué, se ele quer tomar uma vodka comigo, tem que deixar claro as intenções, não é para isso que um date serve, Pablo???): não desistiu da ideia do roteiro engraçado. Eu já disse: apesar de não ter lido o livro, aposto que ele tem material suficiente para uma das mais engraçadas séries que a TV já viu, vide a minha reação sobre o post do moleskine.<br /><br />Agora, com meus leitores pacientes já atualizados, responde-lo-ei:<br /><br />Dear Mr. Yellow,<br /><br />Who the hell you think you are to join a pacific open comunity, officially called "No Beleléu" (At the Beleléu!), and talk mean things about me and my brand new notebook?<br /><br />Sorry, I had to begin in this rude tone, just to pretend I am respectful, which I kind of am, actually!<br /><br />And I have to say that I totally agree with you about the moleskine stuff, though I still think you and you "cult" glasses may never wander around without one of those as well - which I believe, as you are a cool well-known person (somewhere) and I'm not, you have for longer than I do. That's why I want to make clear the way things turned like this:<br /><br />The very first time I've ever heard about what wikipedia calls a "prominent creative tool for avant-garde artists from the 19th and 20th century, such as Oscar Wilde, Vincent Van Gogh, Pablo Picasso, Ernest Hemingway and Henri Matisse", was in a pub called Sin E (meaning That's it in gaelic), in Dublin. The guy I was in love with was going away for six months and he was showing me what he had bought for his trip so far. The notebook, that I found pretty shit, appeared to be very important to him. And as he realized I had never seem or heard about a Moleskine before, he went: "Don't you know? Blá blá blá... (same wikipedia content). I said: aha, ok. We skip the subject. The following day, walking ramdomly around a Book Shop, I saw it. "God, that's it", was my silent reaction. I also remember I found it very expensive. "Maybe he thinks he'll turn to be one of them, who knows..."<br /><br />Other six months passed, he is back to Dublin with no skills upgrades of any kind, I'm sure, but with a very nice writing - in a blog rather than in his moleskine, though.<br /><br />He went on living his life back in Ireland and I did the same (not really back anywhere yet, but I'm trying to, really).<br /><br />In London, where I spent New Year's, I realized I had NOWHERE to write ordinary information (hostels addresses, flights times, etc) and I entered this shop. I was already holding a one pound notebook when I saw the Moleskine 40th Anniversary Edition (celebrating Woodstock), red cover and a small white bird on the top of a guitar. Instead of the 20 irish euro, it was on sale for only 9,99 pounds. I just couldn't resist. Not for the moleskine, but for its bird. Now I love my red notebook with its white bird and I have to admitt I'm also a white (whiter than ever in this terrible winter, actually) person who likes to write uninteresting things and to draw silly stuff in a moleskine.<br /><br />I bet that's the way Picasso once started.<br /><br />Keep the Wyborowa carefully.<br /><br />Sem mais. <br /><br />((Foto 1: Breaking News: Identidade de Mr. White desvendada))<br /><br />((Foto 2: O roteiro está pronto, Mr. Yellow!))<br /><br />((Foto 3: Escrevo o que bem entender, me deixa em paz))<br /><br />((Foto 4: Moleskine 40th Anniversary Edition. £9,99. Eu acho worth it))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-67771113669274960172010-01-15T00:31:00.000-08:002010-01-15T00:46:38.309-08:00"THIS, NOT!!!!!!!" (sem foto)Por dois minutos não perco o trem. E, por um vagão, quase que me perco pelo interior da Polônia para sempre.<br /><br />Desde que eu viajei pela primeira vez de trem na Europa, de Berlim para Praga, no domingo, fiquei com medo de ser mulher/sozinha.<br /><br />Porque sempre tem isso, né? Eu me lembro de quando ia ver os jogos do São Paulo com o meu pai e o meu irmão... Qualquer roupa que eu colocava eles reclamavam: curto demais, apertado demais, desagasalhado demais. Eu achava, claro, exagero demais, ou preconceito demais. Um dia, num São Paulo X Corinthians, no Pacaembu, há pelo menos uma década, meu pai não me deixou ir com eles. Eu achei absurdo, fiz barulho, disse que ia me trocar rápido. "Tá bom" foi a resposta. Quando voltei para sala com a minha camisa da IBF... Eles já tinham saído. Desesperada, entrei na cozinha, onde minha mãe preparava um bolo. "Cadê eles??" E ela, na maior calma: "já foram". Não falei nada. Saí correndo, já chorando, para qualquer lado da Consolação. Tinha um pouco mais de dez anos e nem sabia onde ficava o estádio direito. Voltei com uma mistura de raiva e sensação de injustiça - só porque era mulher, só por isso.<br /><br />Claro que essa não foi a única coisa desse tipo que me aconteceu na infância e que me fez tentar levar uma vida mais parecida possível à de um homem (como dirigir cedo, ficar bêbada sem vergonha e, o principal, andar sozinha sem medo). <br /><br />Até pegar o meu primeiro trem na Europa.<br /><br />Teve um detalhe da minha viagem Praga-Berlim que eu tinha decidido não contar, porque no fim das contas, quando a viagem acabou, achei que não tinha muita importância. Mas aí prometi pro Fê Ianni que ia publicar essa história aqui!<br /><br />Quando eu entrei no trem, a primeira impressão foi boa. Cada cabine com seis bancos e encostos inteiriços que permitem tranquilamente uma boa noite de sono.<br /><br />Por pouco o trem não estava deserto, o que eu achei ótimo, já que queria ficar sozinha.<br /><br />***<br /><br />Dominei a cabine: Deixei coisas molhadas secando, liguei o computador e, com tanta adrenalina, nem pensei em dormir. Fiquei escrevendo.<br /><br />De repente, um dos funcionários do trem me aborda no meio do corredor (eu tinha saído para ir ao banheiro): "Daqui para frente, não saia mais, os assaltantes vão chrgar". Desde que cheguei na Europa Central tive a sensação de que o pessoal é direto demais. Falando o inglês deles, então, mais ainda. Por isso, na hora pensei: "Afe, que exagero! To na Europa!!!". Cinco minutos depois, o mesmo funcionário: "Acho melhor você mudar de cabine, chegou esse menino aqui, ele também é jovem... E amanhã vocês podem tomar uma cerveja juntos!"<br /><br />Tudo muito estranho. Bom, o cara era funcionário do trem, né? Então acatei a ordem dele e sentei com o checo. Cara de malandro, 21 anos, a primeira coisa que ele me perguntou foi: "Você tem ticket?". Eu disse que sim, por quê. "Because I'm a black passenger". Eu vi que ele estava muito tenso desde o início. Então eu falei: "relaxa, se perguntarem alguma coisa eu digo que você está comigo!" Na hora me arrependi: "por que fui falar isso??"<br /><br />No fim das contas, ele escreveu no meu moleskine a tradução de obrigado, de nada, puxe, empure (cansei de errar isso em Berlim), por favor e desculpa. E também aproveitou para aprender português! Com mais confiança, ele me contou que o mesmo funcionário que me abordou as duas vezes disse para ele que ele não precisava comprar o ticket, se não quisesse. Cobrou 20 de propina, que ele se recusou a pagar. E por isso estava com tanto medo. Tudo me pareceu tão estranho... Mas eu tava com a cabeça em outro lugar e tudo o que eu falava para ele era: "relax!! Everything is gonna be fine!"<br /><br />E ficou tudo bem.<br /><br />Ontem à noite, quando eu embarquei no trem Praga/Cracóvia, já entrei com um pé atrás. Estava de novo sozinha em uma cabine e, dessa vez, queria dormir. Amarrei uma alça da minha bolsa num pé e a alça da mochila em outro, para dormir tranquila. De repente, uma policial enorme, gorda, invadiu a minha cabine gritando. Eu acordei daquele jeito: coração desparado, cega, procurando o óculos e muito, muito assustada. Na hora achei que ela estivesse pedindo o meu bilhete. Então, quando mostrei, ela começou a gritar comigo!!! Muito brava! Ela fez sinal de "vem comigo" e eu, ainda muito assustada, segui. Ela me mostrou o um papel sulfite colado na janela do vagão, que dizia o nome de uma cidadezinha nada a ver. Ela bateu na janela, dizendo "YOU, KRAKOW! THIS, NOT!!!!". Eu tomei outro susto, peguei minhas coisas correndo e troquei de trem. Pouco depois, os vagões se separaram...<br /><br />Acordei já na Cracóvia, não tinha mais ninguém no trem. Desesperada, achei meu óculos, joguei minhas malas na plataforma de qualquer jeito e, assim que eu saí, o trem foi embora.<br /><br />Mais uma vez perdida, pedi ajuda a umas seis pessoas. Até a faxineira da estação, quando perguntei sobre o banheiro, gritou comigo... Desamparada, vi alguém com um mochilão e abordei. Depois de falar por uns cinco minutos com ele em inglês, descubro que é brasileiro. Como não adivinhei dessa vez, deus????<br /><br />Ele foi um fofo, me levou até o meu albergue e vai amanhã pra Auschwitz com a gente (comigo, o Rodrigo e o Tiago, os dois primos que eu conheci em Praga, lembra?)<br /><br />Eles estÃo aqui do meu lado me enchendo para eu terminar logo, vamos pra balada... To tomando quentão.<br /><br />Hoje dormi até 16h, tive que trocar de albuergue (por falta de hóspedes o primeiro ia fechar) e mais tarde saí passeando pela cidade, sozinha. De longe, foi a que mais gostei. Perdi todo o preconceito que tenho contra os poloneses. Me senti muito confortável aqui, entrei na igreja mais bonita da minha vida (talvez depois da Santa Maria Del Mar, em Barcelona) e, que nem madame, entrei num restaurante e comi um tagliatele com mushrooms e lambrusco tinto.<br /><br />Agora já estou sob o efeito de Wyborowa (o Rodrigo acabou de me soletrar). Não sei mais o que to falando.<br /><br />Tenho que ir.juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-8839861937120249702010-01-13T11:25:00.000-08:002010-01-14T07:35:06.760-08:00ABSURDO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk0i53svqSFHJW-_josg2ht6mFwOflxWy5LYx2kuHX5IxfmkBwhiHx0uM_hQdntO5SJP2HPDSOi3ofHY25fKaQXSc0FwitN6JQc58Te7esnZvM4wVbuYdtzb08qV4hrFKDJTIcezjXQms/s1600-h/100_0607.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk0i53svqSFHJW-_josg2ht6mFwOflxWy5LYx2kuHX5IxfmkBwhiHx0uM_hQdntO5SJP2HPDSOi3ofHY25fKaQXSc0FwitN6JQc58Te7esnZvM4wVbuYdtzb08qV4hrFKDJTIcezjXQms/s200/100_0607.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426314397351573922" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieNJuqhhH7Lnikuw4V7q0SgZGEQ1riNSX2v60f0Sj8_rINmG-G4GZfyNw5sMhjRNi1Rh8Pj3vhz51uk0g2jGKV9XDH1X93-i6QntWahdX71j3sekMTXzaSGmUz3_oVA8CJC3FJEILcmo0/s1600-h/100_0604.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieNJuqhhH7Lnikuw4V7q0SgZGEQ1riNSX2v60f0Sj8_rINmG-G4GZfyNw5sMhjRNi1Rh8Pj3vhz51uk0g2jGKV9XDH1X93-i6QntWahdX71j3sekMTXzaSGmUz3_oVA8CJC3FJEILcmo0/s200/100_0604.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426314379634884178" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrf0IxFHviFoEdfWTCz2pi-GqSN3IKblclBj2HxF-8qZEBmFlJspORy-UtlwKTnCo_4ggTqnomk48vAZ_XLLpg7gbUVdokKMkmJ0Dg-X6hRJlNoM2VpyK_PdWc0QAdjKYyoV7Wng9qxvY/s1600-h/100_0598.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrf0IxFHviFoEdfWTCz2pi-GqSN3IKblclBj2HxF-8qZEBmFlJspORy-UtlwKTnCo_4ggTqnomk48vAZ_XLLpg7gbUVdokKMkmJ0Dg-X6hRJlNoM2VpyK_PdWc0QAdjKYyoV7Wng9qxvY/s200/100_0598.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426314374633520786" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixPjsyjauwIVJQe2g1VlY8atjPn4WHFuhhyphenhyphenKRsnlU61xMClqsylEy0FDhOlWaIcXE7LgczohTnNGa4x2xohdaofONnVXZr1Q9LNbqepAwPZlLSDU2QS70ZmT0V8S8eM8uIKwFHSG0WSA8/s1600-h/100_0614.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixPjsyjauwIVJQe2g1VlY8atjPn4WHFuhhyphenhyphenKRsnlU61xMClqsylEy0FDhOlWaIcXE7LgczohTnNGa4x2xohdaofONnVXZr1Q9LNbqepAwPZlLSDU2QS70ZmT0V8S8eM8uIKwFHSG0WSA8/s200/100_0614.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426314367200052930" /></a><br />Para o alívio dos meus leitores mais preguiçosos, terei de ser muitíssimo breve neste post. Pretendo pegar o trem das 21h30 para a Cracóvia e acabei de chegar de mais um dia de andanças pela linda Praga.<br /><br />Mas apesar de finalmente ter visto a hora cheia bater no Orloj - e me sentir patética no meio de um monte de turistas que também esperavam as 17 horas -, de entrar, do nada, em uma capela e assistir a um concerto de música clássica com órgão, arpa, piano e violino na biblioteca barroca do primeiro andar da construção (depois saí cantarolando Carmem no bondinho!), de conhecer a rua Parizska, com as lojas mais chiques do mundo, espiar a Tyn Church por suas portas de vidro (ela estava fechada por causa do "mau tempo"), de descobrir que dá para subir na torre da Charles Bridge e mais um monte de outras coisas, o ponto alto do dia aconteceu antes de sair do albergue, o Czech Inn (que não tem o mesmo cheiro que o bar homônimo de Dublin, no Temple Bar, graças a deus).<br /><br />Eu terminei de arrumar as minhas malas e ia descer para fazer o check out antes do meio-dia, para ainda ter tempo de tomar o café da manhã. Mas um grupo de meninas que chegaram no quarto começaram a puxar conversa e eu só consegui sair 15 minutos depois. Virei à esquerda no corredor branco e vazio, tudo às moscas. Chamei o elevador.<br /><br />Quando a porta abriu, dou de cara, DE CARA, com o Pablo e a Karem, amigos muito queridos que trabalharam comigo no National Concert Hall, em Dublin. NÃo é o máximo?????? Eu sabia que eles viriam, mas não consegui me comunicar com eles e não conseguimos combinar nada, apesar de o primeiro dia deles em Praga ser meu último aqui. Nem em qual albergue eu fiquei hospedada (e quem leu o blog há dois dias sabe como eu vim parar aqui), tinha falado para eles. <br /><br />Coincidência? Destino?<br /><br />Foi tão emocionante! Primeiro vi o Pablo, depois a Karem. Gritei feito uma louca, mas a minha reação foi a pior: saí correndo, corri por todo o corredor e me escondi!!!! O Pablo até chorou... Bonito, né?<br /><br />E tudo isso que eu disse que eu fiz hoje foi muito mais legal na companhia deles. <br /><br />Vou nessa, porque se eu perder esse trem... Acho que nem amanhã de manhã! Se tudo der certo devo chegar às 6h30 em Cracóvia!<br /><br />E dessa vez tenho até albergue reservado.<br /><br />((Foto 1: Olha aí as duas figuras! A cidade ficou mais bonita com eles!))<br /><br />((Foto 2: Segundo o Pablo, o aviso diz Favor Não Pisar Na Grama.))<br /><br />((Foto 3: Felizes))<br /><br />((Foto 4: Shop Street - a diferença dessa aí com a Oscar Freire é que aqui todas as outras são iguais ela, enquanto a Oscar Freire faz parte de um país que fica longe do Brasil))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-70311083875876239242010-01-12T15:27:00.000-08:002010-01-12T17:13:51.985-08:00Get lost!!!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUGcKh7pUspuIrPKs4AvvRxzCX8ANnuIshW4ir-0113O8YnASYSaA7tlZWZ_Y8wj1TAVa_TD8sRjWALL2ZgcqQVElER-7uh2NI6cYgPdyDvcwMvafI0aAyN85pgHqDR66rASNsUDHXFKs/s1600-h/100_0589.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUGcKh7pUspuIrPKs4AvvRxzCX8ANnuIshW4ir-0113O8YnASYSaA7tlZWZ_Y8wj1TAVa_TD8sRjWALL2ZgcqQVElER-7uh2NI6cYgPdyDvcwMvafI0aAyN85pgHqDR66rASNsUDHXFKs/s320/100_0589.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426025058699180834" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnOlkwMIUfkHMcI5uUQqQLwPmb00qL0Rg__BVGnWcMQlGaG6ODKN61JQ3LktRBmPeatBoM1zDEilY4SolrpYQhKgjb7tarcrKqzzh8tGJiX53VSIlcIjirmfLxLA-2D4HFsEraWwPss2Q/s1600-h/100_0571.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnOlkwMIUfkHMcI5uUQqQLwPmb00qL0Rg__BVGnWcMQlGaG6ODKN61JQ3LktRBmPeatBoM1zDEilY4SolrpYQhKgjb7tarcrKqzzh8tGJiX53VSIlcIjirmfLxLA-2D4HFsEraWwPss2Q/s320/100_0571.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426025050998737586" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZcYc7Wr7SYKWz3Ju7ELAuNHuOh4GmVklBmLap6uwD05M2ggOWVwsEL9865_nBieJf9xSXx7SVort-VC8Y_IhizYAwXHAcpYOlVg7faxU5xJ-j6UjEVXM8r6mXVj6x_SIMNKvlKqcAg8/s1600-h/100_0568.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZcYc7Wr7SYKWz3Ju7ELAuNHuOh4GmVklBmLap6uwD05M2ggOWVwsEL9865_nBieJf9xSXx7SVort-VC8Y_IhizYAwXHAcpYOlVg7faxU5xJ-j6UjEVXM8r6mXVj6x_SIMNKvlKqcAg8/s320/100_0568.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426025045876402306" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfrj9yxvDDV232Zd2gNUNXvCd53sl5_da6fZGpqSYINAuFNZ6W9PLUcKoSb3DjQfE_AusrD3MI3BaNJ_gaFZCDoEv2Ff1mbf5xqDmAqM5RTn5HKwpwjsAB7hKLfv2b0cbREjRkAUm41iM/s1600-h/100_0564.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfrj9yxvDDV232Zd2gNUNXvCd53sl5_da6fZGpqSYINAuFNZ6W9PLUcKoSb3DjQfE_AusrD3MI3BaNJ_gaFZCDoEv2Ff1mbf5xqDmAqM5RTn5HKwpwjsAB7hKLfv2b0cbREjRkAUm41iM/s320/100_0564.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426025040603472706" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA_5-MHkh07GSDqyCOWuOsM04S8tDenKIzfABuWzxuvLI1PkbaP0iTD_QQhSGP_D3cf_s2iIHcC8zPUhkczaFFkFmuzoX0Pz9KIP1dLFxe2LjN5dcLaZQ3cgdxgIvudElFysJ0BwRVg9c/s1600-h/100_0559.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA_5-MHkh07GSDqyCOWuOsM04S8tDenKIzfABuWzxuvLI1PkbaP0iTD_QQhSGP_D3cf_s2iIHcC8zPUhkczaFFkFmuzoX0Pz9KIP1dLFxe2LjN5dcLaZQ3cgdxgIvudElFysJ0BwRVg9c/s320/100_0559.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5426025032961918498" /></a><br />Ontem eu passei a noite em claro. <br /><br />Quando finalmente estava indo dormir, às 4h, depois de terminar o livro e escrever para este blog, o recepcionista do albergue em que estou hospedada - que aliás parece hotel três etrelas - me ofereceu um chá. Na hora fiquei com o pé atrás... Deveria eu perguntar o preço ou, faminta, simplesmente aceitar a oferta prontamente?? (apesar de que de nada adianta um chá com aquela fome da madrugada, principalmnte quando a única refeição (chinesa) do dia já foi há oito horas).<br /><br />Talvez porque ele estivesse entediado (turnos noturnos sempre tendem ao tédio, qualquer que seja a área profissional), e porque eu optei pela segunda alternativa (a de aceitar o chá prontamnte!), ele então me ofereceu uma torta de maçã!! Como recusar?? Fui com ele fazer uma roubatinha na cozinha do albergue, veja só que ironia, uma roubatinha autorizada! Acho que já perdi o conceito das roubatinhas!<br /><br />Então, pendurada no balcão da recepção, passei as três horas seguintes filosofando sobre a vida com ele, o chá e a tortinha. O capitalismo foi um tema muito óbvio, trocamos para felicidade, mas aí dinheiro surgiu de novo, falamos de bom-humor (ele era muito legal para um checo), sobre profissão, futuro, envelhecimento, funcionamento das válvulas do coração... Enfim, o suficiente para que três horas se passassem. E eu, que tinha um compromisso às 8h - tomar café da manhã com os meninos e devolver o livro para o rodrigo - muito importante, note-se, decidi ir para o banho em vez de ir para a cama. Fiquei outra.<br /><br />Decidi até que não vou dormir nunca mais, não vou mais perder tempo!<br /><br />Só que depois daqueles ovos com bacon (pois é), pães, cereais e tudo o mais, bateu a alcalose e fui tirar um cochilo. Falei para os meninos irem sem mim, que eu os alcançaria (onde e como eu não sei). Meio dormindo, meio acordada, marcamos de almoçar num restaurante típico checo às 14h. Pela primeira vez em um encontro, eu estava adiantada, sentadinha lá, esperando, desde às 13h50. Nada deles. Às 14h20, resolvi tomar uma sopinha em vez do joelho de porco gigante previamente combinado. De novo estava sozinha. E não é que foi legal? Comi, saí pela cidade velha, visitei um monte de galerias de arte super bacanas, bares subterrâneos, e entrei em várias lojinhas de bonecos ventrílocos - acho que estou começando a gostar demais deles.<br /><br />Depois, subi na torre do Orloj, relógio astronômico medieval que fica na Praça da Cidade Velha. Ele é todo cheio de detalhes bem visíveis lá de baixo. Mas achei que pudesse compensar pagar 100 coroas para subir e, de repente, ver o funcionamento desse planetário primitivo composto por símbolos do zodíaco, da lua e do sol, números romanos e representação do céu e de Praga no centro. Mas quando eu subi pelo elevador super moderno que não combina muito com a torre medieval, percebi que o passeio não tem nada a ver com o relógio em si - que desperta a curiosidade de qualquer um - mas apenas com vista lá de cima que, ok, é linda, mas não o suficiente para que eu escondesse minha decepção do moço vestido de guardinha medieval.<br /><br />Em vez de entrar nas igrejas ao redor da praça (que também tem uma Starbucks estratgicamente localizada, o que começa a me parecer estranho), fui para o escritório de informação da cidade, onde conheci o segundo checo mais legal de Praga. Ele me explicou tanta coisa, mas tanta, que eu já estava até sem graça de ir embora (eu sei que não faz sentido). Assinalou os bares que ele pessoalmente mais gosta de ir, mesmo sem que eu perguntasse. No final, suspirou. "Oh, It kind of makes me want to wander around a little bit as well!", como se fosse a primeira vez que ele, o moço do balcão de informações, informava alguém. No que eu, muito educadamente, respondi: "Do you wanna join me?" Ele disse que já fez muito isso e que inclusive levou gente para dormir em casa (antes que o leitor ache essa cena do escritório de informações estranha para os padrões turísticos normais, já antecipo que é gay, bem gay).<br /><br />Por fim ele me explicou como eu poderia usar o meu ticket transporte 24 horas, pegando qualquer trem, metrô, ônibus e até funicular para conhecer a cidade em um dia. Eu me empolguei tanto com a ideia que saí correndo em direção ao bonde número 12, cuja rota me pareceu interessante. Para chegar no ponto de onde ele sai, passei pela Karluv Moste e fiquei louca com a Staronová Synagoga. Agora, quando passei em frente ao Rudolfinum, casa da Orquestra Filarmônica Checa, não resisti e entrei. Fui direto para box office: 10 euros para assistir ao concerto de sexta-feira, às 19h30, no pior lugar. Na hora eu mentalmente comecei a trocar todos meus os planos de viagem. Mas agora decidi que em vez de ficar outros dois em Praga só para isso, vou visitar Viena e assisto um concerto lá. Does it sound like a good plan?<br /><br />Atravessei a linda ponte Mánosuv Most e, quando cheguei do outro lado, um pouco perdida, pedi informação para um senhor com um uniforme não sei de onde. Ele, sem entender o que perguntei, me deu a resposta errada, o que eu só percebi depois de ter ido para o extremo norte da cidade, o completo oposto de onde eu deveria chegar.<br /><br />Meu pai um dia me disse que ninguém se perde para sempre, mas dessa vez eu quase duvidei da máxima dele. Fui salva por uma mulher que não falava uma palavra de inglês e que queria tanto me ajudar que tentou se comunicar comigo em alemão (coitada!). Dentro do segundo bonde, que eu acreditava ter pego no sentido contrário do primeiro equivocado, descobri que estava me perdendo ainda mais. Falei para ela que precisava chegar em qualquer estação de metrô. Quando ela entendeu a palavra metrô (porque subway não adiantou), apontou para ela própria, no que eu entendi que esse era também o seu destino. Saímos daquele bonde, pegamos outro, saímos de novo, andamos um monte no meio da nevasca juntas. Já era noite e eu, achando esquisita aquela situação da incomunicabilidade, resolvi falar mesmo assim.<br /><br />Durante uns dez minutos tentei contar pra ela que eu sou brasileira e que por isso andava que nem um pato na neve (acho que ela não entendeu a piada), disse que pela primeira vez eu viajava sozinha e contei para ela todo o meu itinerário (foi a parte em que me senti mais confortável, porque ela entendeu o nome de todos os países, ufa!). O engraçado é que ela imitava as minhas reações fingindo que estava entendendo. Chegamos na estação. Ele me levou até a catraca e estendeu a mão, como quem diz: "Isso é o metrô". Eu agradeci muito e, para minha surpresa, ela virou as costas e foi embora, não embarcou. No balcão de informações, eu precisava saber para qual plataforma seguir (nunca tinha andado de metrô aqui antes e não tinha noção de onde eu estava). A mulher me respondeu em checo. Eu olhei para ela. Ela me olhou. Repetiu em checo, bem devagarzinho, com um movimento de boca mais lento. Esforçada. Mas, claro, não faz muita diferença ela falar em checo rápido ou devagar, faz?<br /><br />Depois disso ainda tive que pegar outro bonde e passar muito frio.<br /><br />Dizem que o legal em Praga é "se perder por aí". Sério, no meu guia mesmo está escrito! "Get lost"... <br />..."And be fucked!" - essa é a parte que esqueceram de publicar.<br /><br />De agora em diante, não vou aceitar dicas de qualquer um.<br /><br /><br />((Foto 1: Atravessando a ponte, pouco antes de me perder))<br /><br />((Foto 2: Tyn Church de cima da super torre))<br /><br />((Foto 3: É bonito, histórico, de um valor imensurável... Mas você consegue ver as horas nesse relógio? Acho que prefiro o big ban))<br /><br />((Foto 4: Vou mudar de profisão e manipular ventrílocos na Paulista quando eu chegar no Brasil))<br /><br />((Foto 5: Olha o tamanho do barril de pilsen no U Vejvodu, o restaurante checo))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-72832238115331092862010-01-11T18:19:00.000-08:002010-01-11T20:20:08.933-08:00Ela se foi... Acabou.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.wunrn.com/news/2009/06_09/06_08_09/060809_anne_files/image001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 323px; height: 340px;" src="http://www.wunrn.com/news/2009/06_09/06_08_09/060809_anne_files/image001.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJF4FRoFcCrHP-rI7jyl2aN5bhv2tmlHZYAxRyjgyBbrIwt_03QA7v2tdHFwM25qINBKzVhHGgFtpAxZaXnvMlMbKUqJkVMVfZkeayIZXdGk9caHT7FiuUQoY7EgPamw7_TNECowXT-lU/s1600-h/100_0554.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJF4FRoFcCrHP-rI7jyl2aN5bhv2tmlHZYAxRyjgyBbrIwt_03QA7v2tdHFwM25qINBKzVhHGgFtpAxZaXnvMlMbKUqJkVMVfZkeayIZXdGk9caHT7FiuUQoY7EgPamw7_TNECowXT-lU/s320/100_0554.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425701909958529810" /></a><br />São 2h48 aqui em Praga e eu me sinto exausta.<br /><br />Eu gostaria que essa sensação fosse só consequência das caminhadas por calçadas escorregadias cobertas por muita neve (muito mais que em Berlim). Só que na verdade eu to cansada de tanto chorar.<br /><br />A crise, claro, já passou.<br /><br />A explicação é muito simples e, ao mesmo tempo, complexa: eu terminei de ler o Diário de Anne Frank.<br /><br />Quando chegou o Natal e eu não sabia o que dar de presente para o Matthew, pensei no livro, apesar de ainda não ter terminado a leitura. Além de todos os rabiscos e anotações da minha caneta bic, escrevi na primeira página que talvez ele pudesse me conhecer melhor lendo aquele diário, já que a gente não teria mais muito tempo juntos.<br /><br />Fui passar o ano novo em Londres e aproveitei a oferta da livraria Foyles para comprar outro. Igualzinho, em muito melhor estado do que o antigo, que já estava todo esganiçado. E, durante vários momentos de solidão nessa viagem, a história da garotinha de 13 anos que todos achavam metida e respondona me fez companhia... Até agora.<br /> <br /> ***<br /><br />Ontem cometi uma das maiores irresponsabilidades da minha vida - cheguei na estação central de Praga a 1h30 da manhã sem qualquer noção da cidade, sem ter lido nada sobre nada e, o pior, sem albergue reservado. Eu sei, às vezes confio demais na minha teoria de que tudo dá certo no final. Quando cheguei, sem ter noção do que diziam as placas informativas da estação, tudo estava completamente deserto, salvo por três homens que eu pensei em abordar para pedir ajuda, mas fui espantada pelo cheiro de álcool que veio forte quando eu me aproximei. Não fiquei com medo nem me desesperei.<br /><br />Saí, mas a rua estava ainda mais deserta. Não tinha qualquer noção de onde eu estava. De repente eu vejo dois mocinhos sentados numa escadaria com mochilas grandes jogadas no chão. Como quem viu uma miragem, cheguei perto com o melhor dos meus sorrisos, sentindo uma alegria real, quando eu perguntei se eles falavam inglês. Disseram que sim. "I know it may sound weird, but do you know any hostals around here?" Um deles (bem bonitinho, aliás) tirou um papel do bolso. Era o recibo do albergue de onde eles acabaram de sair. <br /><br />Muitíssimo agradecida, segui corajosa para a próxima missão: find a way to get there.<br /><br />O ponto de táxi estava vazio e eu não sabia a que horas os bondes começariam a funcionar. Então saí no meio daquela nevasca, sozinha (juro, parecia que estava no meio de um filme romântico dos anos 20) e comecei a andar até encontrar um sinal de vida. Quando eu já tinha começado a gostar daquela sensação de aventura, DO NADA surgiu um táxi. Eu dei o endereço do albergue, chegamos lá bem rápido e ele me cobrou uma fortuna pela viagem (quantia que não publicarei aqui por tão absurda). Na hora eu fiquei puta, mas decidi não falar nada, não sei por quê. Talvez por estar muito feliz para discutir com alguém, muito feliz porque tudo finalmente tinha dado certo. Só pensei: "toma essa grana e vai limpar a bunda, seu tcheco escroto de merda". Mas decidi manter essa para mim mesma.<br /><br />Entrei no albergue, e um playboyzinho metido da recepção disse que, naquela noite, havia uma cama livre só no quarto de quatro pessoas (mas caro que um de 12, para o qual já me mudei hoje!). Daí eu disse que não tinha problema e peguntei quanto seria. "250 crowns". E eu repeti: "250 POUNDS??????????????????" Não sei de onde tirei essa, acho que foi o cansaço, mas comecei a me imaginar na rua da amargura de novo. Ele repetiu: "250 CROWNS". Numa risada desesperada eu comentei: oh!!! Your currency! hahhahahahahahahah (desperation and relief feelings at a once!) I'm so sorry, I thought... Never mind". De qualquer maneira, eu não tinha nenhum centavo sequer da moeda deles, a coroa checa, Korun Ceskych. Nem nisso eu consegui pensar ontem, de tão desligada do mundo que eu fiquei. Assim como o taxista ladrão, o albergue também aceitou meus euros, algo comum por aqui.<br /><br />Dormi muito bem numa cama confortável e quentinha no quarto 102.<br /><br />De manhã, quando desci para o delicioso café da manhã (quase como se nenhuma loucura tivesse acontecido nas últimas 24 horas), levei a Anne comigo. Mas assim que perguntei para o barman se eu poderia comprar a ficha para o café ali mesmo ou se teria que ir à recepção, um menino me perguntou, em inglês, se eu não gostaria de comprar uma ficha dele, já que o primo estava numa ressaca forte e não iria comer. Claro que reconheci aquele sotaque. Aceitei a proposta em português.<br /><br />Deixei a Anne de lado e passei o café da manhã inteiro (e olha que levei tempo para comer cereais com iogurte e banana, torrada com presunto e ovos mexidos, suco de laranja e depois repetir tudo!) conversando com o Rodrigo. Recém-formado administrador pela GV, 24 anos, engraçado e com um mau humor contagiante, ele ouviu algumas das minhas histórias pacientemente e contou algumas das dele. Depois de um tempão, ele bateu os olhos no meu livro, abandonado na mesa do lado.<br /><br />-Você tá lendo o Diário?<br />-To... Falta bem pouco para acabar!<br />-Sério?? Eu também to lendo esse livro.<br /><br />E, mais uma vez, as coisas aconteceram de um jeito estranho/legal. Saí do café feliz e deixei a Anne para trás. À noite, antes de sair para jantar (os meninos me levaram num chinês do lado do albergue, disseram que foram lá todos os dias. Outra coincidência?), percebi que ela não estava mais comigo. Juro que me bateu um desespero e mobilizei metade do staff do albergue. Nada do livro. Fiquei triste de veradade, quase me deu um nó na garganta.<br /><br />"Você não tá no final? Pode ler o meu se quiser!"<br /><br />Aceitei a sugesão do Rodrigo e acabei de terminar a leitura agora - por isso chorei tanto. Porque perdi a Anne. Depois de dois anos escondida, enjaulada, de ser descoberta e sobreviver seis meses no campo de concentração, ela não suportou ver a morte da irmã e morreu poucos dias depois, muito pouco antes do fim da guerra. Claro que eu já sabia o final. Mas foi tão dolorido, como se tivesse sido comigo mesma.<br /><br />Eu sei que estou indo longe demais com esse paralelo, mas vou dar alguns exemplos:<br /><br />No dia 6 de julho de 1944, uma quinta-feira, ela escreveu sobre como se decepcionou com o Peter, o menino por quem ela se apaixonou depois de mais de um ano escondida e que era uma das oito pessoas que moraram ali no Anexo Secreto por dois anos. Ele disse que era fraco e que continuaria assim porque assim "é mais fácil". Ela ficou triste e passou o dia tentando encontrar um argumento para que ele percebesse o contrário, mas chegou à conclusão de que, na verdade, ele teria que enxergar isso por si próprio. Ela queria transformar a vida dele, o caráter. Naquele momento, queria uma coisa só: fazê-lo faliz, apesar de já não estar mais apaixonada...<br /><br />Eu, quando tinha 18 anos, me lembro de um dia ter tido a plena sensação de que poderia facilmente fazer qualquer homem feliz, transformar a vida de qualquer um de verdade. Me sentia tão feliz que queria dividir aquele sentimento com muito mais do que só uma pessoa. Tanto que todos os caras com quem eu estive até agora, sem exceção, disseram que ficaram contagiados pela minha alegria (ou sinônimos como positividade, alto-asral, etc...).<br /><br />Mas depois eu percebi que eu, na real, tinha que encontrar alguém que me fizesse feliz também, o que durante os últimos anos me tem feito sentir mal por deixar para trás várias pessoas que eu sei que poderiam me amar/me amaram de verdade, sendo injustamente acusada de fria e calculista no fim das contas. O Thomas, por exemplo, me mandou um email tão fofo hoje que quase deu vontade de voltar mesmo para Berlim, mas eu sei que eu tenho que seguir em frente, em busca da minha própria felicidade. Até quando... Isso eu não sei, mas tenho a impressão de que a Anne teria feito o mesmo.<br /><br />Yours, Ju.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">A TEORIA:</span><br />"It's really a wonder that I haven't dropped all my ideals,<br />because they seem so absurd and impossible to carry out. Yet<br />people are really good at heart. I simply can't build up my<br />hopes on a foundation consisting of confusion, misery, and<br />death. I see the world gradually being turned into a wider-<br />ness, I hear the ever approaching thunder, which will destroy<br />us too, I can feel the sufferings of millions and yet, if I look up<br />into the heavens, I think that it will all come right, that this<br />cruelty too will end, and that peace and tranquility will re-<br />turn again".<br /><br />(parace que ela também achava que tudo sempre daria certo no final. Um dia pode ser que a vida também me mostre o contrário, mas enquanto isso não acontece, vou aproveitar ao máximo tudo o que eu tenho hoje)<br /><br />((Foto 1: Anne pensando que tudo dari certo no final, ainda sem saber o que estava para vir))<br /><br />((Foto 2: Eu e o Rodrigo no Radost FX, indicação do Alastair, com um bailey's coffee e um czech coffee (feito com uma bebida alcoólica típica daqui que tem gosto de menta))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-68308934965958208002010-01-10T18:12:00.000-08:002010-01-10T18:28:16.323-08:0050 anos em 5 (ou uma vida em um dia) *Aviso importante: a leitura deste post demandará tempo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqzowSWHO-In6iiZcR7SGxxOzabKM-1VmlXzCJliUjwYK-e7hZauCHXxZpRs6fE-qdCgwqQEhqIFIdiIaaeRe5D5LyWVeULZGX3BQp45ldyHHHR6x1INuRGPOrIlWFq7SyLt6mcIS_8B0/s1600-h/100_0490.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqzowSWHO-In6iiZcR7SGxxOzabKM-1VmlXzCJliUjwYK-e7hZauCHXxZpRs6fE-qdCgwqQEhqIFIdiIaaeRe5D5LyWVeULZGX3BQp45ldyHHHR6x1INuRGPOrIlWFq7SyLt6mcIS_8B0/s320/100_0490.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425303417686481538" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiET74PWy8BF1LAxR1Tk-7VDQVit_Gu80bWBj8PHPKHvYy-isEOHjUCwHQO4f9eL67qbcvoqTk3XStGOujtqZLaE-EXvNvZIQDldR-Njthq_SrHYrqF6XLfCuqEsQJgGXU2F0-BRsDy6tU/s1600-h/100_0474.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiET74PWy8BF1LAxR1Tk-7VDQVit_Gu80bWBj8PHPKHvYy-isEOHjUCwHQO4f9eL67qbcvoqTk3XStGOujtqZLaE-EXvNvZIQDldR-Njthq_SrHYrqF6XLfCuqEsQJgGXU2F0-BRsDy6tU/s320/100_0474.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425303405862424978" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjanty1NnCl9BhVKPmnq14AuUGfifh6SOHpZx_usK6VuXBvJbI7lT9hZiP5rHOC8_KYWhGvjxBTCZkpZos4CwJsCdbZjMTnZ0I2Kpk78h3sma9ysNZvy-QlzZMuVjplaEAC8rQ1coumJUc/s1600-h/100_0525.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjanty1NnCl9BhVKPmnq14AuUGfifh6SOHpZx_usK6VuXBvJbI7lT9hZiP5rHOC8_KYWhGvjxBTCZkpZos4CwJsCdbZjMTnZ0I2Kpk78h3sma9ysNZvy-QlzZMuVjplaEAC8rQ1coumJUc/s320/100_0525.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425303405127575122" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk6jE-AF7dgbBASgwv0CZRUHyTlm2FRW1xrvDRV7MAWBW2XIbCaXXx_9DH_iuJcA1F1FIoAYC-2vPzINkznJq2JSftmp8rIssScdnV6cqLBhP-5BZ6CmenwiDctG1tWn71WDO7aQQi_mY/s1600-h/100_0505.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk6jE-AF7dgbBASgwv0CZRUHyTlm2FRW1xrvDRV7MAWBW2XIbCaXXx_9DH_iuJcA1F1FIoAYC-2vPzINkznJq2JSftmp8rIssScdnV6cqLBhP-5BZ6CmenwiDctG1tWn71WDO7aQQi_mY/s320/100_0505.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425303399634188418" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheHOoJGC2AhgJVHxPNK6hMB2-yHXlHlpTbyzmg_35Wqi3sZzjgS2i8Ny08i12AKz6cqcMhyphenhyphen-ruFgHUiFtKw5YZA376IaBzMdqZefZMo9nKAQO_5snbFu19sgtNhg3akw-IKzU6htSYgy0/s1600-h/100_0531.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheHOoJGC2AhgJVHxPNK6hMB2-yHXlHlpTbyzmg_35Wqi3sZzjgS2i8Ny08i12AKz6cqcMhyphenhyphen-ruFgHUiFtKw5YZA376IaBzMdqZefZMo9nKAQO_5snbFu19sgtNhg3akw-IKzU6htSYgy0/s320/100_0531.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425303390784879714" /></a><br />Em vez de escrever no fim do dia, antes de ir dormir, como tenho feito desde o início deste blog, ontem eu escrevi antes sair com os meus “novos amigos”. Não consegui esperar para contar o quão surreal foi encontrar o Guilherme do nada numa estação de trem em Berlim – e sozinha do jeito que eu estou (ainda mais incomunicável depois que acabaram meus créditos no celular), o blog é minha única opção para desabafar.<br /><br />Se ontem a sensação de ansiedade para escrever alcançou um nível que pode ser considerado alto, só depois de ler o post até o fim alguém poderá entender por que esse nível triplicou hoje e inclusive me fez ligar o computador no meio do caminho da minha viagem de trem Berlim-Praga para salvar um rascunho da história no Word (que estou fazendo nesse momento, ou seja, em três horas devo chegar em Praga).<br /><br />Preciso colocar tudo para fora. Gostaria de gritar, mas talvez possam me achar louca...<br /> ***<br />Já estava tudo esquematizado: jantar, depois bar e finalmente balada. Velha e chata que virei, avisei ainda no albergue que não sabia se sairia ou não depois de comer (ou seja, não sabia se eles eram malas ou não).<br /><br />Todo mundo esfomeado, sem muita grana e em busca de um lugar legal para jantar: eu, claro, indiquei o Asia Bistro. Toparam na hora. Depois de tantas refeições sozinha lá, acho que o chinês/alemão ficou até contente de me ver com meus “novos amigos” (eles terão nomes fictícios aqui por motivos de força maior – e memória curta). <br /><br />Fomos eu, as canadenses de Montreal Lia e Léia e uma amiga delas, a francesa Jour e, claro, o austríaco Boris (esse nome é o único real). A Lia é do tipo meio legal-meio mala. A Léia é mais para legal, mas de tão lesada precisa de muito esforço para manter a lógica na própria linha de raciocínio qualquer que seja o assunto. <br /><br />A comida demorou o suficiente para que elas descobrissem que eu sou brasileira – como prova do meu isolamento social, nem disso elas sabiam ainda, apesar dos quatro dias em que moramos no mesmo quarto. A Léia começou a falar algumas palavras em português (de Portugal), como amor, e eu logo perguntei “Where’s he from?”. Na hora, a Lia disse, meio contrariada: “why ‘he’?”. Silêncio. Reformulei a pergunta: “Where’s this person from?”. Enfim... Achei legal o esforço das quatro meninas para falar só em inglês (como as canadenses são de Montreal, elas todas falam francês). <br /><br />(Experimentei um prato novo! Em vez de frango, arroz branco e vegetais banhados em molhos diferentes, escolhi arroz frito, frango e ovo. Uma de-lí-ci-a! As meninas pediram até entrada! Todo mundo provou o prato de todo mundo.)<br /><br />No final, finalmente consegui ir além de hey, tschau e danke no meu contato com os chineses, que sempre me trataram muito bem. Uma vez mais, o Boris me foi útil: traduziu tudo o que eu falei: que era brasileira, que aquela era a minha última noite em Berlim e que gostei muito do restaurante - tanto que o indicaria para os meus amigos (Silvia e Gustavo) quando eles fossem para Berlim. Eles agradeceram muito e o momento da despedida foi quase emocionante!!!<br /><br />JU, LIDE! (Isso é o que a Ju Faria me diria nesse momento)<br /><br />Calma, tá chegando.<br /><br />Os “novos amigos” não se mostraram de todo malas e eu, sem esquecer da minha vontade de me embebedar (decidi que vou fazer isso pelo menos uma vez em cada cidade), fui com eles até o Primitif, um bar/baladinha muito legal e bem parecido com o Soul Club de Barcelona. O set do Dj combinava com o outfit – terno com gravatinha fina um pouco curta e chapéu para discotecar músicas dos anos 60 e versões retrôs para algumas atuais, como Wonderwall (eu gostei muito, mas será que a Carla aprovaria?). Os frequentadores também pareciam vir dos anos 60 – óculos Rayban de grau, saias e rabo de cavalo super altos para as meninas e chapéus de diferentes modelos para os meninos. <br /><br />Sem me encaixar em nenhuma descrição acima, aí vai a minha própria (ou Eu, o ET): cara lavada, bochechas vermelhas (virou rotina), cabelo oleoso (porque a miniatura de xampu – assim, em português, que eu comprei para viajar de avião é para cabelos altamente danificados e deixa o meu uma pasta), termal vest por baixo de uma camiseta larga e os mesmos casacos desde o dia 28 de dezembro.<br /><br />Mesmo assim, achei tudo o máximo e me acabei de dançar com a Jour, uma francesinha fofa que foi para Berlim cortar cabelos. Ela não sabia quem era François Truffaut, disse não ser muito fã de cinema, mas foi prontamente perdoada, porque ela é muito gente boa mesmo.<br /><br />Assim que a gente chegou tomei uma taça de vinho tinto (um balde, na verdade). A Jour disse que o Bordeaux que ela pediu estava uma delícia e resolvi pagar 3,50 por um também. Até aí, sobriedade total, a gente ainda se importava com a qualidade/idade do vinho. <br /><br />Dançamos mais.<br /><br />1h30 da manhã.<br />Eu precisava sair do albergue hoje ao meio-dia e pensei em não beber mais. Mas, claro, o Boris não deixou e me trouxe outro Bordeaux. Ótimo. 3,50 a mais na carteira.<br /><br />Dançamos MUITO mais e eu fui para o meu terceiro balde de vinho (pago por mim mesma). <br /><br />Aí a gente (eu e a Jour) já tinha dominado a pistinha e o pessoal até aplaudiu a gente.<br /><br />Suada, mais vermelha ainda e um pouco tonta, fui sozinha até o bar tomar um ar. Eu tava segurando um cigarro que a Jour me deu mas que eu não tinha como acender.<br /><br />Aí vem o lide, Ju!<br /><br />Depois de uns cinco minutos nessa posição (sentada e segurando um cigarro apagado), olhei para a minha direita e vi um sujeito alto, loiro e estiloso fumando do meu lado, a um banco de distância do meu. Quando eu virei, ele tava me olhando, no que eu aproveitei para pedir fogo.<br />-You have a lighter?<br />-Yeah.<br /><br />Ele tirou do bolso uma caixinha de fósforo. Achei legal.<br />Acendi o meu cigarro, fiquei na minha.<br /><br />Do nada, uma mulher chegou e perguntou se a gente tava junto, usando o banco vazio que estava no meio.<br /><br />“No we’re not. It’s free”, eu respondi, mas que depressa.<br /><br />Depois que ela pegou o banco, ele arrastou o dele para perto de mim.<br /><br />-Sorry, but I have to ask... Where are you from?<br />-Brasil.<br />-No waaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaay!!!!!<br />Todo mundo tem uma reação meio exagerada quando eu digo de onde sou, mas nunca foi tanto assim.<br />-Wow! Why? Have you been there?<br />(Eu nem preciso perguntar se ele é alemão. De Leipzig)<br />-É que eu falo um pouquinho de português.<br /><br />Juro que foi o ponto alto da noite. O primeiro alemão que eu converso (sem ser para pedir informação) fala português num sotaque super gira de Portugal.<br /><br />Aí pronto, né? Me animei, paguei mais um vinho para mim (qualquer um de 2,50 mesmo) e outra cerveja para ele.<br /><br />De repente, a Jour veio me buscar, queria que eu dançasse a “música da vida” dela com ela. Eu pedi um momentinho (com sotaque português) e fui. Quase esqueci dele e me acabei de dançar de novo. Voltei, pedi desculpas, disse que a música era mesmo boa.<br /><br />Conversamos um monte, ele me contou que tem 29 anos, é cardiologista, se mudou para trabalhar em um hospital de Berlim, que é capricórnio com ascendente em aquário (what, “by the way, makes him THAT nice”, segundo ele próprio), estudou um ano da faculdade em Portugal, mas isso foi há cinco anos e o português dele já é um pouco duvidável – isso ele não precisou me contar, e quando eu percebi que ele não entendia nada do que eu falava mudei pro inglês. <br /><br />Perguntei o nome dele, Thomas, mas ele não perguntou o meu. Depois, chutou minha idade e acertou na mosca (20 estrelinhas de uma vez!). Quando quis saber como eu me chamava, fiz charme (“Too late”). Depois chamei ele para dançar e, surpresa!, apesar de ser mega alto com aquela super cara de Shumacher e de ter tudo para ser um perna de pau, ele me conduziu muito bem. Voltamos para o bar e eu fui tomar um ar lá fora, a -12 graus mesmo (àquela altura só com a camiseta). Ele foi junto, mas como bom médico me puxou rápido para dentro e me perguntou até quando eu iria ficar. Quando eu falei que na verdade amanhã (hoje) era meu último dia em Berlim ele disse que queria passar o dia inteiro comigo e me mostrar a cidade inteira. Eu disse que aquela seria uma tarefa difícil e listei os (vários) lugares por onde já tinha passado. Ele disse que eu não tinha visto nada.<br /><br />Desencanei do albergue.<br /><br />O café da manhã teve pão, queijo, presunto, laranja descascada e cortada em gomos, ovos semi cozidos, tomate picado e temperado, mel, leite e café.<br /><br />De carro, a gente percorreu a cidade inteira (começando pelo albuergue, onde fiz o check out com uma hora de atraso e tive a sorte de encontrar os novos amigos (agora já sem aspas) para uma foto.<br /><br />No caminho, ele me mostrando no mapa cada rua e contando um pouco da história de cada coisa. Eu não sabia, por exemplo, que os semáforos de pedestres típicos daqui (com bonequinhos de chapéu), foram causa de discussão política há vinte anos – eles pertenciam à sinalização do trânsito da Berlim oriental, mas porque eram mais legais (só por isso mesmo) muita gente da parte ocidental defendeu o símbolo com unhas e dentes até que ele foi eleito semáforo oficial.<br /><br />Do nada, ele me perguntou:<br />-Have you ever droven with snow?<br /><br />Na hora foi tão surreal que eu não entendi. Em português, respondi:<br />-Queeeeeee????????<br /><br />-If you have droven in snow before...<br />E eu, claro, já gritando, né! (quase não gosto de dirigir...)<br />-NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, never! But I’d loooooove to!!!<br /> Na mesma hora ele parou o carro e saiu. Foi muito para mim. A gente trocou de bancos e eu fiquei até um pouco insegura (e olha que se tem alguma coisa em que não sou insegura é dirigir). Tava tremendo por dentro, mas me saí bem na pista ultra escorregadia. Em vários momentos tive que dirigir a 30km/h por causa da neve, mas foi emocionante mesmo assim. Às vezes eu esquecia do limite e pisava, para o desespero dele.<br /><br />Enquanto eu dirigia e gritava eufórica ao mesmo tempo, ele com aquele jeito todo alemão só ficava me olhando, sorrindo.<br /><br />E, de repente, lá estava eu, no meio da Strasze 17.Juni, uma das avenidas mais importantes da cidade, que leva até o Brandenburger Tor. Quando vi o portão de longe, surtei na direção. Na hora da balisa, amarelei.<br /><br />Sugeri a Starbucks da esquina privilegiada (ver segundo post), ele disse que nunca tinha ido. Sem lugar para sentar, o jeito foi sair de lá. É impressionante como os bancos públicos ficam inutilizados nesse frio. Eu tirei uma crosta gigante de neve de um deles e ficamos sentadinhos lá até ter todos os dedos dos pés congelados e não agüentar mais.<br /><br />O passeio depois continuou com outras paradas para café e walking tour. <br /><br />A Galeria de arte Tacheles (Oranienburger Str. – na mesma rua, bem pertinho, está a sinagoga mais famosa da cidade, que também vale a pena. Fica perto da TV Tower) é um dos lugares mais alternativos que eu já fui na minha vida. O prédio é um dos que foram totalmente abandonados pelo governo depois da queda do muro e então dominados por artistas de rua. Parece pequena e o cheiro de mijo e as pichações sobrepostas podem dar uma má impressão inicial, mas ‘vale a pena subir. Em casa apartamento” do prédio, tem exposições de diferentes artistas, tudo muito legal. Inclusive a maioria está lá trabalhando, o que torna o passeio ainda mais interessante.<br /><br />Depois a gente foi para o que se parece com um bloco de prédios normal, mas onde dentro tem um monte de lojinhas bacanas, como a livraria Cult em que eu comprei um cartão postal com a foto do Reichstag detonado depois da guerra para o Fernando.<br /><br />Por último fomos num dos lugares mais legais que eu já fui, na verdade. É um café meio restaurante (tem só sopa, mas é uma delícia e vc mesmo se serve) alternativo com um monte de sofás e gente lendo, um ambiente muito diferente. Tomamos nossas últimas taças de vinho (juntos, nessa vida pelo menos).<br /><br />Ele me levou depois para estação Hauptbahnhof, carregando todas as minhas coisas, até a super bota especial para neve que a Silvia me deu de Natal (decidi que vou escrever essa informação em todos os posts). O meu trem atrasou uma hora e meia e ele ficou lá na plataforma comigo congelando até ele chegar. A gente ficou ouvindo música, dançando e cantando alto. Depois, eu falei:<br /><br />-Make sure you won’t forget the name of the band, it’s Little Joy!! (porque quando eu tava bêbada ontem à noite, por alguma razão estranha comecei a falar da banda pra ele – e, não por acaso, Strokes foi a trilha sonora do café da manhã).<br /><br />-Well, a think we can keep in touch for a while, right? (ele falou em tom de brincadeira, mas meio sério demais).<br /><br />-Oh, yeah.<br /><br />Eu sinceramente não tinha pensado nessa possibilidade.<br /><br />((Foto 1: Eu dirigindo loucamente por Berlim)) 0490<br /><br />((Foto 2: Pra quem quiser saber como são os semáforos around the world – repara no brasileiro, lá em cima)) 0505<br /><br />((Foto 3: Eu na galeria Tacheles 0525))<br /><br />((Foto 4: Novos amigos))0474<br /><br />((Foto 5: Despedida)) 0531juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-66129402237097588542010-01-09T12:23:00.000-08:002010-01-09T13:58:38.627-08:00Azeitona com salsicha<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAPRo4wYlyamWkx4ota97cFAJk5S-Wj2chhUe7o3hRfDDjqr-9BGNdsLbeMREe0TQ33ZmyILktdTsC3id1tQ8bA0D4L9DlG6vFd1_o84UEpHRNFirDogFvPQvGtRVcgFTMC_fqVoaScxk/s1600-h/100_0455.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAPRo4wYlyamWkx4ota97cFAJk5S-Wj2chhUe7o3hRfDDjqr-9BGNdsLbeMREe0TQ33ZmyILktdTsC3id1tQ8bA0D4L9DlG6vFd1_o84UEpHRNFirDogFvPQvGtRVcgFTMC_fqVoaScxk/s320/100_0455.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424858997799607778" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7ouWTcwW-Rnd2Ffk7zznvL7P0htNQi8QbjUXI0vE6qp7TZYAUE8FMxFEM8vRULodX-xqHWwk0TswXALHsLRHF4EPtgBPHW96EwjFPlDT9rUC-nJv5bIQxhiBQzQceYqyN1mbKvN5_9c/s1600-h/100_0473.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn7ouWTcwW-Rnd2Ffk7zznvL7P0htNQi8QbjUXI0vE6qp7TZYAUE8FMxFEM8vRULodX-xqHWwk0TswXALHsLRHF4EPtgBPHW96EwjFPlDT9rUC-nJv5bIQxhiBQzQceYqyN1mbKvN5_9c/s320/100_0473.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424858994432337138" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf29TRxLqE6deKOd9XZBqcKSt1SUgavXUrwuu9N4xDZSzm5rIdm6SC4wpGudGdlk2oNzrU8TC_FWxHv91ZbijygiMhQrUmyq-JTTdzQSq_ckoC40s9Aum-IcptJw2gSlJM0ngfZluNh0A/s1600-h/100_0456.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf29TRxLqE6deKOd9XZBqcKSt1SUgavXUrwuu9N4xDZSzm5rIdm6SC4wpGudGdlk2oNzrU8TC_FWxHv91ZbijygiMhQrUmyq-JTTdzQSq_ckoC40s9Aum-IcptJw2gSlJM0ngfZluNh0A/s320/100_0456.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424858985893727010" border="0" /></a><br />Acabei de chegar no albergue, ainda chocada.<br /><br />O dia não acabou, vou manter a minha promessa de ontem e ficar bêbada hoje à noite, mas preciso escrever já, rápido, antes que meus "novos amigos" apareçam na salinha onde costumo me isolar.<br /><br />Primeiro, vou contar como a minha barreira anti-convívio-em-sociedade foi forçadamente rompida hoje. Voltando do banho, eu entrei no quarto pé ante pé para não acordar o cara que dormia na cama ao lado. Sabe quando você anda assim meio receoso olhando diretamente nos olhos da pessoa que está dormindo, com medo de que ela possa acordar? Pois é, três passos e pronto! Foi automático. Ele despertou na hora e ainda soltou:<br /><br />- Good morning!<br /><br />Nããããããooooo!!! Deus, não!!!!! Sabia que não podia fazer contato visual...<br /><br />-Hi, good morning.<br /><br />A resposta foi seca, o que não intimidou o garoto:<br />-Sorry, do you know what time is it?<br />-20 past 12.<br />-God! It's late!<br />-Yeah.<br /><br />Consegui cortar o diálogo. Mas ele seguiu:<br />- Sorry, do you have a charger for sony mobile phones?<br /><br />Eu, como sempre perdida, tirei o celular do bolsa pra mostrar que o meu era, na real, um nokia.<br /><br />-Oh, sorry! Mine's Nokia, see?<br />-Oh...<br /><br />Bom, daí foi pra velha conversa sobre o tempo ("frio, né?"), sapatos molhados (o que, preciso ressaltar, não acontece que os meus, claro, por causa da super-power-bota-para-neve que a Silvia me deu de Natal), de onde eu sou, qual o meu nome, até chegar no temido "o que você vai fazer hoje?".<br /><br />Vou explicar.<br />Não que eu seja um bicho-do-mato-anti-social. Pelo contrário, sempre fui extrovertida, do tipo idiota que não para de falar mesmo, sabe? Mas é um negócio que tá acontecendo aqui and I can't help... To numa viagem dentro de mim mesma, curtindo de verdade ficar sozinha, sabe? E o pior é que ao mesmo tempo que você se acostuma à solidão, se acostuma também com não ter ninguém para fazer planos diferentes dos seus ou simplesmente encher o saco. Faço as coisas no meu ritmo, acordo meio-dia todos os dias, como o que eu tenho vontade e vou aonde eu bem entendo.<br /><br />Por isso foi um esforço quase sobrenatural chamar o moço para me acompanhar no meu passeio.<br /><br />- Well, I still don't know exactly about my plans, I actually have nothing planned, but I think I'm going to the East Side Gallery now...<br /><br />-Really?! I wanted to go there as well! (depois venho a descobrir que ele sequer sabia do que se tratava)<br /><br />Daí ele me colocou na parede, né? Eu, educadamente, disse:<br /><br />-Well, if you wanna join me...<br /><br />Mas eu tinha certeza que a resposta seria negativa, porque ele tinha acabado de acordar e eu já tava pronta!!!<br /><br />-Right, nice! Wait just 10 minutes and I'll be ready!<br /><br />Na hora, pensei "puta, que merda!". Mas na real, enquanto eu esperava, achei que seria interessante ver como seria nossa interação, que eu poderia estar exagerando um pouco sobre essa coisa de querer fazer tudo sozinha e tudo isso.<br /><br />**Momentos**<br /><br />1) Assim que a gente saiu do albergue, ele me avisou que antes tinha que passar numa loja da Sony ali pertinho. Atravessamos aquele nevoeiro (pela primeira vez ventou forte aqui - ainda não bateu a Irlanda, mas a neve fina direto na cara quase machucou). Ficamos na tal loja uns dez minutos, até ele decidir o que queria. Tudo em alemão. Eu, completamente perdida, tentei fugir, mas não rolou.<br /><br />2) Quando saímos, ele me perguntou se estava com fome, se queria almoçar. Ele é do tipo de pergunta tudo, em vez de decidir ele próprio, o tipo que eu não gosto. ((gente, acredita que eleACABOU de me achar na salinha pra falar que estão saindo? Eu disse que vou em dez)). Bom, a gente enfim foi numa padoca fofa, tomamos café e comemos pão de banana - também é novo para mim, eu perguntei para a garçonete se era típico, mas ela não soube dizer. Aliás, os alemães não sabem dizer muitas coisas. Bom, acho que era só típico da padaria mesmo. A conversa ficou meio profunda, ele começou a desabafar total, me contou o que estuda (tem 27 anos e ainda nunca trabalhou), que veio para encontrar um professor do futuro p.h.d, que quer ser direto de cinema, mas na verdade não sabe o que quer... ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh<br /><br />Sério, já bastam minhas próprias crises, que eu tento guardar para mim - pelo menos quando acabo de conhecer alguém.<br /><br />Comecei a me sentir sufocada e, de repente, os lábios dele começaram a mexer e eu não conseguia ouvir o que ele falava, perdida nos meus prórpios pensamentos: "que mala!"<br /><br />3) Quando a gente chegou na East Side Gallery, a maior galeria de arte ao ar livre da Europa, com grafitti de vários artistas diferentes ao longo de 1,3 km do que restou do Muro de Berlim na Warschauer Str., eu já precisava ir de novo ao banheiro. Não sei se é o frio ou eu que to bebendo muita água. Mas como a gente tava no meio do nada, ele me perguntou se eu não podia aguentar. Mas se chegou no ponto de eu falar para ele que precisava ir ao banheiro, claro que não dava. Então ele começou a falar que eu deveria "disciplinar a minha bexiga". Nunca ouvi comentário pior.<br /><br />O lado bom foi que ele tirou várias fotos minhas no muro! Não precise abordar ninguém dessa vez!!<br /><br />Bom, East Side Gallery vista, voltamos para a estação Warschauer Str. e cada um foi para um lado - eu mais que depressa disse que tinha um monte de coisas para fazer e, além do mais, já tinha ido ao Checkpoint Charlie, onde ele queria ir. Perfeito. Eu tive que ir para heupb para finalmente comprar minha passagem pra Praga! (vou amanhã às 19h30!).<br /><br />Depois disso (já era 16h30), fui correndo para um banco na Alexanderplatz onde eu sabia que tinha um western union. O motivo da pressa é que eu queria ir ao concerto de música clássica (Bach) na Catedral de Berlim - comprei o ingresso na minha visita ao lugar há quatro dias e tinha me esquecido completamente disso! Só que quando eu cheguei ao banco, depois de me arrastar pela nevasca até o outro lado da praça, estava fechado. E eu, claro, entrei em desespero! Pensei que certamente nenhum western union estaria aberto amanhã, domingo, que eu já comprei minha passagem para Praga mas agora a silvia já tinha me enviado toda a grana para Berlim! Céus!<br /><br />Fui correndo para Ostbahnhof, onde um alemão me disse que eu encontraria um western uinion dentro da estação.<br /><br />A história chocante começa agora. Reparem no timing:<br /><br />Eu, louca de desespero, relaxei quando vi que a agência estava aberta. Esperei lá por uns quinze minutos até ser atendida - com uma pessoa só na minha frente, claro, um brasileiro.<br /><br />Peguei o dinheiro, coloquei na bolsa.<br /><br />Saí da loja, virei à esquerda. Pensei que ainda pudesse chegar a tempo na Catedral, que fica perto da Alexanderplatz. Na minha pressa, subi em direção a qualquer plataforma. Sem reconhecer nenhum dos palavrões na indicação dos destinos daqueles trens, desci correndo.<br /><br />Voltei para onde estava antes e caminhei em direção a um senhor com a inscrição "Service" num colete laranja florescente. "Plataform 12", ele me disse. Mal agradeci e virei correndo.<br /><br />- Guilherme!!!!!!<br /><br />Foi tão emocionante que parecia até que eu estava encontrando um velho amigo que não via faz tempo. Mas o Guilherme é, na verdade, filho do meu professor de geografia da escola, amigo do meu irmão e o menino que me fez um dia, dez anos atrás, me esconder no banheiro da minha própria casa porque meu coração tava batendo um pouco mais rápido que o normal.<br /><br />Enfim, foi uma das coincidências mais extraordinárias de toda a minha viagem (a que estou fazendo há um ano e oito meses).<br /><br />Ontem, a Clarissa Yokomizo, outra amiga do meu irmão, que eu também não vejo há anos, me mandou um email super legal, dizendo que leu o blog e se identificou. Ela também foi se aventurar pelo mundão e mora num lugar muito mais charmoso que Dublin e Barcelona juntas: Paris! E me avisou que o Guilherme veio passar o mês em Berlim. Disse para eu ligar para ele se quisesse reclamar do frio, mas esqueceu de passar o telefone. E eu, já de saída da cidade, achei que era tarde demais.<br /><br />O Guilherme estava no mesmo país, na mesma cidade e na mesma estação de trem na mesma hora que eu porque esperava a namorada que chegava do Brasil, mas que se atrasou por causa da neve. E eu, que já tinha perdido o concerto mesmo, fiquei esperando com ele. Ficamos duas horas falando dos alemães estúpidos, da diferença de homens e mulheres aos 45, do frio, do nazismo, de salsicha, café, anne frank, minha família, família dele, cinema. Fui embora às 20h30, nem aí para o horário marcado com o cara e seus amigos do albergue para sair hoje à noite, às 20h. Aliás, o "cara" me perguntou se eu sabia o nome dele no fim do nosso passeio. Acredita qie eu não tinha perguntado???<br /><br />É Boris.<br /><br />Ele já me chamou de novo.<br /><br />((Fotos: eu e Boris em East Side Gallery. Ele tirou um monte de fotos minhas, coitado...)juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-61735954752479888452010-01-08T11:43:00.000-08:002010-01-08T15:03:17.632-08:00A substituição do chinês<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhefS8x5EJyXk8DujFbbV_Dq6ZicKpWjuRYJL1FtkyWpSx8Gy6sIXvYDRwmEUbvCYUGXs7sVGyCzJXELtW1aRTuoG6_aJeI4lvywRRmHKx6OER0FFOni-wLFr22_5cxUzWsfQ41Hf3DIbo/s1600-h/100_0437.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhefS8x5EJyXk8DujFbbV_Dq6ZicKpWjuRYJL1FtkyWpSx8Gy6sIXvYDRwmEUbvCYUGXs7sVGyCzJXELtW1aRTuoG6_aJeI4lvywRRmHKx6OER0FFOni-wLFr22_5cxUzWsfQ41Hf3DIbo/s320/100_0437.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424480209279846354" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_1kzT9Zsej8IpOtUkf-y7n5iKbCmDBOZeqgIr_9neAe4bqpusMht3sgGfzn3hSAqm7pZskSXXOtztK0zoUoYQ2S4Ik-QT-DI4MM2DPYirTxvex72BQFOoBLM6lsxxKUrrDe5EUiWVeog/s1600-h/100_0438.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_1kzT9Zsej8IpOtUkf-y7n5iKbCmDBOZeqgIr_9neAe4bqpusMht3sgGfzn3hSAqm7pZskSXXOtztK0zoUoYQ2S4Ik-QT-DI4MM2DPYirTxvex72BQFOoBLM6lsxxKUrrDe5EUiWVeog/s320/100_0438.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424480203036213874" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5N4UdT4iixXQIkqIlMU2BK6yhchMq3tTPHwaC8Tvl_OpFgqrHOZTJ59-b3VO20EId3c4jhjfQhr9T-pY-COMwI-n-8K4rNeidcA159KQRZ0TiGqBWUEuRkuoDjOyZ5OZ43Ds64ePCN-o/s1600-h/100_0450.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5N4UdT4iixXQIkqIlMU2BK6yhchMq3tTPHwaC8Tvl_OpFgqrHOZTJ59-b3VO20EId3c4jhjfQhr9T-pY-COMwI-n-8K4rNeidcA159KQRZ0TiGqBWUEuRkuoDjOyZ5OZ43Ds64ePCN-o/s320/100_0450.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424480193092460274" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5PrYeHpkFW3j3mxaRhqxGKX6bvyIbjBxq0TiR-O7mLVDAOVa7N63lK4tne8h-lOQPn436fsO95iaqrYb6A0XhFLmQVTIV9wLUPmbbiE4BmpwCpcff4Ir8pn1leuXaFBrDK5uYoxhqDQs/s1600-h/100_0447.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5PrYeHpkFW3j3mxaRhqxGKX6bvyIbjBxq0TiR-O7mLVDAOVa7N63lK4tne8h-lOQPn436fsO95iaqrYb6A0XhFLmQVTIV9wLUPmbbiE4BmpwCpcff4Ir8pn1leuXaFBrDK5uYoxhqDQs/s320/100_0447.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424480188676609154" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivnZIfjZGWlmjHIzbiHVwHQ3mmtKuxq1UpuJJ-ad1kzeWHnfRv1aZrnKJuJZWAK6piElRiEGMTnuOmyGshSayr2SA_GT7UGjKyYPm-U_LoTeGxv8mupIokub5Sy31z1scZ6CO0AC6rn2M/s1600-h/100_0443.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivnZIfjZGWlmjHIzbiHVwHQ3mmtKuxq1UpuJJ-ad1kzeWHnfRv1aZrnKJuJZWAK6piElRiEGMTnuOmyGshSayr2SA_GT7UGjKyYPm-U_LoTeGxv8mupIokub5Sy31z1scZ6CO0AC6rn2M/s320/100_0443.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424480180675028514" border="0" /></a><br />Pode parecer pouco, mas comer no chinês virou big deal para mim.<br /><br />Tudo começou ontem, quando liguei para o meu irmão para dar os parabéns (e gastei todos os meus créditos, por isso estou agora ainda mais isolada do mundo - nem receber chamadas eu posso mais).<br /><br />Enfim, a conversa foi meio assim:<br /><br />-Alô (aquele jeito seco dele).<br />-Parabééééééns!<br />-Ô, Ju!! Onde você tá?<br /><br />(Eu tava no chinês pela terceira vez e, como leitor desse blog, assim que eu dissesse que estava lá, ele já saberia que era a terceira vez.)<br /><br />-"No chinês", falei, baixinho.<br />-"Onde?"<br />Decidi mudar estrategicamente: "Em Berlim!!"<br />-"Tá, eu sei. Mas onde, porra!"<br />-"No chinês, no restaurante chinês", já com um tom defensivo de "e daí que eu to aqui??", porque tinha certeza sobre a reação dele. Se fosse outra pessoa, acho não me importaria...<br />-Porra, Juliana (quando me chama de juliana, assim inteiro, é ainda pior)... Não acredito que você tá aí de novo, cara!<br />Eu tentei interromper:<br />-Mas, Fernando, eu to sozinha, com fome, pouca grana, eu só quero comer, só isso!<br /><br />E aí vieram vários argumentos, inclusive sobre a gente viajando com os nossos pais e indo sempre ao mesmo restaurante (...).<br /><br />Enquanto ele falava isso, eu fiquei tão triste que quase comecei a chorar - acho que tava meio sensível ontem! Eu cheguei a falar para ele que pelo menos eu tinha escolhido outro prato que, beleza, também tinha frango, vegetais e arroz, mas dessa vez o molho era apimentado!!! Não adiantou nada.<br /><br />Mudamos de assunto, ficou tudo bem (quer dizer, ele nem soube que eu fiquei mal). Mas voltei para o albergue me sentindo a última das viajantes (traveller?). Principalmente porque eu tinha contado para o Alastair anteontem que esqueci o meu cartão de crédito em Dublin e que a silvia teve que me enviar dinheiro aqui na Alemanha pelo western union e ele falou que eu era a worst traveller ever. Meninos sem coração, não?<br /><br />***<br /><br />Hoje de manhã (uma da tarde, na verdade), as mudanças começaram ao sair do albergue. Em vez de virar à esquerda, fui pela direita! E em vez de pegar o U-Bahn (metrô) Frankfurter Tor, entrei na estação S-Bahn (de trem) Warschauer Str. para ir até Hauptbahnhof, "a maior e mais moderna estação da europa", segundo seu próprio site, para dar uma pesquisada nas passagens para Praga (eu sei que tem a internet para isso, mas sou velha e às vezes não confio muito. Aliás, se tivesse confiado e comprado o bilhete de 60 euros que sai daqui à 00h40 e chega em Praga umas 9h da manhã - o que seria perfeito para mim, porque eu economizaria uma noite de hospedagem -, eu teria me enfiado numa fria (para ser gentil com as palavras).<br /><br />Eu vi no site que o trem pára (não existe mais acento diferencial, né?? ai, céus, não posso voltar pro Brasil depois da mudança ortográfica!!! ai, pronto, achei uma desculpa boa!!!!!) em dez lugares até chegar a Praga, mas só quando eu cheguei no guichê descobri que eu teria, na verdade, que fazer dez baldeações!!!!!!! Imagina que horror!!!!! Acho que eu perderia o ponto em todas! Vou voltar amanhã para comprar porque, como a pessoa mais desorganizada do mundo, esqueci de levar o dinheiro para a passagem! Ainda bem que eu to sozinha! Mas tudo bem, amanhã eu volto e aproveito para visitar a East Side Gallery, que fica bem ali na estação Warschauer Str. Amanhã eu explico que é isso.<br /><br />Bom, a segunda mudança na rotina (depois de mudar o meio de transporte) foi meio forçada. Todos os dias, em vez de pagar os três euros que o albergue cobra pelo café da manhã, eu vou na geladeira e faço o meu próprio com as comprinhas que eu fiz no primeiro dia. Hoje, quando abri a geladeira, surpresa!!! Alguém jogou fora a minha sacolinha!!!! Acreditam????? Como eu sabia que a culpa tinha sido minha por não colar uma etiqueta na sacola (acho isso uó!), fui embora quieta desconfiando de que as bananas que serviram no café da manhã podiam ser minhas!<br /><br />No meio do caminho até a estação, com fome, entrei num restaurante/café que me pareceu bem honesto, já que o hot dog tava um euro! Quando vi o desenho de uma salsicha tosca na porta, acho que meu subconsciente me fez entrar. "Salsicha = comida típica". Mas claro que não ia comer um hot dog no café da manhã (apesar de que aí já tinha passado das 13h!). Então pedi o esquisito croissant recheado com queijo, pepino e tomate (vai que é típico, né?) e a clássica tap water!<br /><br />Bom, depois de descer em Friedrich Str. achando que tava perto do Checkpoint Charlie, tive que caminhar pelo equivalente a duas estações até chegar lá. Apesar de ter os pés congelados pela segunda vez (a primeira foi na cúpuila de Reichstag), gostei bastante do passeio, parece que essa rua é tipo a Grafton, a Oxford St, vai!, daqui. Passei (bem longe) por um monte de lojas top tipo Emporio Armani, Mont Blanc, etc. até avistar o Charlie (!!) naquela foto ridícula que colocaram, gostaria de saber por que, no Checkpoint, único acesso dos membros das forças aliadas à parte leste de berlim e também símbolo da Guerra Fria. Ali tem uma relativamente grande parte (comparado à que eu vi ontem, em frente ao Sony Center) do que sobrou do muro e dá para ver certinho a divisão, interrompida pelo trânsito da Friedricht Str.<br /><br />Bastante coisa sobre a história daquela época tá impressa em uns tapumes que o governo colocou na frente do muro. Bom, depois de passar a tarde no <span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">Mauer Museum Haus am Checkpoint Charlie - claro que ia passar horas lá depois de pagar 12,50 euros para entrar, um absurdo total, sendo que o museu nem é tão legal assim. Não só por ser meio caseiro, mas porque todos os registros históricos (tem até balão e carros usados pelos fugitivos do leste) estão meio desordenados nos quartos desso predinho. Daí do nada tem um puta espaço para o Guernica, do Picasso, começam a falar da guerra civil espanhola... Nada a ver.<br /><br />Um pouco irritada na hora de ir embora, eu descontei tudo no alemaozinho da lojinha de souvenirs do museu. Eu perguntei alguma coisa sobre a East Side Gallery para ele, daí ele, fofo, respondeu com a maior atenção. Daí eu comecei a falar da minha impressão de que os alemães não falam inglês at all (pelo menos em farmácias, supermercados, cinemas e afins, ou seja, onde você mais precisa se comunicar), no que ele rebateu que na Itália é ainda mais difícil. Que que tem a ver, né, mas na hora concordei. Depois falei que todo mundo era meio grosso e estúpido e que ninguém queria muito ajudar. Daí ele concordou e começou a falar de umas mímicas que teve que fazer quando foi para Istambul recentemente. Enfim, amansei e perguntei se ele conhecia um lugar legal para comer (quase convidei ele também, imagiiiiiiiina???????) e daí ele me indicou o Deutsche Kuche - disse que era barato e bem daqui mesmo.<br /><br />Tão daqui que todo o cardápio pendurado do lado de fora tava em alemão e, claro, a dona não sabia falar inglês - e muito menos tinha o cardápio em inglês - diferente de todos os restaurantes turísticos da região. Mas ela foi tão fofaaaaaaa que me mostrou prato por prato nas panelinhas e eu fui escolhendo, mesmo sem saber o que eram aquelas coisas esquisitas. Por isso escolhi batata, bife, cenoura e ervilha! Aí ela colocou um pouquinho de uma gororoba que eu nunca vou saber o que é só para eu provar! Fofa, né? A refeição custou seis euros e valeu a pena, porque tava uma delícia e porque tinha uma montanha de comida no prato.<br /><br />De lá fui no quase histórico Einstein Kaffee, que fica bem em frente ao Charlie. Na verdade eu já tava indo embora quando prestei atenção a um dos tapumes do muro que tinha a foto de uma galera reunida em frente ao prédio desse café no dia da queda do muro, acho. E o no mesmo lugar, naquela época, também tinha um café! Então decidi entrar e acabei tomando o melhor latte ever lendo o finzinho do diário da anne e olhando pro charlie! Lovely!</span></span><br /><br />(Mas amanhã decidi que vou me embebedar em algum lugar)<br /><br />((Fotos 1 e 2: um pouco do <span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">Mauer Museum Haus am Checkpoint Charlie só pra você!!))<br /><br />((Foto 2: </span></span><span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">Olha aí um dos charlies - do outro lado é outro!</span></span><span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search"> E também dá pra ver um pedacinho do Einstein Kaffee no segundo plano))<br /><br />((Foto 3: </span></span><span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">o que restou do muro em frente ao Checkpoint Charlie sob o efeito da luz de uma moto que passou bem na hora!</span></span><span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">))<br /><br />((Foto 4: Se eu passasse outros três dias aqui, acho que poderia virar freguesa! Pobre chuinês...))<br /></span></span>juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6712377471380037070.post-25736092493901696272010-01-07T13:46:00.000-08:002010-01-07T15:29:11.606-08:00Quanta honestidade!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://cecinedeflorandobagos.files.wordpress.com/2007/09/12.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 600px; height: 427px;" src="http://cecinedeflorandobagos.files.wordpress.com/2007/09/12.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwKZ-d_Tjh4lssePgMfi8t8Lt6-ww0HYFCw828h6SnCZwckkxK6YMLmP2ctI14w7pgFvdOOZPGzIbn6H3NmzscTRl4aCSNPs0qNYW0FEGJGd0ybrguNVf2HPCojnYidGtuiu1UqxmbAn8/s1600-h/100_0426.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwKZ-d_Tjh4lssePgMfi8t8Lt6-ww0HYFCw828h6SnCZwckkxK6YMLmP2ctI14w7pgFvdOOZPGzIbn6H3NmzscTRl4aCSNPs0qNYW0FEGJGd0ybrguNVf2HPCojnYidGtuiu1UqxmbAn8/s320/100_0426.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424141372093169170" border="0" /></a><br />Na primeira vez que peguei o metrô aqui em Berlim, confesso que mal reparei na ausência das catracas! Principalmente porque eu vinha cansada de uma baldeação do trem, lá do aeroporto, e o mesmo bilhete é valido para os dois transportes aqui anyway.<br /><br />Mas ontem, quando eu desci as escadas da estação Frankfurter Tor, onde eu to hospedada, para ir para o centro, eu fiquei chocada em já chegar direto na plataforma, sem passar por um controle de bilhetes, nem ao menos por quiosques ou máquinas para comprar a passagem. De repente me vi ali, prestes a fazer uma robatinha sem querer, quem diria!<br /><br />(("Quem diria" porque robatinhas desse tipo rolavam soltas em Dublin e Barcelona, cidade inclusive onde o termo foi criado, mas eram por querer e tinham que ser planejadas))<br /><br />Tive então que andar até o meio da plataforma para tentar copiar alguém comprando um bilhete, porque eu, claro, não quero usar o transporte público daqui sem pagar por ele - ou melhor, não quero ser perseguida dentro dos vagões do metrô por um grupo armado de policiais alemães com a suástica bordada no peito gritando coisas horríveis, imagina que vergonha!!!!!! Por isso, já comprei quatro bilhetes de uma vez, ficava mais barato assim. E pensei que, de qualquer maneira, só de não ter que tirar as mãos do bolso e as luvas das mãos para validar o bilhete uma segunda vez na hora de sair, como tem que ser feito em Londres, já estava ótimo!<br /><br />Mas hoje, quando cheguei na plataforma da Frankfurter Tor de novo - dessa vez com todos os meus bilhetes esgotados -, o meu trem já estava lá, com as portas prestes a fechar. Daí eu nem pensei duas vezes... Basicamente fui corrompida pela sociedade!<br /><br />Tudo bem, vou tentar não fazer mais isso...<br /><br />Mas eu confesso que acho incrível a honestidade dos alemães! Não existe catraca aqui porque não precisa de catraca, as pessoas simplesmente respeitam as leis e estão acostumadas a cumpri-las. Imagina isso no Brasil??? Transporte público de graça todo dia, eeeeeee! (pois é, ainda sou brasileira, não?)<br /><br />A viagem de graça me levou de volta ao Brandenburger Tor e, de lá, voltei para o Memorial do Holocauso. Ontem não tive tempo suficiente para o centro de informações no subsolo, faltavam só quarenta minutos para fechar quando eu cheguei. Mas hoje foi ótimo, fiquei lá por um tempão, chocada com a história de cada família de judeus alemães, holandeses, húngaros, franceses, italianos, poloneses e de cada outra nação invadida pela Alemanha durante a segunda guerra. As fotos são chocantes e o trabalho de pesquisa deles é brilhante. No total foram quase seis milhões de judeus assassinados das maneiras mais brutas e covardes possíveis.<br /><br />De lá dá para caminhar tranquilamente até o Sony Center, na Potsdamer Platz, um conjunto enorme de prédios unidos por uma cobertura envidraçada em formato de tenda onde rola o Festival Internacional de Cinema de Berlim, o Berlinale (que vai ser agora em fevereiro). Além dos cinemas e restaurantes e bares caros demais para o meu budget (um deles se chama Billy Wilder), também fica ali o Museu do Filme, um lugar bem interessante. Vi desde esboços que serviram de inspiração para o set expressionista de "O Cabinete do Dr. Galigari", de 1920 (o filme também fica passando lá), e maquetes para o "Metropolis", do Fritz Lang, até a milhões de fotos da hollywoodiana Marlene Dietrich. A divisão da exposição permanente segue uma coerência histórica legal. Depois ainda fui até o andar de baixo para ver a exposição temporária sobre a atriz <span style="visibility: visible;" id="main"><span style="visibility: visible;" id="search">Romy Schneide, de quem nunca tinha ouvido falar.<br /><br />Ah, finalmente vi os restos do Muro de Berlim hoje! Tem uma parte bem pequena em frente ao Sony Center. Apesar de totalmente deteriorado, ainda é impressionante olhar pra esse pedacinho do muro.<br /><br />Bom, foi isso. Fiquei com vontade de trocar o chinês por um japonês hoje à noite. E os sushis não eram muito caros. Mas, como todos os outros alemães com quem troquei pelo menos duas palavras até agora, a garçonete do japa foi ultra grossa. Eu sei que não é pessoal, só uma questão cultural. Mas voltei pro bom e velho chinês, onde pago 3,50 por uma refeição digna e me tratam muito bem, obrigada!<br /><br />((Foto 1: Cena de "O Gabinete do doutor Caligari"))<br />((Foto 2: Restos do Muro de Berlim na </span></span>Potsdamer Platz))juju-balangandãhttp://www.blogger.com/profile/06527224278161864201noreply@blogger.com0